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Casa cheia e pluralidade marcam estreia do Vídeo Índio 2009
Fonte: Pontão de Cultura Guaicuru
Iniciada por um reza, a estreia do Vídeo Índio Brasil 2009 foi encerrada por uma apresentação musical, em uma noite marcada pela exaltação do cinema e do respeito às comunidades indígenas. A reza foi conduzida pelo pajé Nito Guarani, que percorreu toda a área de convivência do CineCultura, passando pela oca construída por índios terena, até o interior da sala de exibição, que estava lotada.
A solenidade foi conduzida pelo indígena João Terena, e teve a presença do coordenador-geral de Políticas para a Diversidade do Ministério da Cultura, Marcelo Manzatti, do coordenador-geral para Artesanato da Funai, Pedro Ortale, do superintendente local da Funai, Joãozinho da Silva, dos deputados Pedro Kemp e Paulo Duarte, do PT, e ainda dos cineastas Zelito Viana (Rio de Janeiro), Marcelo Fortaleza Flores (França), Yván Molina (Bolívia), Paulinho Kadojeba (Mato Grosso), Divino Tserewahú (Mato Grosso) e Patrick Boivin (Canadá).
A abertura do evento foi oferecida em memória aos guerreiros que lutaram e lutam pelo movimento indígena brasileiro. A coordenadora do Vídeo Índio Brasil 2009, Andréa Freire, destacou que o festival vem, em seu segundo ano, com a proposta de oferecer um encontro de olhares e uma aproximação entre os dois universos, o indígena e o não-indígena.
Andréa lembrou ainda que o Brasil tem cerca de 700 mil indígenas, dos quais 10% vive em Mato Grosso do Sul. "A cultura indígena é a base da diversidade cultural brasileira. Nós, da cultura, queremos um País multicultural, e o Vídeo Índio Brasil quer revelar essa multidiversidade", declarou. Para a coordenadora, o momento é de mergulhar e descortinar um universmo que conhecemos tão pouco.
O cineasta carioca Zelito Viana falou em nome dos diretores que tratam da questão indígena em suas produções. Ele destacou a necessidade de que a questão da terra seja discutida de maneira séria e ainda relatou o desejo de voltar ao Mato Grosso do Sul daqui 30 anos e não ver, como problema, as mesmos que presenciou há 30 anos.
"Esse festival ser realizado aqui é de uma importância muito grande, por ser aqui em Mato Grosso do Sul onde você vive os maiores problemas", disse. Zelito afirmou ainda que "mais perto" é onde as comunidades indígenas vivem as maiores dificuldades. "É muito mais fácil você resolver e discutir no Rio de Janeiro", afirmou.
No mesmo sentido, o deputado estadual Paulo Duarte lamentou que as comunidades indígenas sejam muito mais respeitadas quando longe de suas regiões de origem. "Precisamos que as pessoas não sejam julgadas por suas diferenças".
O deputado estadual Pedro Kemp, que participar de um dos seminários da programação, afirmou ter o desejo de que esta semana "nos ajude a criar um clima de respeito, para avançar nesse momento tão importante para os povos kaiowá-guarani".
Marcelo Manzatti, coordenador-geral de Políticas para a Diversidade do Ministério da Cultura, ressaltou ainda acreditar que com a resolução histórica da disputa da Raposa do Sol, em Roraima, todo eixo da discussão da questão de demarcações de terras indígenas será transferido para Mato Grosso do Sul.
Após a solenidade, houve a exibição de "Terra Vermelha", do italiano Marco Bechis, que teve na platéia a presença do cacique Ambrósio e ainda de Abrisio e Kiki, ambos atores no longa. A noite ainda foi encerrada por uma apresentação do grupo musical Poharei Vera, da Aldeia Tei'ýkue, de Caarapó.
A programação do Vídeo Índio Brasil ainda continua nesta semana, até domingo, dia 16. No CineCultura, no período da manhã, são realizados os debates do Seminário O Olhar dos Povos Indígenas, e à tarde, às 17 horas, e à noite, às 20 horas, são exibidos curtas, média e longas-metragem de temática indígena.
O Vídeo Índio Brasil vai também ao interior, com exibições em Dourados, Corumbá, Caarapó, Sidrolândia, Bonito e Coxim. A programação completa pode ser acessada clicando aqui.