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Povo Paumari pesca mais de 3.500 quilos de pirarucu
Foto: Equipe CR Médio Purus / Funai
Há cinco anos, o povo Paumari, que vive nas terras indígenas Lago Manissuã, Lago Paricá e Cuniuá, no estado do Amazonas, vem trabalhando na implementação de um Plano de Manejo Sustentável do Pirarucu. Por meio dele, passaram a preservar 23 lagos, realizando o manejo dos peixes e ações de vigilância, evitando a ação de invasores. Em agosto, os indígenas receberam autorização do Ibama para capturar e comercializar 50 peixes adultos e começaram a preparar a ação de despesca.
No dia 17 de setembro, teve início o deslocamento de uma equipe técnica formada por servidores da Coordenação Regional Médio Purus da Funai e membros da Operação Amazônia Nativa (Opan) e do Instituto Piagaçu (IPI), a fim de encontrar os Paumari e viabilizar a primeira despesca manejada de pirarucu. Após uma reunião entre os indígenas, foram escolhidas as áreas para a realização da captura: o Lago Comprido (na TI Paumari do Lago Paricá) e o Lago da Volta (na TI Paumari do Lago Manissuã), com a retirada de 25 unidades em cada um dos lagos.
A equipe de pesca chegou ao Lago Comprido às 13 horas, do dia 21. A captura do primeiro peixe demorou, mas, com o anoitecer, os peixes começaram a ser capturados rapidamente, demandando da equipe de transporte e tratamento um trabalho árduo até a meia noite. Durante a madrugada, foi capturado o maior peixe da atividade com 2,49 metros de comprimento e 180 quilos. A captura foi encerrada no início da manhã do dia seguinte, quando foi capturado o 25º peixe e encerrada a primeira etapa da pescaria. A ação no Lago da Volta teve início na madrugada do dia 23 e durou todo o dia, com a captura do 50º pirarucu, alcançando a cota autorizada pelo Ibama.
Resultados
A pescaria resultou num total de 3.523 quilos de peixe eviscerado, vendido a R$ 7,50 cada quilo, o que totalizou um valor de R$ 26.422,50. Conforme combinado entre os Paumari, cerca de 30% do montante obtido com a venda foram mantidos em caixa para ser reinvestido na atividade de pesca em 2014. O restante foi distribuído igualmente entre os 68 indígenas participantes das atividades.
Segundo os técnicos da Funai, foram identificados aspectos positivos durante trabalho de despesca. Entre eles, a organização e sincronia dos Paumari, que demonstraram grande aptidão à atividade pesqueira, domínio das técnicas e realização de discussões internas para a realização das atividades.
Também foi observado o comprometimento com as regras de manejo e o esforço para a não captura de peixes imaturos, com tamanho inferior a um metro e meio. Durante as pescarias, os Paumari constantemente libertaram peixes acima da medida, porém considerados pequenos por eles. Como a autorização do Ibama previa a captura de 50 espécies adultas, a pescaria foi melhor aproveitada com a captura de peixes maiores.
O Plano de Manejo Sustentável do Pirarucu foi elaborado por meio de um arranjo institucional entre a Funai, a Opan, o Instituto Piagaçu e a Conservação Estratégica (CSF), com apoio do Instituto Mamirauá e iniciado com a elaboração do Plano de Gestão Territorial e Ambiental das três terras indígenas envolvidas (TIs Lago Manissuã, Lago Paricá e Cuniuá). Em 2009, quando teve início o projeto, a contagem registrou 268 unidades do pescado. Em 2013, o número chegou a 1.135.