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Jovens indígenas elegem representantes para a CNPI e CONJUVE
"Só quem entende de farinha venha peneirar aqui. Para fazer a farinhada, muita gente eu vou chamar" Melvino Baniwa
Foi de forma descontraída que, na tarde desta quinta-feira (26/11), foram iniciados os trabalhos do Seminário Nacional de Juventude Indígena. Reunidos em uma grande roda, povos de várias regiões do Brasil juntaram suas vozes para cantar e, acima de tudo, reivindicar um espaço cada vez maior na construção de políticas públicas para a juventude.
Cerca de 50 jovens participaram da sessão que, ao final do dia, nomeou um titular e um suplente para representar os jovens indígenas na Subcomissão de Gênero, Infância e Juventude da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI) e um titular para o Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE). *
Para compor a mesa de discussão, foram convidados três representantes da CNPI: Terezinha Maglia, secretária executiva, Léia do Vale, da Funai e Korralue Karajá, representante indígena. Também participou da mesa Alex Nazaré, secretário nacional da juventude.
A apresentação dos palestrantes focou-se na explicação do que é a CNPI: sua importância, estrutura de funcionamento e a divisão em dez subcomissões, com destaque para a de Gênero, Infância e Juventude.
Terezinha Maglia iniciou as falas da mesa reforçando que a Comissão é uma conquista dos povos indígenas que, durante muitos anos, a idealizaram. "Com a CNPI, não se faz mais política para índios, mas com os índios", afirma.
A CNPI existe desde 2007 e, a partir de então é direito dos povos indígenas. Korralue Karajá, entretanto, ressalta a importância de uma participação efetiva nesse espaço conquistado. "Na Comissão nós temos a oportunidade de discutir de igual para igual com o governo. É por isso que eu peço que vocês estudem cada vez mais, para multiplicar nosso movimento e torná-lo mais forte", Korralue se dirige aos jovens.
Após a apresentação dos palestrantes, os jovens tomaram o microfone e mostraram o quanto estão empenhados em disputar os espaços de poder, de participação política. Dirigiram perguntas aos expositores, mostraram-se atentos às propostas para inserção da juventude e também preocupados com o real alcance dessas políticas nas comunidades.
"As pessoas da base não conhecem a CNPI, não sabem o que está sendo encaminhado. Não é tirando o mérito, mas acho que tem de ser pensada uma forma de realmente socializar essa política", defende Rony Paresi/MT. Em resposta, Terezinha concorda que há muito problema para ser resolvido. Diz que a Comissão ainda está engatinhando e que a participação de cada um é muito importante nesse processo.
Pouco antes da votação para os representantes da CNPI e CONJUVE, Alex Nazaré lembrou aos jovens que, o escolhido deverá falar não só por sua etnia, mas por toda a juventude indígena. Felizmente, a união dos jovens não é problema. Desde o início do Seminário eles mostraram que, juntos, vieram para fazer história.
Concorrentes para representante na CNPI:
Anderson Suruí/RO
Tuynake Karajá/TO
Tanielson Potiguara/PB
Narubia Karajá/TO
Joao Gilberto/MT
Marcio Kokoy
Concorrentes para representante na CONJUVE:
Dnamam Tuxá/BA
Athaid Guarani/SP
Délio Dessano/AM
Giovani Paresi/MT
João Terena/MS
Narúbia Karajá/TO
Resultado Final:
Titular na CNPI com 20 votos: Anderson Suruí/RO
Suplente na CNPI com 17 votos: Marcio Kokoy
Titular na CONJUVE com 31 votos: Dnamam Tuxá/BA