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Índios Kayapó receberão galpão para armazenar produção de castanha do Pará
A Fundação Nacional do Índio (Funai), o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e a Secretária de Desenvolvimento Territorial (SDT) firmaram Termo de Cooperação Técnica que prevê a construção de dois galpões no Município de Tucumã/PA, para o armazenamento da Castanha do Brasil produzida por cinco comunidades da terra indígena Kayapó (Kikretum, Moikarakô, A´Ukre, Krokaimaro e Pukararankre). O acordo foi publicado nessa quarta-feira (09), no Diário Oficial da União (DOU), Com a construção dos galpões, os indígenas poderão armazenar de forma adequada a produção da castanha, que terá a capacidade de estocagem em cerca de 230 toneladas de castanha in natura.
Os produtores poderão deixar a castanha armazenada durante o período necessário para sua posterior comercialização e, desta forma fortalecer essa iniciativa de geração de renda, baseada na exploração sustentável de um recurso florestal não madeireiro. Após a castanha ser coletada, lavada e secada, os índios terão que viajar de 4 a 5 horas através de barco para levar a produção até o galpão. Com o armazenamento, os Kayapó poderão barganhar um valor mais justo pelo produto.
Os galpões serão construídos seguindo as orientações de pesquisadores da Embrapa e da Secretaria de Extensão Agroflorestal, de modo a garantir à boa qualidade da castanha, evitando, principalmente, a proliferação de fungos produtores de aflatoxinas. (As aflatoxinas são um grupo de micotoxinas produzidas por muitas das espécies do fungo Aspergillus. Desenvolve de forma rápida, atingindo níveis altíssimos em ambientes favoráveis com temperatura e umidade ideais.)
A comercialização de produtos florestais não madeireiros tem sido considerada uma das alternativas mais promissoras para conciliar a geração de renda e o desenvolvimento local das comunidades que vivem nas florestas. Entretanto, existem ainda muitos desafios por grande parte das comunidades indígenas para estruturar as etapas da cadeia produtiva de forma a agregar valor ao produto explorado e garantir a sustentabilidade de sua exploração.
A coleta da castanha é uma atividade tradicional dos Kayapó e, há mais de 15 anos, a exploração comercial também vem sendo realizada, tornando-se uma das principais fontes de renda de muitas comunidades. Porém, na maioria das comunidades, a castanha tem sido comercializada com baixa agregação de valor. Desta forma, o apoio a iniciativas que visem agregar maior valor a este produto, contribuindo para a melhora da qualidade de vida das populações Kayapó, representa uma importante estratégia para reduzir a vulnerabilidade destas comunidades ao envolvimento com atividades ilegais e predatórias, como a venda de madeira e o garimpo. E para conter essa vulnerabilidade a Funai conta com o apoio da Associação Floresta Protegida, organização indígena parceira, que vem apoiando o desenvolvimento de iniciativas de manejo e comercialização de castanha nas comunidades Kayapó.
O recurso disponibilizado para a construção dos galpões, será aplicado ainda este ano, através da compra do material e o pagamento de mão de obra. A previsão é de que a obra seja concluída até julho de 2011 e vai atender cerca de 2.500 mil índios Kayapó que vivem na região.