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Futebol indígena no Serejão
A Seleção Indígena Brasileira de Futebol (SIBF) fará jogo amistoso contra os Juniores do Brasiliense, no dia 19 de abril às 14h30, no Estádio Serejão. O jogo precede a partida entre Brasiliense e Gama, pela semi-final do Campeonato Candango.
Fundada na década de 90, a SIBF, é uma associação sem fins lucrativos que tem como objetivo resgatar e promover o esporte através de seus jovens atletas, fazendo deles jogadores profissionais, sem que percam a sua ancestral cultura, tradição e costumes. A seleção é formada por atletas de várias etnias, como Xavante, Fulni-ô, Terena, Karajá, Suruí-Sororó, Kayapó, Gaviões, Pankararu, Potiguara, Xucuru-Xocó, Xingu, Bororo.
Em busca de uma oportunidade, jovens indígenas não medem esforços para emplacar seu sonho. Gustavo Cruz Cordeiro, 17 anos, é um exemplo dessa luta.
Uma chuteira e um sonho
Treinando há 20 dias na equipe de Juniores do Brasiliense, Gustavo enfrenta duas horas de treinamento e preparação física, com o auxílio de seu treinador e professor de educação física Adelson de Almeida. Durante a semana faz corrida no parque da cidade e trabalha as pernas na areia fortalecendo seu condicionamento físico. Na expectativa de mostrar cada vez mais seu trabalho, confessa que seu grande desejo é se tornar um jogador profissional e quem sabe um dia, tão famoso como Mané Garrincha, descendente de índios Fulni-ô. Gustavo diz não ter ídolos, mas gosta muito de ver Cacá jogando. "Ele tem o estilo de jogar que eu admiro e, assim como eu, é meia-direita", afirmou. Gustavo sabe que a carreira de jogador profissional é difícil, mas espera ter uma oportunidade, à exemplo do jogador "Índio", da etnia Xukurú-Kariri, que fez carreira como lateral direita no Corinthians, quando foi bi-campeão Brasileiro, na década de 80 (1998/99) e campeão inter-clube em 2000.
O sonho de Gustavo, de se tornar um grande jogador, à exemplo de Garrincha, começou aos 11 anos, quando saiu de sua Aldeia Fulni-ô, em Águas Belas/PE, para fazer um teste no Santa Cruz, time de futebol de Recife. Com 13 anos jogava no infantil e aos 15 estava no juvenil. Com o rebaixamento do Santa Cruz para a segunda divisão, as coisas começaram a ficar difíceis e Gustavo foi tentar a sorte no Náutico. Segundo ele, o time não dava condições de trabalho. Foi neste momento que seu pai sugeriu a vinda para Brasília. Em 2008, ao chegar à Capital Federal, logo foi jogar no Gama (Sociedade Esportiva do Gama). De acordo com Gustavo, o time estava com dificuldades financeiras, e ele não ficou muito tempo.
Diante das adversidades, Gustavo não desistiu de seu sonho. Mesmo tendo de driblar muitos obstáculos, sabe que essa oportunidade pode mudar sua vida, e garante que vai se dedicar a ela. "Acredito em minha capacidade e já tenho um ponto a meu favor, a resistência do índio é maior que a dos brancos", acrescentou. Gustavo que faz 18 anos no dia 19/04 (Dia do Índio) espera dar de presente aos seus parentes um belíssimo gol de virada.