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Intervenção do Ministro Carlos França na sessão conjunta de MREs e Ministros de Desenvolvimento do G20 - Fortalecendo a segurança alimentar e a nutrição e avançando rumo a um mundo sem fome em 2030
Intervenção do Ministro Carlos França na sessão conjunta de MREs e Ministros de Desenvolvimento do G20 – Fortalecendo a segurança alimentar e a nutrição e avançando rumo a um mundo sem fome em 2030 (29/06/2021)[*]
Felicito a presidência italiana por convocar esta primeira sessão conjunta de Ministros das Relações Exteriores e Ministros do Desenvolvimento do G20, com o devido enfoque na questão crucial da segurança alimentar.
Todos nós sabemos que a segurança alimentar pode ser ameaçada por um grande número de fatores. Conflitos e mudanças climáticas podem prejudicar a produção de alimentos ou sua distribuição em partes específicas do mundo, levando à fome. Os preços do petróleo bruto podem afetar os preços das commodities, causando flutuações de preços que também podem levar à insegurança alimentar, como aconteceu na crise alimentar de 2007-2008. Subsídios e medidas de apoio que distorcem o comércio internacional de alimentos também podem afetar a produção local nos países menos desenvolvidos, levando a maior insegurança alimentar.
A pandemia da COVID-19 também afetou a segurança alimentar de famílias e comunidades inteiras nos países em desenvolvimento. Devemos avaliar os reais fatores por trás desse efeito. Apesar do possível aumento nos preços dos alimentos, a pandemia afetou sobretudo a segurança alimentar por cortes de empregos e renda, privando milhões de famílias de meios para comprar alimentos saudáveis e nutritivos.
Todos sabemos que, exceto em situações específicas, a insegurança alimentar decorre principalmente da falta de renda, e não da falta de alimentos.
Durante a pandemia, o comércio internacional de alimentos e suas cadeias de valor permaneceram em sua maioria abertos, garantindo a disponibilidade de alimentos e evitando graves crises alimentares em todo o mundo.
Ainda assim, em muitos países, as medidas tomadas para combater a pandemia aprofundaram as desigualdades já existentes. Famílias que dependem de ocupações informais, assim como mulheres, jovens, idosos e pessoas com deficiência foram particularmente afetadas. Mesmo em países como o Brasil, cuja produção doméstica de alimentos alimenta de forma sustentável cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo, a insegurança alimentar aumentou devido à perda de renda.
As medidas de apoio adotadas pelo Governo Brasileiro têm ajudado a preservar mais de 12 milhões de empregos e a manter mais de 400.000 pequenas e médias empresas abertas. O auxílio emergencial beneficiou diretamente mais de 65 milhões de brasileiros. Mesmo assim, o crescimento das necessidades financeiras para responder à pandemia e a diminuição do espaço fiscal – o chamado efeito tesoura – dificultam a manutenção de medidas de apoio adequadas. Esse mesmo fenômeno está afetando, em diferentes graus, muitas nações do mundo em desenvolvimento.
Por esse motivo, é imperativo que direcionemos tanto nossos esforços domésticos quanto nossa cooperação internacional para acelerar a vacinação em massa, o que permitirá que nossas economias e as menores de países menos desenvolvidos se recuperem mais rapidamente, criem novos empregos e aumentem os níveis de renda.
Na luta contra a pandemia da COVID-19, nenhum emprego ou fonte de renda estarão seguros até que a maioria das pessoas em todo o mundo esteja totalmente vacinada. Ninguém estará seguro até que todos estejam seguros.
Obrigado a todos.
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