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Funai, UNICEF e parceiros juntos na prevenção da transmissão vertical de DST/HIV/aids
Belém, 20 de outubro – O UNICEF, em parceria com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Fundação Nacional do Índio (Funai), governos estaduais e municipais, realiza entre outubro e novembro oficinas de Prevenção da Transmissão Vertical de HIV e Sífilis em Comunidades Indígenas. O Pará abre a rodada de oficinas, entre os dias 20 e 22 de outubro, seguido do Amapá, entre os dias 25 e 29 deste mês. Tocantins e Mato Grosso vão realizar as oficinas em novembro.
O HIV pode passar da mãe para o bebê durante a gestação, parto ou amamentação. Porém, a transmissão vertical (de mãe para filho) pode ser evitada com a prevenção no pré-natal. Daí a importância de garantir acesso ao teste de HIV para todas as gestantes e assegurar o tratamento adequado para as soropositivas, assim como para seus bebês.
A primeira oficina acontece no Hotel Beira Rio, em Belém, e será um importante momento para realizar o levantamento de como está a implementação do teste rápido de HIV nos municípios. O UNICEF e a Funasa (Área Técnica de DST/Aids e Hepatites Virais) vão implantar, nos Estados do Pará, Amapá, Tocantins e Mato Grosso, o teste rápido de sífilis para comunidades indígenas. Essa é uma iniciativa inédita no País.
Na primeira rodada de capacitações, gestores e técnicos de saúde da Funasa, do governo do Estado e de 18 municípios do Distrito Especial de Saúde Indígena Guamá-Tocantins (DSEI Guatoc), no Pará, vão ser capacitados em abordagem sindrômica e teste rápido de HIV e sífilis. Equipes multidisciplinares que atuam nas aldeias do DSEI Guatoc, secretários municipais de Saúde e coordenadores de maternidades municipais estão entre os participantes dessa primeira rodada.
Segundo dados epidemiológicos e resultados consolidados pelo Departamento de Saúde Indígena (Desai) da Funasa, até dezembro de 2005, havia 150 casos de aids notificados na população indígena adulta, 13 casos em crianças e 54 casos de gestantes HIV + notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan – entre 2001 e 2005), sendo as mulheres um segmento bastante afetado, correspondendo a 43% dos casos de aids notificados.
As etnias presentes na área coberta pelo DSEI Guatoc são: Amanaye, Anambe, Assurini, Atikum, Gavião, Guajajara, Guarani, Hixkaryana, Kaapor, Kaingang, Karajá, Katuena, Kaxuyana, Kayapó, Krikati, Munduruku, Parakanã, Suruí, Tembé, Timbira, Tiriyó, Wai Wai, Wapixana, Wayana, Xerente, Xereu, Xicrin, Zohé. A população dessas etnias, de até 29 anos, é de 6.871 pessoas.
Sobre abordagem sindrômica: Em 1991, a Organização Mundial da Saúde (OMS) introduziu o conceito de abordagem sindrômica para atendimento do paciente com DST em países em desenvolvimento. O método consiste em incluir a doença dentro de síndromes pré-estabelecidas, baseadas em sintomas e sinais, e instituir tratamento imediato sem aguardar resultados de exames confirmatórios. No Brasil, desde 1993, o Programa Nacional de Controle a DST/aids recomenda a abordagem sindrômica para tratamento dos doentes com alguma DST.
Sobre teste rápido: No Brasil, estima-se que 600 mil pessoas vivam com o vírus da aids, o HIV. Porém, o mais alarmante é que 250 mil ainda não sabem do próprio diagnóstico. O diagnóstico precoce do HIV/aids é decisivo para melhorar a resposta ao tratamento, salientam os médicos especialistas. Buscando melhorar o acesso da população, foi desenvolvido um kit de teste rápido de HIV, que fornece o resultado em 30 minutos. Um segundo kit de teste rápido de sífilis também foi desenvolvido. Para ambos é obrigatório que as equipes de saúde sejam treinadas, pois a realização desse tipo de teste segue alguns critérios de utilização.