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Indígenas fazem reivindicações na Conferência de Educação Belém
Indígenas de 30 etnias participam, no Parque dos Igarapés, em Belém, da segunda conferência regional do Pará sobre educação escolar indígena, aberta na noite de segunda-feira, 10. O encontro termina na noite de sexta-feira, 14. A outra conferência regional aconteceu em Marabá. Os dois encontros são preparatórios para a conferência nacional sobre o mesmo tema, prevista para o período de 21 a 25 de setembro, em Brasília.
Durante a solenidade de abertura, indígenas de várias etnias reclamaram da qualidade do ensino oferecido pela Secretaria de Educação do Pará, que, segundo eles, deveria ser diferenciado e respeitasse as diversidades culturais. Entre os descontentes estava o cacique Kayapó Paulinho Payakan, que representou as Organizações Indígenas.
Os indígenas acrescentam que, além da estrutura inadequada, os índios são regularmente prejudicados por falta de material didático, de salas aulas adequadas, professores e, principalmente, do ensino médio.
"Vamos cobrar providências da Seduc. Na nossa aldeia (Tekohaw) existem duas saletas para mais de 200 alunos. Tem aula de manhã, na hora do almoço, à tarde e à noite. Quarenta e oito indígenas estão sem estudar por falta do ensino médio", revela o cacique Sérgio Tembé. Ele acrescenta que a Seduc prometeu e ainda não cumpriu a implementação do ensino médio na área do Tekohaw, que integra a Reserva Indígena Alto Rio Guamá e está localizada na divisa do Pará com o Maranhão.
Na avaliação de Vera Lúcia Reis, que chefia o Setor de Educação da Administração da Funai em Belém, as conferências regionais são boa oportunidade para que os indígenas também possam expor, para os próprios técnicos da Seduc, as necessidades de suas aldeias relacionadas à educação.
"Isso deve facilitar a tomada de providências imediatas, além das propostas que serão levadas à Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena, para que as necessidades dos indígenas paraenses em relação ao ensino sejam atendidas. O importante é que as propostas que serão apresentadas na conferência foram discutidas pelos indígenas em encontros internos, em cada aldeia, após os quais foram escolhidos os delegados para as conferências. Portanto, expressam a vontade da maioria", enfatiza Vera Lúcia.
O indigenista e historiador André Ramos - que atua na Coordenação Geral de Educação Indígena da Funai, em Brasília, e que representa o presidente do órgão, Márcio Meira, na conferência de Belém – avalia que "a qualidade do ensino (nas aldeias) não atende às necessidades dos indígenas porque não considera suas diferenças culturais". Ele diz que o suporte técnico disponibilizado pelas secretarias de Educação nos estados também deixa muito a desejar.
Participam da Conferência Regional de Educação Escolar Indígena de Belém indígenas das etnias Xipaya, Curuaia, Parakanã, Arauweté, Juruna, Assurini, Xicrin, Tembé, Wai-Wai, Kayapó, Xeréu, Wapixana, Hixkariana, Koyana, Manayana, Toriyó, Kaxuiana, Tunayana, Tapuia, Arapyu, Tapajó, Jaraqui, Apiaká, Cara Preta, Tupaiú, Tupinanbá, Mayatapú, Cumaruara, Arara Vermelha e Munduruku.