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Indígena Umutina se torna cacique por ter se consagrado a melhor atiradora de arco e flecha
A indígena Creuza Assoripa Umutina, é a primeira mulher indígena a ocupar o posto de cacique numa aldeia no Brasil. Uma mulher valente e determinada, com o sonho de trazer melhorias para seu povo, conquistou o respeito e admiração por ter se consagrado a melhor atiradora de arco e flecha. A fama refletiu-se em votos nas urnas de um processo eleitoral que a elegeu em 2004, primeira mulher a ocupar o mais alto posto da aldeia, até então só ocupado por homens.
Segundo a Cacique Creuza, o primeiro título recebido como a melhor atiradora indígena de arco e flecha – atividade tradicionalmente ligada ao sexo masculino, foi em 1988 , quando ela participou de um torneio na Chapada dos Guimarães (MT), competindo com índios e não índios. "O alvo era um peixe, eu podia fazer cinco tiros e fiz a maior soma de acertos na área do alvo", conta.
Ao substituir o ex-cacique Valdomiro Kalumizore, seu maior ídolo e incentivador para o esporte e para a política, Creuza logo começou sua luta em favor da comunidade. Em sete anos de liderança, a cacique conseguiu trazer muitos benefícios para a aldeia. Conseguiu levar energia elétrica, garantiu à única escola de ensino médio com professores indígenas e com 20 computadores ligados à internet. Creusa também conseguiu melhorar a área de saúde. Uma parceria com a Funasa garantiu atendimento médico in loco.
Creuza Umutina explica que para desempenhar a função de cacique, é preciso ter determinação e muita coragem, para enfrentar os problemas do cotidiano e lutar pelos interesses do seu povo. " Eu sei qual é o meu papel na comunidade, por isso, eu encaro os desafios de frente e não desanimo".
Ela ainda explica que o apoio das instituições é fundamental para se obter resultados positivos. "Eu não posso fazer nada sozinha, eu conto com a ajuda dos parceiros envolvidos com a política indigenista, e a Fundação Nacional do Índio (Funai), é uma instituição com quem eu posso contar, ela confia no meu trabalho e na medida do possível ela tem sempre nos atendido", declara a cacique.
O esporte fez toda a diferença na vida desta mulher guerreira. "O esporte mudou minha vida, me trouxe respeito e dignidade, eu vou praticá-lo ate ficar velha". Hoje a cacique de 47 anos, filha de mãe Bororo e pai Umutina, mãe de cinco filhos e avó de oito netos, lidera um grupo de 480 indígenas na aldeia Umutina, município de Barra do Bugre, no Mato Grosso.
Nos Jogos dos Povos Indígenas, que acontecem até o próximo dia 12, em Porto Nacional (TO), o povo Umutina tem a representação de 35 atletas comandados pela cacique Creuza. Os atletas disputam arco e flecha, cabo de força, arremesso de lança, futebol, natação e corrida.