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Seminário para regulamentar a Convenção 169 OIT começa com incentivo a participação social
Fonte: Secretaria-Geral da Presidência da República
Começou hoje (8/3), em Brasília, o “Seminário Convenção 169 da OIT : experiências e perspectivas”, com o objetivo de debater com lideranças e representantes de organizações da sociedade a regulamentação da convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre as consultas aos povos indígenas, tribais e comunidades tradicionais. O evento é promovido pela Secretaria-Geral da Presidência da República e Ministério das Relações Exteriores.
Na abertura do evento, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República reconheceu a dívida histórica do Estado brasileiro com essa importante parcela da população que, segundo ele, durante centenas de anos foi invisível. “O grande mérito da democracia mais recente foi o estímulo para que indígenas, quilombolas e moradores de rua começassem a se manifestar. Nos últimos oito anos houve a participação efetiva desses segmentos na vida social, econômica e política do país”, afirmou o ministro.
“Entretanto o Brasil precisa crescer, precisa construir estradas, hidrelétricas. Tudo isso é necessário, mas seria muito mais fácil o governo cruzar os braços e não construir Belo Monte ou Jirau”, afirmou Carvalho. Ele explicou que o crescimento da economia tirou mais de 32 milhões de brasileiros da pobreza mas que “esse não é um governo que pensa que desenvolvimento se dá a qualquer preço”. O ministro enfatizou a importância do diálogo, do debate, da escuta e de ser verdadeiro nesta interlocução.
A abertura do evento contou com as presenças dos ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores) e Luiza Bairros (Igualdade Racial). Representantes dos quilombolas, índios e comunidades tradicionais também integraram a mesa de abertura do Seminário. Maria de Jesus Ferreira, líder das quebradeiras de coco babaçu do Maranhão, saudou as mulheres presentes e destacou a importância da luta daquelas que estão nas cidades, na capital e nos lugares mais distantes do Brasil. “É nosso dever lembrar de todas as mulheres, especialmente aquelas que já tombaram”, disse.
Já a representante dos índios, Sonia Guajajara, destacou a importância do evento, que segundo ela, “marcará o início de um longo processo de diálogo que não se encerra com o seminário”. De acordo com ela, os índios acreditam na boa intenção do diálogo que ela espera que aconteça com transparência, boa fé e respeito ao processo. Já a representante dos quilombolas, Maria Rosalinda dos Santos, considerou uma conquista fazer parte do processo de diálogo e disse esperar que, de fato, a Convenção 169 possa ser aplicada e respeitada.
Regulamentação
A Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre os povos indígenas e tribais foi ratificada pelo Brasil em 2002 e entrou em vigor em julho de 2003. Os países signatários da convenção se comprometem a consultar os povos interessados quando forem previstas medidas legislativas ou administrativas que os afetem diretamente, garantindo a efetiva participação dos povos indígenas e tribais na tomada de decisões. Falta ainda ao Brasil regulamentar a aplicação da Convenção 169. O atual Seminário visa exatamente subsidiar a elaboração de uma proposta de regulamentação.
Participam do Seminário cerca de 160 lideranças de quilombolas, indígenas e comunidades tradicionais, representantes de entidades de trabalhadores, da sociedade civil, de empresários e especialistas da área. O evento conta com apoio do Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Funai, Fundação Palmares, Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e Incra.
O Seminário Convenção 169 da OIT, com exceção das reuniões dos grupos de trabalho, está sendo transmitido ao vivo pela internet no endereço: http://www.oit.org.br/c169/