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CE: Indígenas comemoram nova estrutura da Funai
Mais de dois mil indígenas, reunidos na aldeia Lagoa, Terra Indígena Tapeba, receberam o presidente da Funai, Márcio Meira, para comemorar a instalação da Coordenação Regional (CR) da Funai em Fortaleza e a criação do Comitê Regional, a partir do Decreto nº 7.056. Na quarta-feira (19), Meira esteve pela manhã com o governador do Ceará e na sede da CR Fortaleza, com os servidores e todas as lideranças indígenas do estado. Na parte da tarde, a programação incluiu visitas a duas escolas recém inauguradas, nas quais aplica-se o ensino diferenciado indígena, uma casa das oito construídas recentemente pela Funai e, por fim, a grande festa realizada na aldeia dos Tapeba.
A indígena Ceiça Pitaguari, em nome de seu povo, disse considerar um grande avanço a nova estrutura da CR Fortaleza, com suas Coordenações Técnicas Locais e Comitê Regional, que garantem a participação da população indígena no planejamento das ações da Funai, de acordo com as realidades locais. "A partir de agora nós vamos caminhar lado a lado, nem índio na frente, nem Funai atrás, nem índio atrás, nem Funai na frente. Vamos juntos dar a dignidade que o povo indígena do Ceará merece", declarou.
Márcio Meira afirmou que as mudanças realizadas cumprem com os compromissos assumidos para fortalecimento da instituição em todo o país, estabelecendo um caráter mais democrático, com a garantia de participação das comunidades indígenas. "Essa reestruturação ampliou a presença da Funai no território brasileiro, principalmente em alguns lugares onde a Funai não estava mais presente ou nunca tinha estado lá. No caso da Coordenação de Fortaleza, incluímos os estados do Piauí e Rio Grande do Norte, que nunca foram incluídos porque se dizia que não havia índios, e a Funai, hoje, reconhece a existência de indígenas nesses estados", explicou Meira. O presidente da Funai esclareceu ainda que a atuação do órgão não deve se limitar às terras indígenas reconhecidas oficialmente. "Os indígenas devem ter seus direitos garantidos e tem que ser respeitados, inclusive, nas cidades. A região aqui foi priorizada na nova estrutura porque a Funai estava muito ausente, ou precária", concluiu.
Para a Cacique Pequena, da etnia Jenipapo-Kanindé, uma das lideranças mais antigas, considerada a primeira cacique mulher do Brasil, a Funai superou as dificuldades encontradas para desenvolver suas atividades no Ceará. "Hoje temos posto de saúde, CRAS (Centro de Referência e Assistência Social), escola, água encanada nas casas e desenvolvemos atividades comerciais em galpão de artesanato e turismo. Agora gostaria de pedir ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que ele deixe demarcada a terra indígena Lagoa Encantada", reclamou a cacique. O presidente da Funai afirmou que, esse ano, a Funai continuará buscando solução para a demarcação de todas as terras indígenas do Ceará. "O nosso compromisso é dar continuidade, mas muitas vezes a Justiça paralisa os processos, atrasando as demarcações", alertou Meira.