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Saudação do Ministro Ernesto Araújo na abertura da VIII Conferência sobre Relações Internacionais (CORE)
Saudação do Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Ernesto Araújo, na abertura da VIII Conferência sobre Relações Internacionais (CORE), em São Paulo (11/11/2019)*
Bom dia a todos!
É uma alegria poder participar, ainda que à distância, da abertura desta VIII Conferência sobre Relações Exteriores – a CORE – que é um evento já tradicional no calendário de Relações Internacionais no Brasil. É uma alegria estar falando com todos os senhores aí, ainda que indiretamente.
Nesses últimos sete anos a CORE foi realizada em diferentes regiões do país: cidades como Fortaleza, Belém, Recife, Vila Velha, Rio de Janeiro, Brasília e, agora, São Paulo. Eu queria agradecer muito especialmente à Universidade de São Paulo e, mais particularmente, ao Instituto de Relações Internacionais e seu Grupo de Análise da
Conjuntura Internacional (GACInt), por sediarem esse evento, e pela parceria com a nossa Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e seu Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), e sua organização.
Infelizmente, por questões de agenda, não estou podendo me deslocar a São Paulo para este evento. Temos aqui todo o processo da Cúpula dos BRICS, em Brasília – um evento muito importante no calendário deste ano aqui na nossa política externa – portanto, terei que estar em Brasília nestes dias. Mas o Itamaraty está muito bem representado por vários colegas que poderão apresentar a nossa visão sobre os vários temas da agenda do evento.
Eu gostaria de transmitir, muito especialmente, a ideia de que a CORE é uma oportunidade de debate sobre questões de política externa entre representantes do governo, academia e setor privado. Essa interação, essa saída do Itamaraty da sua zona de conforto, esse debate, para nós, é essencial. Algo que é um compromisso meu nessa gestão e de todo o Itamaraty. Em uma democracia, nós precisamos do debate – claro, debate respeitoso, bem informado – sobre todos os temas, e política externa é um deles.
Eu queria assinalar que, além do nosso trabalho cotidiano – com diplomatas e representantes de outros países –, nós queremos estar presentes no debate da sociedade. Eu tenho dito que os diplomatas – no caso, os diplomatas brasileiros – têm que fazer coisas que não sejam importantes apenas para outros diplomatas, mas que sejam importantes para a sociedade como um todo, escutando os anseios, as preocupações da sociedade.
Eu acho que hoje, no Brasil, as pessoas sentem-se, imagino que posso dizer assim, mais participantes desse debate sobre a política externa. A fronteira entre política externa e política interna não deve existir, ao meu ver. Nós temos que pensar a política num sentido mais amplo – tanto política interna quanto externa –, todas as várias dimensões, é tudo política no sentido nobre da palavra, no sentido da discussão do destino da polis, da comunidade. E esse destino tem que ser discutido em todas as suas vertentes. Eu sou muito contra a ideia de ver a política externa como uma disciplina arcana, onde o vulgo não tem acesso, onde existe uma linguagem própria, que não é a linguagem das pessoas comuns. Eu acho que isso tem que ser superado. Eu acho que a política externa é parte do processo de vida nacional, de transformação do Brasil e precisa ser encarada dessa forma.
Então, eu espero que esse debate entre diplomatas, acadêmicos, interessados pelos temas de relações internacionais contribua para esse esforço permanente de gerar resultados que melhorem a situação do nosso povo, que coloquem o Brasil na posição que ele merece ocupar no mundo. Aliás, aqui, para dar um exemplo do que eu acabei de falar, tinha escrito “a posição que o Brasil merece ocupar no sistema internacional”, mas é melhor “no mundo”; “sistema internacional” é linguagem de diplomata. Falemos “no mundo”, que é onde nós estamos, é onde nós nos movemos.
Bem, fico muito satisfeito em ver que os temas desse encontro tratam de questões muito relevantes para a nossa inserção externa: a nossa ambiciosa agenda comercial; os nossos esforços por uma América Latina democrática, próspera; o processo de acessão do Brasil à OCDE e a importância disso para a nossa agenda de reformas (aqui mais uma vez essa conexão e essa não divisão entre o que é a política externa e o que é a política interna); o nosso esforço para elevar os investimentos no Brasil; e a diplomacia científica e de inovação. São todas questões que podem – e nós queremos que seja assim – mudar a cara do nosso país, que nos coloquem em um patamar mais elevado e que façam a diferença para as pessoas, para os brasileiros.
Então, espero que este evento contribua para a compreensão, também, sobre esses importantes temas da conjuntura internacional e, sobretudo, sobre a nossa nova política externa, que tem buscado refletir esses anseios de mudança, que são os anseios de todos os brasileiros.
Muito obrigado!
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* Transcrição de vídeo disponível no canal da FUNAG no YouTube.