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Discurso do Ministro Ernesto Araújo por ocasião do Encontro Empresarial Brasil-Israel
Discurso do Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Ernesto Araújo, por ocasião do Encontro Empresarial Brasil-Israel, em Jerusalém (02/04/2019)*
Bom dia, caros Ministros, caras autoridades, amigos,
Estamos aqui há apenas 48 horas, mas parece ser muito mais, porque, nessas 48 horas dessa visita do Presidente Bolsonaro e de parte de sua equipe, acho que já corrigimos muitas décadas de distanciamento entre o Brasil e Israel.
E já estamos começando a trabalhar aqui. Esta visita não é apenas para mostrar ao mundo uma nova amizade entre o Brasil e Israel, mas para iniciar, para colher os frutos dessa amizade, e este evento aqui mostra claramente o que podemos fazer e o que estamos começando a fazer.
Eu também gostaria de dizer que Jerusalém é um símbolo perfeito do que desejamos alcançar. É um símbolo de desenvolvimento, crescimento, tecnologia, criatividade. E, ao mesmo tempo, é um símbolo de que devemos cultivar a dimensão espiritual. Estivemos em eventos de negócios, nos últimos dias, em que, ao mesmo tempo, conversamos sobre as últimas tecnologias e recitamos a Bíblia.
Esta é uma visita que, ao mesmo tempo, tem o objetivo de prospectar novos negócios, e também é, de certa forma, uma peregrinação para nós. Por exemplo, o Presidente e o Primeiro-Ministro emitiram uma declaração conjunta que, simultaneamente, fala de inovação, fala de história, de tecnologia e liberdade religiosa, de segurança e democracia, e do Santo Sepulcro.
Alguns acham isso estranho, como se essas coisas fossem mutuamente excludentes; e elas não são. Estou certo de que não são. E essa visão holística do ser humano, onde se pode ver o ser humano, e a vida humana, e as nações, não somente de uma perspectiva econômica, mas de uma perspective de valores, é essa visão que está criando um novo Brasil e que está permitindo a criação dessa nova relação com Israel.
Eu acho que nossos povos, nos dois países, já estavam prontos para isso, e os governos finalmente estão dando a oportunidade de que esse desejo se torne uma realidade, sob a liderança forte e sábia do Presidente Bolsonaro e do Primeiro-Ministro Netanyahu.
O Brasil quer apresentar-se no mundo agora, e mover-se no mundo, em busca de paz, em busca de entendimento, de estabilidade, mas temos certeza de que precisamos trabalhar pela paz na base do que somos, e não na base da negação do que somos.
É isso que estamos tentando conseguir com nossa nova política externa. Tentar levar ao mundo o que os brasileiros querem levar ao mundo, e o que queremos ser, e os sentimentos mais profundos, e o espírito mais profundo do povo brasileiro.
Desde o início de meu trabalho com o Presidente Bolsonaro, ele me disse que queria construir uma parceria nova e grandiosa com Israel, e muitas pessoas disseram a ele “não, você não pode fazer isso”, e muitas pessoas me disseram “não, vocês não podem fazer isso, você precisa dizer ao Presidente que ele não pode fazer isso. Ele não pode construir uma nova relação com Israel.”
Mas nós prosseguimos, e aqui estamos. Aqui estamos, criando uma nova amizade que trará um novo impulso ao Brasil em tantas áreas, que nos aproximará às nossas raízes culturais e raízes históricas, como foi mencionado, e, ao mesmo tempo, isso nos ajudará com o processo de criação de riqueza e crescimento.
Algumas pessoas continuarão a dizer que não podemos fazer; e nós continuaremos a fazer o que precisamos fazer. Essa é nossa nova política externa. Uma política externa que ouve a voz do povo brasileiro, que tem base em nossa identidade, e que, a partir daí, cria novas oportunidades no comércio, investimento, defesa e segurança, entre tantas outras áreas.
O Ministério das Relações Exteriores, juntamente com sua Agência de Promoção de Exportações e Investimentos, Apex, estão prontos para avançar com esse trabalho, não somente com Israel, mas de forma muito especial com Israel. E eu quero destacar isso neste momento tão especial.
Achamos que essa relação entre o Brasil e Israel é como uma árvore. Ela pode ter muitos ramos, em investimento, segurança, inovação, energia, qualquer área. Mas, para ter ramos, você precisa de um tronco, e, para ter um tronco, você precisa ter raízes, e essas raízes devem ser regadas, e é isso que queremos fazer: regar essas raízes com amizade e cuidar desse tronco de uma relação forte, de onde esses ramos podem surgir. Muitas pessoas acham que você pode ter os ramos sem as raízes e o tronco, mas eu acho que isso é biologicamente e politicamente impossível.
Israel é um país único, e o Brasil também é um país único, tenho certeza disso, e é somente na base dessa singularidade que podemos cooperar. Não encontrando o mínimo denominador comum, mas agindo como multiplicadores um para o outro.
Israel é um exemplo, talvez o melhor exemplo, do que pode conseguir uma nação que tem autoconfiança, forte liderança, democracia e boas políticas. Uma nação de três mil anos que também é uma nação inovadora. É um país incrível, e nós realmente temos muito o que aprender de sua experiência.
Para melhor nos conectarmos com Israel, estamos criando o que estou certo que será um instrumento muito útil, o Escritório de Comércio, Investimento, Tecnologia e Inovação em Jerusalém, que será responsável por continuar fomentando e regando essas raízes e por cuidar dessa árvore para realizar completamente seu potencial. Esse é um compromisso nosso neste momento, e estou certo de que estabeleceremos esse escritório muito em breve, e tudo que estamos discutindo aqui hoje terá sua continuidade com esse instrumento.
Estamos aqui basicamente falando de tecnologia e inovação: inovação é criatividade, e criatividade, basicamente, requer liberdade, requer aquela visão integral ou holística do ser humano, da nação. E eu tenho certeza de que essa é a visão que ambos os nossos líderes – que acabaram de falar aqui, nesse painel – podem dar-nos, e, com isso, fomentar nossa relação.
Muito obrigado.
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* Fonte: Ministério das Relações Exteriores