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Palavras do Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Carlos França, por ocasião da cerimônia de posse do Secretário-Geral
Palavras do Senhor Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Carlos França, por ocasião da cerimônia de posse do Senhor Secretário-Geral (04/06/2021)[*]
Senhor Secretário-Geral das Relações Exteriores, Embaixador Fernando Simas Magalhães,
Senhor Embaixador Otávio Brandelli,
Senhor Secretário de Comunicação e Cultura, Embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, em quem saúdo os colegas aqui, mas me permitiria também, porque hoje é a diretora do nosso ninho, ou como os militares chamam a AMAN de “a fábrica”, a Embaixadora Maria Stela Pompeu Brasil Frota, diretora do Instituto Rio Branco, o lar onde todos nascemos.
Eu também queria registrar aqui a presença e agradecer a presença da presidente da ADB, a Embaixadora Maria Celina de Azevedo Rodrigues, muito obrigado por sua presença aqui hoje, do presidente da ASOF, Edson Valente, e da presidente da ASMRE, minha amiga Ivonete Santiago Nery de Souza. Quando eu comecei na carreira, na DSG, Ivonete trabalhava lá, trabalhamos juntos. Não que os outros não sejam amigos, mas ela é uma amiga antiga.
Caros colegas,
A posse de um novo Secretário-Geral é momento de especial significado na vida da nossa instituição.
O Secretário-Geral, como sabemos, é o mais alto cargo no Itamaraty reservado exclusivamente a diplomatas de carreira.
É, como dizemos, o Chefe da Casa. É quem cuida para que a máquina funcione de forma precisa e suave. É quem vela para que, a todos os títulos, nosso ambiente de trabalho seja sempre o mais apropriado.
O Secretário-Geral, mais ainda, é o conselheiro de primeira e última instância do Ministro de Estado nos temas de maior relevo.
Em larga medida, é o Secretário-Geral das Relações Exteriores que dá o tom do Ministério, para dentro e para fora.
Esse, nunca será demais lembrar, é o peso da responsabilidade que traz a cadeira que foi do Visconde de Cabo Frio.
Felizmente, nossos quadros são o que temos de melhor – e estão à altura do que se espera de quem se senta naquela cadeira.
É o que revela a lista dos colegas que lá estiveram – vários aqui já mencionados.
Mais recentemente, foi o que mostrou o Embaixador Otávio Brandelli, de quem hoje nos despedimos.
O Embaixador Otávio Brandelli, que é meu colega de turma, não é? Da turma Ulysses Guimarães, que talvez traga aí no seu espírito, essa turma, toda a tenacidade, toda a habilidade que tinha esse grande político brasileiro. Turma que tem como paraninfa a Embaixadora Thereza Maria Machado Quintella, cujo pioneirismo e devoção ao trabalho sempre nos inspirou a todos nós aqui e, para além, inclusive, do talento e graça com que ela sempre desempenhou suas funções das importantes chefias da casa em que esteve à frente.
O Embaixador Brandelli, eu dizia, sempre se desempenhou com profissionalismo. E ao lado do Ministro Ernesto Araújo, coube a ele conduzir, na Secretaria-Geral, a resposta do Ministério à circunstância – sem precedente na nossa geração – de uma pandemia. Penso, por exemplo, na eficiente repatriação de nacionais nossos. Ou mesmo na rápida adaptação dos métodos de trabalho da Casa.
Deixo o meu registro aqui, meu agradecimento pessoal ao Otávio, pelo período breve, porém intenso em que pude contar com você, Otávio, na Secretaria-Geral.
A nossa carreira é, ninguém aqui ignora, feita de ciclos. Para o ciclo que agora se encerra, você pode olhar, Otávio, com a certeza do dever cumprido.
Caros colegas do Serviço Exterior, Senhoras e Senhores,
É com alegria que estendo as boas-vindas ao Secretário-Geral.
O Embaixador Fernando Simas Magalhães é um diplomata completo. Quem o conhece sabe que não vai aí qualquer exagero de minha parte.
A sensibilidade política, o domínio dos dossiês, o equilíbrio do julgamento, a expressão dosada. São atributos que, em si raros, ainda mais raramente se veem combinados num mesmo indivíduo. E que, no entanto, no Embaixador Simas não só convivem, como ganham o sentido que lhes dá uma admirável qualidade humana.
Você tem perfeita consciência, Fernando, da dimensão dos desafios à nossa frente.
Desafios de política externa, sobretudo quanto às três urgências que o Presidente Jair Bolsonaro me instruiu a enfrentar: a urgência da saúde pública; a urgência da recuperação econômica; a urgência do desenvolvimento sustentável.
E, claro, desafios da administração da Casa: a garantia dos necessários recursos financeiros; a adequada lotação das unidades da Secretaria de Estado e dos Postos; a gestão dos fluxos de carreira; a solução das dificuldades decorrentes da aplicação do abate-teto em moeda estrangeira; a permanente atenção a outras questões que legitimamente preocupam os integrantes do nosso Serviço Exterior.
Gostaria, também, de anunciar que estou constituindo uma força-tarefa informal, sob a liderança do Embaixador José Augusto Andrade aqui presente, para rever a portaria que estabelece o atual Guia de Administração dos Postos (GAP).
Em particular, vamos propor a mudança de certos dispositivos excessivamente rígidos, que têm o efeito involuntário de impedir a boa gestão do dinheiro do contribuinte, como, por exemplo, no caso do pagamento dos salários do pessoal local em Beirute, depois da desvalorização de quase 80% da lira libanesa. O GAP, o novo GAP, será publicado no mês de julho próximo.
Em meu discurso de posse, afirmei que, diante de desafios de tamanha envergadura, me anima a convicção de que maior é nossa vontade coletiva de acertar. Pois acrescento que me anima, também, que seja Você, Fernando, a capitanear os nossos Secretários no esforço de mobilizar essa vontade – vontade que, desde que assumi o Ministério, tenho podido confirmar a cada dia.
E aqui me permito uma digressão. Eu estava ali à mesa ouvindo aqui os discursos do nosso Secretário-Geral Saliente, do Secretário-Geral Entrante, e olhava aqui vocês todos, colegas, e me dou conta do imenso talento que tem essa Casa. Em cada um de vocês aqui eu reconheço tanta competência, eu reconheço tanta dedicação ao Itamaraty, e que é o que realmente me dá forças aqui para imaginar de que juntos podemos chegar muito longe, podemos sair desse momento em que vivemos de crise do país, ajudar o país a sair dessa crise e ampliar ainda mais aqui a participação do Itamaraty. A contribuição que o Itamaraty pode dar à nação brasileira.
Senhor Secretário-Geral,
Seu pronunciamento de há pouco já nos indica prioridades para nosso aprimoramento institucional: atualização de procedimentos; constante ajuste das informações e análises que produzimos ao enfoque dos interesses brasileiros; aprimoramento dos canais de diálogo com a sociedade, com o conjunto da Esplanada e com o Congresso Nacional; consolidação enfim de uma efetiva política de comunicação.
São prioridades que endosso plenamente.
Como endosso a mensagem com que o Secretário-Geral concluiu suas palavras: o tempo é curto, passemos de imediato ao trabalho.
Muito obrigado.