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Arco de Fogo combate crimes na Terra Indígena Aripuanã
Mais uma vez a Operação Arco de Fogo entra em ação. A Polícia Federal, Funai, Ibama e Força Nacional uniram suas forças para reprimir crimes ambientais no Parque Indígena do Aripuanã/MT. O Ministério do Trabalho e Emprego também participa da ação para investigar casos de trabalho escravo. A atividade envolve ações de fiscalização, de planos de manejo (extração legal de madeira), medição do produto em pátios de madeireiras, para verificação da legalidade da madeira vendida e mantida em depósito e, nas estradas, fiscalização do transporte.
A operação teve início na quinta-feira (07), nas aldeias Paralelo 10 e Flor da Selva, em Aripuanã, próximo ao distrito de Conselvan/MT. Nessa operação, a Polícia Federal está dando cumprimento a oito mandados de prisão preventiva e a oito mandados de busca e apreensão expedidos pelo Juízo da 5ª Vara Federal de Cuiabá. Foram presas seis pessoas por extraírem madeira ilegalmente da terra indígena onde vivem os índios da etnia Cinta-Larga. Dentre os presos estão fazendeiros, grileiros e madeireiros da região. Na apreensão, foram encontradas inúmeras documentações, as quais serão oportunamente analisadas pelos investigadores e peritos da Polícia Federal, em Juína/MT. A ação foi comandada pelo delegado Mario Luiz Vieira e pelo Chefe da Divisão de Controle e Fiscalização do IBAMA em Juína.
Dentre os resultados das investigações, foram flagrados 10 caminhões carregados de madeira saindo da área indígena Aripuanã, da etnia Cinta Larga e foram presas 15 pessoas e apreendidos quatro tratores e 10 caminhões. Os coordenadores da Operação Arco de Fogo aguardam autorização do Juiz Federal da 5ª Vara para realizar leilão judicial e reverter o dinheiro arrecadado em programa para as comunidades indígenas atingidas. A Coordenação Geral de Monitoramento Territorial da Funai (CGMT), disponibilizou 138 mil reais para a realização dessa ação.
Paralelo à repressão do crime ambiental, em que indígenas são aliciados para a atividade ilegal de extração da madeira, a Funai vem apresentando alternativas econômicas às comunidades, por meio do extrato da borracha. Com 800 kits adquiridos para a extração da seringa, a produção da borracha Cernambi Virgem Prensada (CVP) está sendo realizada em várias aldeias Cinta Larga. Desde o início da produção em setembro, estima-se que foram comercializadas 2 toneladas de borracha natural.
Para o Coordenador Regional de Juína, Antônio Carlos Ferreira, com essa alternativa econômica os índios poderão ter uma renda de forma lícita. "A venda da madeira era um lucro falso, com extrativismo da borracha, será uma forma de resgatar a identidade cultural, e com a venda da borracha e castanha, os próprios índios irão colocar a mão na massa, e vão dar valor a cada gota de suor" , declara o coordenador. A operação ainda está em andamento.
História
O nome "Cinta Larga" foi designado pelo fato de os indígenas utilizarem uma faixa da entrecasca de tauari na altura da cintura. Oc Cinta Larga se autodenominam Panderej, que significa "nós somos gente ou pessoas humanas".
Nos anos 50 ocorreram os primeiros contatos com os não-índios, e foram marcados pela violência, através da frente extrativista, que penetrou em seu território em busca de riquezas e seringais. Os Cinta Larga vivem no noroeste do estado do Mato Grosso, Rondônia, nas Terras Indígenas Roosevelt e Serra Morena, Parque Aripuanã e Juína, sendo todas demarcadas.
Falam a língua pertencente ao tronco Tupi, da família linguística Mondé. De acordo com dados das Coordenações Regionais de Cacoal e Juína, são aproximadamente 1700 indígenas distribuídos nas Terras Indígenas Roosevelt, Serra Morena, Aripuanã e Parque do Aripuanã, nos estados de Rondônia e Mato Grosso.
Com a demarcação de suas terras pela Funai e sua posterior homologação pelo Presidente da República, os Cintas Largas puderam viver um tempo de paz, porém vêm enfrentado constantes invasões em suas terras por garimpeiros de diamantes e madeireiros em busca de suas riquezas naturais.