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Entrevista do Ministro Ernesto Araújo ao jornal Guardian Nigeria
Entrevista do ministro das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Araújo, ao jornal Guardian Nigeria (16 de fevereiro de 2020)*
“Violência: a Nigéria precisa de vontade política inflexível”
Por Bridget Chiedu Onochie, Abuja
Para que a Nigéria combata a ameaça do Boko Haram e de outros casos de violência extrema, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, diz que uma forte vontade política é crucial.
Araújo, que visitou o país recentemente para diálogos bilaterais sobre defesa, assuntos jurídicos, comércio e investimentos, observou que combater a violência extrema não requer nenhuma forma de transigência com os culpados.
“Alguns países, às vezes, enfrentam desafios semelhantes e são tentados a transigir. Não deve haver transigência [com os culpados]”, disse ele.
O ministro também identificou a necessidade da coleta de informações para combater os insurgentes de uma forma bastante criativa. “Eles escondem suas atividades de muitas formas. Assim, é necessário que haja um compartilhamento permanente de informações entre países fronteiriços para identificar suas características e como eles recrutam pessoas.”
Ao falar sobre como o Brasil pretende auxiliar a Nigéria no combate às atividades da seita Boko Haram, ele disse que um dos primeiros passos é impedir o tráfico de drogas através das fronteiras.
De acordo com ele, o país dele percebeu que as atividades de narcotráfico através do Atlântico vêm de países indianos para o Brasil, do Brasil para a África e da África para a Europa.
Ele diz:
“Esse tráfico de drogas ajuda a alimentar o terrorismo e o Boko Haram no Sahel e alhures. Então, queremos abordar essa questão bilateralmente, por meio da cooperação em segurança.”
“Queremos que haja maior coordenação para combater o corredor de tráfico de drogas do Golfo da Guiné, em especial. Estamos utilizando todos os recursos que podemos. Mais pessoas no Brasil perceberam que hoje as atividades criminosas estão todas conectadas.”
“Antes, nós tínhamos uma doutrina que tendia a ver o narcotráfico separadamente do terrorismo, e o terrorismo separadamente do crime organizado e separadamente da corrupção. Mas agora vemos todos esses como uma unidade, e está claro que precisamos ser parceiros na luta, porque estamos nos dois lados do problema, através do Atlântico Sul.”
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* Tradução não oficial. Fonte: Ministério das Relações Exteriores