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Novidade no vestibular para indígenas da UNB: vinte vagas divididas entre primeiro e segundo semestre
O vestibular para indígenas, realizado pela Universidade de Brasília (UNB), no dia 17 de janeiro, teve 459 inscritos de 61 etnias diferentes. As provas foram aplicadas pelo CESPE-UnB nas cidades de Belém, Rio Branco, Porto Velho, Brasília, Governador Valadares, Maceió e João Pessoa. O número de inscritos, embora pouco menor que em 2008, esteve dentro das expectativas da Funai. O Coordenador de Apoio Pedagógico da Coordenação-Geral de Educação, Gustavo Menezes, ressalta que "o índice de abstenção que ficou em 37% não surpreendeu, esteve dentro do esperado devido as dificuldades de locomoção entre a aldeia e o local onde a prova é realizada".
Ao contrário dos anos anteriores, quando foram oferecidas apenas 10 vagas, neste vestibular a UNB disponibilizou 20 vagas para os cinco cursos. O mais procurado foi o de Medicina com 160 indígenas, seguido de Enfermagem e obstetrícia com 91, Nutrição 84, Engenharia Florestal 75 e Agronomia com 49 inscritos. As etnias com mais candidatos foram Fulni-ô com 57, Potiguara 52, Tupinikin 39, Xavante 36, Atikum 30, Terena 22 e 18 da Pankará. O resultado do vestibular será divulgado no dia 20/02/09 e as matrículas deverão ser feitas no final de fevereiro. Os cursos terão início em março.
Aos estudantes aprovados, que vêm de fora de Brasília, a Funai disponibiliza R$ 900,00 que servem para custear gastos com alimentação, transporte e habitação e, ainda, uma passagem anual de ida e volta para sua comunidade. Para os que moram em Brasília, o auxílio é de R$ 350,00. Cabe à UNB oferecer aos estudantes acompanhamento psicológico, monitoria e facilidade para aquisição de livros. O Coordenador, Gustavo Menezes, afirma que "os estudantes indígenas têm apoio para ter sucesso, mas o desempenho deles é fundamental". Ele destaca ainda que "os estudantes indígenas, tal como os afro-descendentes, têm muitos desafios, dentre eles, a distância de seus familiares, que ficam nas aldeias e, o preconceito por parte de alguns alunos e mesmo professores". Durante o curso, os estudantes são incentivados pela Funai a desenvolver projetos em sua área de atuação, junto às suas comunidades e precisam apresentar relatório semestral contento uma auto-avaliação. "Como o programa não é para benefício individual espera-se que reflita em benefício do seu povo, sua comunidade. Tenta-se desenvolver esse compromisso. Ter sucesso na universidade é a grande meta da CGE", afirmou o Coordenador.
O Convênio de Cooperação entre a Funai e a Fundação Universidade de Brasília (FUB) foi criado em 2004 e tem como finalidade o desenvolvimento e a implementação de medidas e atividades de ação afirmativa, objetivando à formação e qualificação de profissionais e especialistas indígenas, buscando a melhoria de co
ndições específicas de sua vida e de seus povos e comunidades. O primeiro vestibular ocorreu no ano de 2006 e atualmente o programa serve como modelo para inspirar outras instituições a exemplo das Universidades Federais do Mato Grosso, Goiás, Tocantins, São Carlos/SP e Paraná.
O programa da FUB se encaixa num contexto maior de acesso do indígena ao ensino superior como um todo. O processo de inscrição é bastante rígido e usa critérios internacionais (convenção 169 da OIT) e nacionais. Dentre eles, o candidato precisa apresentar uma auto-declaração atestando ser indígena e ainda uma declaração da etnia obtida por meio das lideranças ou representantes da comunidade.