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Grupo de Prevenção de Incêndios Aikewara faz balanço de 2014
Colaboração: Juliano Almeida
No último dia 12 de setembro, o Grupo de Prevenção de Incêndios Aikewara (GPI Aikewara) concluiu suas atividades no ano de 2014 na Terra Indígena Sororó, localizada na região Sudeste do Pará. Na ocasião, os membros do GPI, juntamente com representantes da Coordenação Regional do Baixo Tocantins, fizeram uma apresentação dos resultados do trabalho e uma atividade de avaliação aberta a toda a comunidade Suruí-Aikewara da aldeia Sororó.
O GPI Aikewara é composto por 15 indígenas e coordenado por um servidor da Funai e atua desde o ano de 2013 na Terra Indígena Sororó, durante o período de maior incidência de queimadas e incêndios na região, em complementação à atuação de instituições como o Corpo de Bombeiros e o Prevfogo/IBAMA, que também apoiam a iniciativa.
Dentre os resultados apresentados pelo grupo estão a redução do número de focos de calor registrados no interior da Terra Indígena, em relação ao ano de 2012, quando não houve atuação do GPI, o acompanhamento da queima em metade das roças da aldeia Sororó, visitas informativas a mais de 30 imóveis vizinhos à Terra Indígena, produção e plantio de mais de 1.200 mudas e o combate e controle de 03 incêndios florestais.
O grupo realiza atividades voltadas à prevenção de incêndios, como a construção de aceiros em pontos vulneráveis da Terra Indígena, entre eles o trecho da Rodovia BR 153 que atravessa a área, o acompanhamento da queima de roças tradicionalmente praticadas pelos indígenas, o mapeamento e a conscientização dos moradores do entorno no sentido de adotarem procedimentos para uma queima segura, e a produção de mudas para a recuperação de áreas degradadas pelo longo histórico de incêndios florestais. Para realizar esses trabalhos, recebem um treinamento de instrutores da Funai, a partir de uma metodologia elaborada pela Coordenação-Geral de Monitoramento Territorial – CGMT.
Kenedy Vicente, servidor da Funai que coordena as atividades do GPI, destaca a mudança qualitativa na relação entre o Estado, os indígenas e os moradores do entorno da TI Sororó como um dos principais resultados deste trabalho. "A abordagem muda quando a gente não chega para reprimir. Os Suruí e os vizinhos agora se veem de outro modo. Não se percebem como inimigos. A gente vê uma mudança de comportamento nas casas por onde a gente passa, uma responsabilidade maior na hora de usar o fogo".
Esse trabalho surgiu a partir de uma demanda da comunidade indígena Suruí-Aikewara ante os grandes prejuízos ao seu modo de vida provocados pelo sucessivo registro de incêndios florestais na Terra Indígena Sororó ao longo dos últimos dez anos. O último deles, ocorrido em 2010, destruiu em torno de 30% dos 26.258 ha que compõem a área da TI, conforme informações da Gerência Regional do Ibama em Marabá.
A avaliação dos indígenas é de que o trabalho tem funcionado e deve continuar. "Esse trabalho é não só para a nossa comunidade, mas para a nossa Mãe-Terra, que dá nosso alimento", destacou Awatiwai Suruí, um dos membros do GPI. "Essa avaliação é o ponto final deste ano e o início do ano seguinte. Esse trabalho tem que continuar", acrescentou.
Suruí-Aikewara
Os Suruí, como são conhecidos, ou Aikewara, como eles próprios se chamam, são, na atualidade, pouco mais de 400 indivíduos falantes de uma língua do tronco tupi-guarani, localizados na Terra Indígena Sororó e divididos em duas aldeias: Sororó, a mais antiga e populosa; e Itahy, fundada em 2003, próximo ao limite sul da Terra Indígena.
Terra Indígena Sororó
A Terra Indígena Sororó teve sua demarcação física homologada por meio do Decreto Nº 88.648, de 30 de agosto de 1983, com uma área total de 26.258 hectares, distribuídos entre os municípios de São Geraldo do Araguaia, Brejo Grande do Araguaia, São Domingos do Araguaia e Marabá. Ela se apresenta como uma ilha verde em meio a uma malha contínua de pastagens e paisagens degradadas pela intensa ação humana, servindo de refúgio a diversas espécies de animais ameaçados de extinção e abrigando uma das últimas e mais importantes áreas de floresta nativa na região sudeste do Pará.