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Indígenas capacitados em combate a incêndios florestais atuam na T.I. Utiariti
Brigadistas indígenas de quatro etnias estão em plena atividade no combate ao incêndio que consome parte do território da Terra Indígena Utiariti, localizada nos municípios de Campo Novo do Parecis e Sapezal, no Mato Grosso. Ainda não é possível definir a origem do incêndio e avaliar os estragos causados. Os brigadistas chegaram ao local do incêndio na noite de segunda-feira (03) e já controlaram o maior foco de incêndio.
Um grupo de 29 indígenas, das etnias Irantxe e Mynky, é contratado pelo período de 6 meses para atuar na Brigada Municipal Temporária de Brasnorte. Além deles, mais 150 indígenas das etnias Paresi e Nambiqwuara, que atuam em brigadas comunitárias, foram treinados em seis cursos de prevenção e combate aos incêndios florestais. Por meio do Programa de Brigadas Temporárias Municipais, os indígenas contratados recebem salários e são munidos com dois veículos 4x4 veículos e ferramentas de combate ao fogo.
As atividades começaram em 2006, com reuniões entre técnicos do Prevfogo/Ibama/MT e da Administração Executiva Regional da Funai em Tangará da Serra/MT, que planejaram a Oficina de Organização Social e Diagnóstico Ambiental, realizada em cinco aldeias das quatro etnias, em 2007. Com esse trabalho, os técnicos conheceram a organização social das comunidades e sua relação com o fogo. Assim, foi possível elaborar um diagnóstico ambiental, contextualizado de acordo com a cultura, as técnicas e tradições dos indígenas.
Nas aldeias, os indígenas presenciaram palestras sobre queimadas e incêndios florestais, com enfoque nos problemas ambientais, econômicos e de saúde. Os técnicos do Ibama apresentaram, também, a metodologia de trabalho nas Unidades de Conservação, com a qual foi elaborado o planejamento conjunto para as Terras Indígenas, respeitando as demandas da comunidade.
A Brigada Municipal atua no controle de incêndios florestais dentro das Terras Indígenas da região e auxilia proprietários rurais em diversas ocasiões. As brigadas comunitárias ainda carecem de continuidade do trabalho, contratação, equipamentos e ferramentas. Os cursos foram ministrados pelo Ibama, Funai e ICMBio.
Bioma ameaçado
As etnias jurisdicionadas à AER de Tangará da Serra compõem o maior mosaico contínuo do bioma cerrado do mundo, com mais de 1,5 milhões de hectares de cerrado contínuo preservado. As comunidades indígenas convivem com este ambiente a milhares de anos e usam o fogo para manejo da terra. Contudo, o conhecimento tradicional do uso do fogo está sendo perdido pelas comunidades e são necessários investimentos para manter a biodiversidade que os protege.