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Pescadores Pataxó e Tupinambá participam de oficina da Funai sobre Cadeia de Valor do Pescado (2)
Fotos: Luciana Rocha / colaboradora da Funai
Índios Pataxó de Barra Velha/Bugigão e Coroa Vermelha e Tupinambá de Olivença, da Bahia, querem melhorar as condições de pesca, beneficiamento e comercialização do pescado, em busca de maior qualidade na produção. Com esse objetivo, estiveram reunidos com servidores da Funai, na aldeia Coroa Vermelha, em Santa Cruz de Cabrália/BA, entre os dias 11 e 12 de setembro, a fim de desenvolver uma agenda conjunta para as três regiões.
A Oficina sobre Cadeia de Valor do Pescado foi promovida pela Fundação Nacional do Índio -Funai, por meio da Coordenação Regional Sul da Bahia e da Coordenação-Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento, com apoio da Cooperação Técnica Alemã. O encontro apontou as principais dificuldades e oportunidades para a melhoria do Arranjo Produtivo Local da pesca do sul da Bahia. A proposta é envolver um número maior de pessoas e gerar renda para as comunidades. Atualmente 360 famílias indígenas participam de todo o processo.
O acesso à renda é hoje uma realidade nas aldeias onde o consumo de determinados bens e serviços tornou-se uma necessidade. “Os povos indígenas procuram, cada vez mais, comercializar seus produtos no mercado, atuando nas esferas local, regional, nacional e, até mesmo, internacional”, afirma Ivan Stibish, da Coordenação de Fomento à Geração de Renda da Funai. “Para promover a geração de renda e agregar valor aos produtos indígenas, a Funai, com apoio da Cooperação Técnica Alemã, busca mecanismos de suporte a essa produção, identificando experiências indígenas de comercialização de produtos oriundos da sociobiodiversidade brasileira. O objetivo é fortalecer as iniciativas indígenas de comercialização já existentes e encontrar soluções para os desafios encontrados pelas comunidade em sua inserção na economia de mercado”.
Os participantes indígenas consideraram que a oficina trouxe boas perspectivas para o futuro. O trabalho conjunto entre os Pataxó e os Tupinambá também foi comemorado. Durante os trabalhos em grupo, eles desenharam a dinâmica das atividades produtivas já praticadas, a partir da experiência de cada um. As três comunidades realizam a pesca de forma artesanal ou manual, em pequenas embarcações. Até as redes são feitas manualmente. Cada comunidade pesca, em média, 250 a 350 kg/semana.
De maneira geral, o pescado é beneficiado e vendido na própria comunidade ou para pousadas, restaurantes e cabanas de praia. As mulheres coletam mariscos e caranguejos e também participam das etapas de beneficiamento, feito quase sempre no ambiente familiar.
Para os Pataxó de Barra Velha/Bugigão e de Coroa Vermelha,
o plano de melhoria dessa cadeia de valor deve incluir projetos de capacitação e de acesso a fontes de financiamento. Eles precisam de recursos para melhorar a infraestrutura e, consequentemente os padrões de qualidade.
A infraestrutura de beneficiamento também foi apontada como um gargalo para que os Tupinambá consigam melhorar a qualidade do pescado. Mesmo assim, eles já estão fornecendo peixe para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que os envia para a escola da aldeia. Uma conquista comemorada pelos indígenas.
O apoio a atividades econômicas sustentáveis e de acordo com os conhecimentos indígenas é uma das metas da Funai no Plano Plurianual (PPA) 2012-2015, objetivo 0945: Coordenar, promover e apoiar a estruturação de 8 arranjos produtivos locais, com base em cadeias de valor, visando ao estabelecimento de marcas coletivas, certificação de produtos indígenas, acesso aos mercados e geração de renda.