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Indígenas participam de oficina de gestão ambiental
Fonte: Agência Pará de Notícias
De 15 a 17 de outubro, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) promoverá a 1ª Oficina de Capacitação em Diagnóstico e Gestão Ambiental Indígena Participativa. O evento tem parceria da Fundação Nacional do Índio (Funai) e será realizado no Centro Educacional Sagrada Família, em Ananindeua, nordeste do estado.
O presidente da Emater, Williamson Lima (Zuca), estará presente na cerimônia de abertura, marcada para às 8 horas. A programação da oficina inclui palestra de um renomado pesquisador paulista, o antropólogo Alexandre Goulart.
Serão trinta participantes, entre técnicos da Emater e Funai, além de 10 lideranças indígenas representando diversas tribos (Tembés, Xicrim e Anambé, entre outras) de nove municípios: Paragominas, Capitão-Poço, Tomé-Açu, Moju, Itupiranga, Conceição do Araguaia, Marabá, Parauapebas e Água Azul do Norte.
O tema central é a adaptação de metodologias para o trabalho de assistência técnica e extensão rural em aldeias. "O trabalho da Emater com indígenas não é mecânico nem padronizado conforme os níveis dos agricultores convencionais. É necessário sempre levar em consideração as características étnicas de cada grupo, o processo de organização socioeconômica e o grau de inserção na sociedade branca", explica a socióloga Graça Amaral, da Emater.
Segundo ela, a proposta mais importante da oficina é constituir o primeiro passo para a construção democrática e científica de um modelo que possa nortear o trabalho dos extensionistas nesse sentido. "Para que, a partir desse modelo, os extensionistas possam avaliar inclusive a subjetividade da relação dos índios com a agricultura, já que, entre eles, geralmente a natureza tem sentido afetivo-religioso e alguns cultivos são sagrados. Uma das mais evidentes diferenças entre agricultores tradicionais e índios é que, para a sociedade branca, a economia é a ciência da escassez, enquanto para os índios é a da abundância, do compartilhamento, da coletividade", complementa.
A Emater atende hoje cerca de 100 famílias indígenas de mais de 10 aldeias - que, na maior parte dos casos, plantam milho e mandioca, além de viverem da pesca, da caça e do extrativismo. A maioria teve a produção atingida por grandes projetos e atividades de pecuária e mineração de terceiros, que desestabilizaram o equilíbrio ambiental do qual provinha uma primeira fartura de frutas e peixes.
Os projetos todos são de apoio à subsistência, com vistas à segurança alimentar e preservação da cultura, às vezes com possibilidade de comercialização. "A ideia não é desestruturar as tradições, é justamente o contrário: dar suporte para que elas continuem", diz Graça Amaral.