Notícias
Palavras iniciais do Ministro Ernesto Araújo em coletiva de imprensa sobre a conclusão do Acordo MERCOSUL-União Europeia
Palavras iniciais do ministro de Estado das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Araújo, na coletiva de imprensa em Bruxelas sobre a conclusão do Acordo MERCOSUL-União Europeia (28/06/2019)*
Boa tarde a todos! Bom início de noite aqui em Bruxelas!
Acho que realmente todos concordamos que é um dia histórico para a política comercial brasileira, para o MERCOSUL. E um dia muito importante para o nosso governo na sua empreitada de criar novas oportunidades, novos caminhos, novas avenidas para a economia brasileira, para o crescimento, para a geração de empregos, para a dinamização econômica em benefício de toda a sociedade.
O Acordo MERCOSUL-União Europeia estava em negociação exatamente há vinte anos. Uma nota pessoal: eu estava aqui em Bruxelas, eu servia na missão do Brasil junto à União Europeia, em junho de 1999, quando se aprovou (o que já tinha custado um bom esforço) o início da negociação MERCOSUL-União Europeia. Então, para mim, queria só dizer isso, também, tem um caráter especial, exatamente vinte anos depois, a felicidade, o privilégio de estarmos presentes aqui no momento da conclusão das negociações.
Inclusive, tendo acompanhado em vários momentos essa negociação, eu posso dizer por que ela não se concluiu antes, por que ela não deu certo antes. Tentou-se, trabalho de muitas pessoas envolvidas, ao longo desses vinte anos, isso reconhecemos plenamente. Acho que porque faltou, em momento-chave, em vários momentos-chave, a vontade política, a determinação política dos principais atores; do lado europeu, não sei, talvez, mas certamente por parte do MERCOSUL, em certos momentos, por parte do Brasil.
Então, hoje, a grande diferença é, a meu ver, essa – a determinação política do presidente Jair Bolsonaro que transmitiu a nós. Enfim esse é um trabalho conjunto de todo o governo brasileiro, muito especialmente dos três ministérios que estamos aqui representados na mesa: a ministra Tereza Cristina, da Agricultura; o secretário [especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais] Marcos Troyjo, do Ministério da Economia; e eu próprio. Então, o Itamaraty, Economia e Agricultura fizeram aí o tripé, com a contribuição de vários outros órgãos. Essa é outra característica que a gente sempre enfatiza neste governo, que é a capacidade de trabalhar em conjunto, trabalhar em equipe. Acho que isso também foi algo determinante nesse êxito.
Então, determinação política no mais alto nível, do Brasil; capacidade do trabalho em equipe de todo o governo brasileiro, muito especialmente desses órgãos mais diretamente envolvidos; e também uma conjunção com as linhas de ação nossas, de política externa, de política comercial, de política econômica, que vão no sentido da abertura econômica, da competitividade, da abertura ao mundo. Uma noção de integração dentro da região, com o MERCOSUL, de uma integração aberta, uma vontade muito clara de nos reconectarmos com parceiros tradicionais, dentre eles os países europeus e a própria União Europeia.
E a conjunção com os demais sócios do MERCOSUL. A Argentina, muito especialmente, claro, como segundo maior sócio do MERCOSUL, também, em outros momentos do passado não tinha a mesma disposição de levar adiante esse acordo. Hoje, com o governo do presidente Macri, houve isso, absolutamente necessário enfatizar, uma determinação muito grande de levar adiante esse acordo. Por coincidir também conosco, nessa linha de abertura, do conceito de integração aberta. Assim como os demais países, Paraguai e Uruguai.
Essa visão comum, que nos uniu nesse período final, à Argentina e aos demais países do bloco foi também fundamental. Também um trabalho em equipe dentro do MERCOSUL. Grandes elogios ao trabalho da presidência pro tempore argentina, que ocupou a presidência neste semestre até a cúpula agora em julho. O chanceler Jorge Faurie e toda a equipe, os demais ministros, um trabalho extraordinário de conduzir, coordenar o MERCOSUL nessa negociação, na fase final.
E também, sobretudo, agora nessa reta final, essa disposição política brasileira traduzida em gestos concretos, em avanços concretos, em medidas e iniciativas corajosas de ir adiante com colocar na mesa a abertura em setores importantes para o lado europeu, para nós também, com a visão de que é um acordo estratégico, de que é uma iniciativa que vai traduzir-se num impacto extremamente positivo em toda a economia brasileira. Vai criar mercados em praticamente todos os setores da economia. Vai aumentar a competitividade. Vai reduzir custos, através de novos investimentos, acesso a insumos em condições mais favoráveis, enfim, reduzir custo Brasil, abrir mercados preferenciais num dos maiores mercados importadores do mundo, evidentemente, que é a União Europeia. E, além disso, dinamizar, mostrar o dinamismo dessa política comercial brasileira que nós estamos tentando implementar.
Também tenho certeza que isso acelerará as nossas outras grandes negociações comerciais. Estamos com outras três grandes negociações: Canadá, Coreia e EFTA. Isso será certamente um impulso para essas outras parcerias e um impulso para abertura de novas parcerias nessa mesma disposição de buscar a competitividade.
Então, tudo isso somado, acho que mostra a relevância, realmente não é um exagero falar do caráter histórico desse compromisso que nós estamos assumindo. Valoriza muito do MERCOSUL como plataforma negociadora. Grande parte de nosso empenho no bloco foi esse de revitalizar o MERCOSUL, transformando-o numa entidade que funciona para o comércio entre os membros e para o comércio com terceiros.
Acho que revitaliza, certamente, dá um dinamismo muito grande ao restante de nossa política comercial. Mostra que o Brasil está sério nesse compromisso de abertura econômica que é desejado pela sociedade brasileira. Acho que é isso que a gente recolhe também de tudo o que vê no Brasil. Uma sociedade que quer uma economia aberta, uma economia dinâmica. E isso aqui certamente contribuirá para isso.
Enfim, esses são meus comentários iniciais.
________________
* Vídeo disponível no canal o Itamaraty no YouTube.