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Milésimo Parakanã
No dia 22 de dezembro de 2013, na aldeia Itagoá - Terra Indígena Parakanã, por volta das 22 h nasceu o milésimo indígena Awaete Parakanã. Uma menina, filha de Waxoirawa e Kytya Parakanã.
Os Parakanã foram contatados na década de 70 em decorrência da abertura da BR 230, a Rodovia Transamazônica, e que foi posteriormente removido de parte de suas terras tradicionais, em razão da construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí.
As graves e negativas consequências dos impactos causados por esses dois empreendimentos ao povo Parakanã, que convivia com uma taxa de mortalidade de cerca de 20% ao ano, começaram a ser revertidas a partir de 1982 com a implementação de um convênio entre a FUNAI e a Cia. Vale do Rio Doce, com o propósito de mitigar os efeitos da Ferrovia Carajás, o que lhes proporcionou um atendimento de saúde mais efetivo. Porém, os Parakanã permaneciam em completa dependência da FUNAI para a satisfação de suas necessidades, incluindo aquelas mais básicas como a alimentação.
Foi somente em 1987 que teve início a plena recuperação cultural e demográfica dos Parakanã. Nesse ano, antes ainda da existência de uma legislação ambiental que amparasse de forma mais robusta os direitos indígenas frente a grandes empreendimentos, teve início o chamado Programa Parakanã, uma iniciativa da FUNAI e da ELETRONORTE destinada a promover a recuperação em todas as áreas. Esse Programa é integralmente financiado pela ELETRONORTE e conta, desde a sua concepção, com uma equipe altamente preparada na implementação, tendo à frente o indigenista José Porfírio de Carvalho, servidor aposentado da FUNAI.
O Programa
O Programa foi implantado, tendo como objetivos:
- promover a completa regularização fundiária da terra indígena Parakanã,
- proteger seus limites contra todo e qualquer invasor,
- promover a saúde integral dos indígenas,
- recuperar sua capacidade produtiva abandonada em razão das doenças que se seguiram ao contato,
- ampliar o entendimento dos índios Parakanã a respeito da sociedade não-indígena, capacitando-o para o convívio dentro e fora da aldeia por meio de uma escola adaptada à sua realidade.
No início desse trabalho, em 1987, a população era formada por 247 indígenas residentes em duas aldeias. Hoje, os mil Parakanãs, que se organizam em 15 aldeias, já possuem alta expectativa de vida, e caminham rumo à autodeterminação de seu futuro. O Programa, para muito além de promover a devida recuperação demográfica do Povo, foi responsável por evitar a extinção de um grupo étnico.
Na região, ainda são enfrentados muitos problemas ligados a pressões por exploração de recursos naturais que são de usufruto exclusivo dos indígenas. Decorrentes das ocupações que se estabeleceram no entorno da Terra Indígena, esses problemas seguem merecendo a atenção do Poder Público. Contudo, a qualidade de vida desse Povo é muito superior à que se apresentava quando do início do Programa.
A Funai, ainda hoje, atua em estreita parceria com os gestores e executores do Programa, sobretudo na efetivação das ações concretas desenvolvidas na Terra Indígenas Parakanã exercendo ações de monitoramento territorial da área.