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Painel com o Ministro Ernesto Araújo no Fórum de Investimentos Brasil 2019
Painel com o Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Ernesto Araújo, no Fórum de Investimentos Brasil 2019, em São Paulo (10/10/2019)*
Bom dia, novamente.
Senhores autoridades, investidores, colegas, amigos;
Senhoras e senhores,
É uma grande alegria estar aqui novamente já nesta manhã, depois da sessão de abertura com o Presidente, para esta primeira manhã do Fórum de Investimentos Brasil 2019.
Eu queria começar dizendo que nós só poderemos vencer o passado de estagnação e atraso do Brasil se abrirmos a economia e se tirarmos o Estado do centro da vida econômica. Para isso, nós precisamos fundamentalmente dos parceiros e investidores de outros países, além, evidentemente, dos parceiros nacionais e, por isso, a extraordinária importância deste fórum.
Nós queremos que os investidores sejam não simplesmente participantes, mas sócios desse nosso projeto, dessa nossa empresa de um novo Brasil. Nós precisamos dessa sociedade com os investidores para poder levar adiante esse processo de transformação. Queria enfatizar muito isso.
Nós estamos trabalhando para libertar as energias da nação. Tanto na metáfora quanto na prática, inclusive na nossa política energética. Estamos trabalhando para melhorar o meio ambiente, também tanto na metáfora quanto na prática. Tanto o meio ambiente propriamente, quanto o meio ambiente de negócio, o meio ambiente de segurança, o meio ambiente de participação social na política, numa política democrática, num ambiente democrático, como não temos precedente no Brasil.
Para entrar um pouco nessa questão ambiental, que hoje é tão presente, nós estamos desenvolvendo uma nova filosofia de preservação ambiental que não se restrinja apenas à proteção, mas que cada vez mais tem que caminhar para a geração de emprego e geração de oportunidades. Juntamente com o Ministro Ricardo Sales, do Meio Ambiente, e toda equipe, estamos falando disso, da necessidade de novos projetos que gerem empregos e desenvolvimento na Amazônia, especificamente.
Enquanto alguns falam nos pobres da Amazônia, mas, no fundo, estão defendendo antigas formas de política, ligadas à corrupção, nós queremos criar emprego para todas as pessoas da Amazônia, queremos transformar aquela região num novo polo econômico de desenvolvimento sustentável, com base, fundamentalmente, no investimento privado. Isso já foi falado em todo o painel da manhã, com o Presidente e vários Ministros. Se tudo der certo, e tenho certeza de que vai dar certo, nós estamos no início de um ciclo de crescimento baseado no investimento privado e na liberdade econômica. E para isso precisamos das parcerias internacionais.
Enquanto alguns simplesmente falam das populações indígenas, nós queremos levar aos povos indígenas no Brasil, que são brasileiros, tanto quanto nós, a possibilidade de, como dizia o Presidente, de usarem suas terras, usarem suas riquezas. Enquanto alguns falam de metas de emissões, de gases, e não as cumprem, o Brasil cumpre seus compromissos e tem uma matriz de energia limpa, que nós vamos desenvolver cada vez mais, por exemplo, com 80% de eletricidade proveniente de fontes renováveis.
Enquanto alguns, em outros países, falam da agricultura brasileira sem conhecê-la, nós e os senhores que conhecem e vão conhecer a agricultura brasileira, sabem e podem ter a certeza de que é a agricultura ambientalmente mais sustentável do mundo. E para perceber essas realidades e para ser nossos sócios, como eu dizia, nessa empresa, nós precisamos dos investidores.
Nós precisamos dos senhores para a nossa nova política externa, uma política externa que nos permite, finalmente, trabalhar com parceiros fundamentais para o nosso projeto de desenvolvimento, como os Estados Unidos, como Israel, como Japão, como a própria União Europeia, através do extraordinário acordo de livre comercio que nós, depois de vinte anos, conseguimos fechar. E esses processos não são simplesmente declaratórios, eles só farão sentido, como estão fazendo sentido, se tivermos o engajamento do setor privado, dos investidores para aproveitar as oportunidades que estão surgindo.
Essa é a nossa filosofia, é abrir as oportunidades para que elas sejam ocupadas pelos investidores brasileiros e internacionais. Estamos abrindo extraordinárias oportunidades com os países do Golfo, por exemplo, em uma viagem que faremos em breve àquela região isso ficará muito claro. Abrindo novas oportunidades com a China, abrindo novas oportunidades com o Sudeste Asiático, enfim, uma geometria aberta e sem limites para aquilo que podemos fazer.
Nós procuramos fazer uma política externa que responda não só aos interesses, mas aos valores, também, do povo brasileiro. Nós defendemos a família, defendemos a vida, defendemos a liberdade nos foros internacionais, onde quer que seja. Diziam que isso nos isolaria, isolaria o Brasil, de alguma maneira, e não é isso, absolutamente, o que está acontecendo. O Brasil está adquirindo enorme respeito e atraindo enorme interesse nessas, como em todas as áreas. Comprovei isso muito claramente em todos os diálogos que tive durante a Assembleia Geral das Nações Unidas.
Nós estamos abrindo caixas de ideias que estavam fechadas, fazendo circular ideias, fazendo as pessoas pensarem, nós também pensando. E quebrando, sobretudo, essa falsa divisão entre aquilo que é econômico e aquilo que não é, ou seja, como se pudéssemos falar seja no plano nacional, seja no plano internacional, de uma economia eficiente sem uma base social sólida. Nós estamos convencidos – e acho que cada vez mais países do mundo, e mais pessoas estão convencidas – de que isso não é possível, de que isso não é viável. Nós precisamos falar de tudo, porque tudo influencia tudo, e que somente no mundo onde haja liberdade, onde haja a solidez das nações, das famílias, das sociedades, poderá prosperar uma economia eficiente para o bem das pessoas, para o bem da dignidade humana.
Nós, aqui na nossa região, também, algumas atitudes, algumas políticas, o nosso empenho na luta pela democracia, na região, na América do Sul, já foi dito que isso nos isolaria de alguma maneira, e isso também não é absolutamente o caso. Nós queremos não só um Brasil diferente, livre; nós queremos fazer parte de uma região baseada na democracia e no livre mercado, e trabalhamos para isso, não só simplesmente falamos nisso.
Toda a América do Sul, toda a América Latina, muito especialmente a nossa região mais próxima, a América do Sul, tem um futuro absolutamente brilhante se fizer as escolhas certas. Se um ou outro país fizer outra opção, o Brasil seguirá o seu rumo; nós não mudaremos a nossa opção. Mas nós queremos estar todos juntos nesse caminho da democracia, do livre mercado, porque essas não são apenas palavras, são princípios em que nós acreditamos e que nos orientam. Pode ser que demore um pouco mais para chegarmos a esse futuro brilhante da América do Sul, mas eu tenho certeza de que, se o Brasil perseverar, com o peso que nós temos na região, se nós perseverarmos nesse caminho da liberdade econômica, da democracia, nós ajudaremos toda a região a trilhar esse mesmo caminho e chegaremos juntos a esse futuro.
Infelizmente, ao redor do mundo, algumas lideranças, alguns meios de comunicação não têm a menor ideia de qual é a nossa luta, a dimensão da nossa luta, do nosso esforço de transformação. Alguns hoje quase se notabilizam por essa falta de noção. Não sabem – ou parecem não saber; fingem não saber – que nós estamos não simplesmente mudando uma política ou outra, mas combatendo, mudando e transformando todo um sistema que existia, um sistema de corrupção, de pobreza, de ignorância, que favorecia o totalitarismo. Não sabem – deveriam saber – do esforço gigantesco que nós estamos fazendo não só para não sermos uma Venezuela, mas para transformar a Venezuela, para que ela volte a ser a verdadeira Venezuela de democracia, de liberdade. Um esforço para que não haja novas Venezuelas no continente. Parecem não saber do esforço gigantesco que estamos fazendo para isso.
Mesmo países que se consideram campeões da liberdade ou dos direitos humanos, estranhamente, não veem o trabalho que estamos fazendo na defesa dos direitos humanos, tanto domesticamente quanto na região, quanto ao redor do mundo defendendo a democracia, defendendo a liberdade de expressão, defendendo a liberdade religiosa e outras pautas ao redor do mundo. Parecem cegos a esse papel do Brasil em defesa da liberdade, e isso é muito triste. Parece ser uma cegueira ideológica de alguns influenciando parte da opinião pública em alguns países, principalmente na Europa. Não sabem o que é sair de onde nós saímos, no Brasil, e em poucos meses já estarmos avançados em mudar, em reestruturar um sistema que no fundo tinha 500 anos de dirigismo, de clientelismo. Pela primeira vez temos a esperança de reformas efetivas na economia, devolvendo aos brasileiros o orgulho de ser livres e empreendedores.
Em poucos meses, nós já estamos totalmente dentro, avançados numa agenda de reformas que trará muitas outras, com acordos comerciais sem precedentes também, com o compromisso de transformar o papel do Estado na economia, de tirar, no fundo, o Estado do centro da economia. Pela primeira vez, como eu dizia, temos um ciclo de crescimento baseado no setor privado.
E pela primeira vez temos a perspectiva de realmente integrarmos o clube das grandes democracias liberais, a OCDE. Há um enorme entusiasmo do governo brasileiro nessa direção, e acho que de todo setor privado brasileiro, e de outros países, nessa direção, tenho podido constatar. Isso é, talvez, uma das chaves para a transformação do Brasil, não simplesmente por aquilo que a OCDE significa em termos de qualidade de governança, mas pelo estímulo à continuação do processo de reformas. Ao mesmo tempo, em outros organismos multilaterais, na OMC, com uma nova postura na Organização Mundial do Comércio, nos liberando de amarras e condicionamentos ineficientes, prontos, agora, para negociar todos os temas, em todas geometrias, em benefício do livre comércio.
E tudo isso dentro de uma democracia com total independência dos poderes, com enorme apoio popular, com uma enorme efervescência da participação democrática. Acho que alguns não sabem a dimensão disso, o quanto isso é difícil e quanto, ao mesmo tempo, esse desafio é algo que nós tomamos de frente, e não nos escondemos dele. Então, estamos fazendo isso no país e, ao mesmo tempo, ainda por cima, estamos defendendo isso para a nossa região – parecem não ver a dimensão disso –, nos abrindo para a relação com grandes parceiros que eram negligenciados. Parece que isso, infelizmente, não é enxergado, e alguns setores, que deveriam estar bem informados, preferem ficar repetindo certos chavões que não são absolutamente verdadeiros em relação ao Brasil.
Eu pergunto como podem setores e correntes que dizem ter compromisso com a democracia e com economia de mercado, não valorizar isso que o Brasil está tentando fazer, não valorizar que um país com o peso e a importância do Brasil esteja saindo tão rápida e decisivamente da coluna do estatismo e da manipulação totalitária e passando para a coluna da liberdade. Eu acho que quem não enxerga isso por falta de informação, vai enxergar porque essa informação vai chegar, e quem prefere não enxergar por uma opção ideológica, é porque realmente no fundo não se preocupa com a liberdade.
Nós vemos infelizmente isso, que algumas pessoas não percebem a imensa diferença que o Brasil, esse novo Brasil está fazendo e pode fazer no mundo, em favor da causa da democracia, da liberdade, da economia de mercado. O êxito deste novo Brasil será, eu acho, posso dizer assim, será o maior êxito para a causa da liberdade política e econômica no mundo desde a queda do Muro de Berlim, trinta anos atrás.
Infelizmente, algumas figuras preferem se aliar aos interesses que mantiveram o Brasil na corrupção, no atraso, que contribuíram para, por exemplo, submergir a Venezuela na miséria em que se encontra, na tirania em que se encontra. Preferem esse discurso para seguir determinados chavões do que abrir os olhos e enxergar a realidade do Brasil.
Nós, e acho que todos os senhores, tenho certeza que a maioria dos senhores compartilha do nosso entusiasmo com o que estamos fazendo no Brasil em termos de reformas econômicas, de abertura econômica. Mas é preciso que todos saibamos contra o que nós estamos lutando. Não estamos num jardim de unicórnios e arco-íris, não é? Estamos num mundo onde estamos contrariando interesses, forças obscuras que estão-se batendo contra nós porque não querem a causa da liberdade, e porque sabem a diferença que o Brasil pode fazer por essa causa.
Nós precisamos dos senhores, dos investidores, para entender esse novo Brasil, para levar essa mensagem do verdadeiro Brasil. Precisamos dos senhores para reforçar permanentemente o nosso programa, para aperfeiçoar o nosso programa. Estamos aqui para falar, não simplesmente para falar, mas para ouvir, sobretudo para ouvir (estou falando, um pouco desdizendo o que estou falando), mas eu terei o maior prazer, ao longo desse dia, muito mais de ouvir os senhores do que falar. Queremos isso, que o nosso projeto seja o seu projeto, o projeto dos investidores em energia, em manufaturas, em alimentos, em logística, em transportes, em infraestrutura e em tantas outras áreas.
Porque assim como nós aqui, do Brasil, os senhores também querem, eu tenho certeza, os senhores também querem um mundo de nações livres, prósperas, soberanas, porque somente nesse ambiente é que os negócios podem prosperar de maneira sustentável e compatível com a dignidade humana, com o meio ambiente e com tantos outros valores fundacionais.
Não é que nós queiramos reconhecimento, não é isso. Nós queremos que essa nossa parceria seja uma parceria completa, não apenas um aproveitamento das oportunidades específicas econômicas que existem, mas na parte conceitual, na realização dessa nova cara do Brasil, desse novo conceito do Brasil. A comunicação: é fundamental que os senhores sejam parceiros nossos em comunicar essa realidade.
Nós, aqui, nesse governo, não trabalhamos para ser elogiados pela imprensa. Nós trabalhamos para a nossa própria consciência. Eu acho até que está mudando, felizmente, até como o Presidente disse esta manhã, em alguns casos, nosso trabalho começa a ser reconhecido pela imprensa, mas nós trabalhamos não para esse aplauso, mas trabalhamos para a nossa própria consciência e a convicção de estar fazendo o certo. Então, não é questão de querer reconhecimento. É questão de trabalharmos juntos, para que todos possam entender o que está em jogo e estar ao nosso lado nesse esforço.
O Brasil do Presidente Jair Bolsonaro está tomando sob seus ombros uma enorme responsabilidade. Como eu dizia, aqueles que querem que nós tropecemos nesse caminho e que paremos nesse caminho são aqueles que querem a volta de sistemas diferentes, ou são aqueles que não têm compromisso real com o mundo livre e sacrificam princípios à conveniência política. Esse trem brasileiro (trem no sentido mineiro, mas também no sentido próprio) é o trem que está a toda força rumo a uma nova realidade, a uma nova esperança. E podemos dar uma nova esperança, como eu dizia, para a toda região. Podemos fazer uma diferença no mundo.
Nesse caminho, nós enfrentamos resistências, e nós não estamos, como eu dizia, preocupados pela imagem que surja. Agora, estamos preocupados com aquilo que será o julgamento da história, aquilo que se dirá, no futuro, do que nós fizemos, do que nós tentamos fazer, ou daquilo que nós não conseguimos. Eu tenho a certeza de que conseguiremos, porque nós temos a verdade do nosso lado, e a verdade sempre triunfará. Nós temos cada vez mais a confiança da comunidade internacional, incluindo a comunidade de negócios, que ama a liberdade tanto quanto nós.
Contra nós existe uma resistência natural à mudança de qualquer sistema, e existe uma ideologia, uma ideologia que nós decidimos combater de frente. Decidimos, portanto, atuar no campo ideológico, e aí estranhamente se diz, às vezes, nesse combate, que nós somos ideológicos, mas é justamente o contrário. A gente não se livrará da ideologia que garantiu tanto atraso ao Brasil, à América do Sul, se nós não a entendermos e se nós não a combatermos no seu campo.
Então, estranhamente, às vezes aqueles que ignoram esse desafio ideológico, no fundo estão reforçando essa ideologia, simplesmente para serem chamados de pragmáticos. Eu acho que pragmatismo é enfrentar os problemas tais como eles são, e não como gostaríamos que fossem.
Quando nós temos alguns discursos na área internacional e de direitos humanos que dizem que o espaço democrático no Brasil está diminuindo, que é um absurdo completo, para quem conhece o Brasil – o espaço democrático nunca foi tão amplo –, e quando nós dizemos isso, para mostrar essa realidade, às vezes nos chamam de ideológicos. Isso é muito estranho.
Quando nós procuramos fazer uma política externa que se aproxima de grandes parceiros sem detrimento de nenhum outro, mas se aproxima de parceiros fundamentais, como, no caso, dos Estados Unidos, para o nosso processo de desenvolvimento, e quando começamos a auferir as vantagens mútuas dessa parceria e queremos levar a relação com todos os nossos parceiros a um novo patamar, nós estranhamente somos chamados de ideológicos.
Então, é importante que se entenda qual é a dimensão, o que realmente está por trás desse combate, dessa luta, desse esforço. Como eu dizia, toda a realidade, ela não é dividida nessas caixas em que durante muitos anos o discurso oficial dividiu; quando nós falamos, portanto, de educação, estamos ao mesmo tempo falando de economia; quando nós falamos de direitos humanos, estamos falando de investimentos. Porque a realidade é um todo, e o que nós queremos, sobretudo, é que essa realidade brasileira seja conhecida e que possamos ser parceiros no processo de transformação.
Muito obrigado!
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* Vídeo disponível no canal do Itamaraty no YouTube.