Notícias
Aldeia Marãiwatsédé comemora contrato para construção de casas
"Estamos ainda manifestando, satisfeito, contente. Grande alegria que estamos sentindo". Com essas palavras o cacique Xavánte Damião Paridzané resumiu o estado de espírito da comunidade após a assinatura do contrato para construção das 40 primeiras casas interculturais na Terra Indígena Marãiwatsédé, na última sexta-feira, 11. Ele ressaltou que a construção dessas casas é "muito importante, porque dentro da área é a situação mais difícil arrumar palhas e madeiras para construir as casas. Lá não tem coco de babaçu para tirar palha, só buriti, e estão se acabando. Então é muito importante pra nossa comunidade".
As construções, de alvenaria, seguem o conceito de casas ecológicas e têm arquitetura diferenciada, preservando as formas tradicionais de habitação Xavánte. "A casa é de material, mas simboliza a tradicional. É redonda, com telha vermelha como se fosse a palha de babaçu, que se usava para construir casa", explicou José de Arimatéia Tserenhitomo, liderança indígena da região. "Tem o bem estar da família também. A casa atual é coberta de lona. É muito fácil furar ou apodrecer. A chuva pinga dentro de casa, a gente não consegue dormir. Tem muitos insetos", acrescenta, relatando ainda a difícil condição da aldeia: "a nossa tradição de construção de moradia está devastada. Não índios destruíram as matas, o que é necessário para construção de casa. Só vemos capim na nossa frente. Quando viramos pra trás também vemos capim. Com a construção das outras 45 que ainda vamos assinar, acho que vai melhorar muito a nossa vida".
Cada casa tem 58 m2 e vai abrigar de 12 a 15 pessoas de uma mesma família, segundo o cacique Damião. Para Renato Sanches, arquiteto e servidor da Funai que faz parte da equipe que elaborou o projeto, "o grande mérito foi a parceria da autoria da proposta com pessoas que já vinham pensando uma solução para as moradias Xavánte". Uma dessas pessoas é o padre Zacarias, missionário salesiano da prelazia de São Felix do Araguaia, que também estava presente. "Padre Zacarias esteve durante 40 anos convivendo com os Xavante e já vinha pensando uma solução arquitetônica junto com um arquiteto italiano. Só fiz abrasileirar o projeto", conta.
O valor total das construções é de aproximadamente R$ 1 milhão. Os recursos foram divididos entre a Funai (R$ 575,9 mil), a Coophirs (R$ 5,8 mil – contrapartida) e o Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR), da Caixa Econômica Federal (R$ 480 mil). As obras iniciam logo após a assinatura do contrato, com a compra dos materiais, e devem ser concluidas em seis meses.
Assinaram o contrato para construção das casas a diretora de Proteção Territorial, Maria Auxiliadora Cruz de Sá Leão, representando o presidente da Funai; o superintendente da Caixa Econômica Federal de Cuiabá (MT), José Luis Dias; e o presidente da Cooperativa de Habitação Indígena da Região Sul (Coophirs), Leomar Douglas Ribeiro. Entre as autoridades presentes, o secretário de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República, Paulo Maldos; o prefeito de Bom Jesus do Araguaia(MT), Aloísio Irineo Jakoby; e Dom Leonardo Ulrich Steiner, bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, levando mensagem de Dom Pedro Casaldáliga, que não pôde ir, por estar doente. A festa contou com a participação dos 830 indígenas da aldeia, que comemoraram com cantos e danças.