Notícias
Discurso do Ministro Ernesto Araújo no Fórum Empresarial Brasil-Índia
Discurso do Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Ernesto Araújo, no Fórum Empresarial Brasil-Índia, em Nova Delhi (27/01/2020)*
Bom dia. É um prazer estar aqui.
Presidente Jair Bolsonaro, Presidente da República Federativa do Brasil,
Ministra Tereza Cristina, Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em nome da qual cumprimento todos os Ministros do governo brasileiro que estão presentes aqui,
Senhor Sergio Segovia, Presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil),
Excelentíssimos membros do Congresso brasileiro que fazem parte de nossa delegação,
Excelentíssimo Ministro Piyush Goyal, Ministro de Comércio e Indústria da Índia,
Senhor Niranjan Hiranandani, Presidente da Associação de Câmaras de Comércio e Indústria da Índia (ASSOCHAM), em nome de quem cumprimento todos os distintos empresários que estão presentes aqui, do Brasil e da Índia,
Senhoras e senhores, caros amigos,
É com imenso orgulho e imensa expectativa que realizamos este Fórum Empresarial aqui em Nova Delhi. Este é certamente o ponto alto desta visita presidencial à Índia, na esfera econômica e comercial.
O Presidente Jair Bolsonaro e o Primeiro-Ministro Narendra Modi já começaram, nos últimos dois dias, em Nova Delhi, um passo sem precedentes na relação entre nossas duas grandes nações. O plano de ação para o fortalecimento da parceria estratégica orientará nossos esforços em áreas de enormes e comuns interesses para os dois países: comércio, investimento, agricultura, defesa, energia, ciência e tecnologia e inovação, entre outras.
O objetivo que anunciamos, de multiplicar, em muitas vezes, o comércio bilateral nos próximos anos, é muito ambicioso – sabemos disso –, mas inteiramente compatível com o enorme potencial de nossas economias e com a determinação de nossos dois líderes.
A expansão de nosso acordo de preferências comerciais, sem exclusão prévia de nenhum setor, também será um passo muito importante na consecução desse objetivo, e mesmo em sua superação nos anos vindouros.
Desejo reforçar que o Brasil sustentará o dinamismo recém-descoberto que demos às nossas negociações comerciais nos anos vindouros, muito especialmente com a Índia, como estamos fazendo com muitos outros parceiros. Essas negociações são conduzidas pelo Ministério das Relações Exteriores, juntamente com o Ministério da Economia, o Ministério da Agricultura e outras partes relevantes de nosso gabinete.
Isso é uma novidade no Brasil, ter um governo que trabalhe junto, em equipe, esse é um dos principais resultados da liderança do Presidente Bolsonaro. Nos últimos anos e décadas, as negociações não avançaram, não foram longe, por causa – entre outros fatores – da falta de união no governo. Havia o Ministério das Relações Exteriores pensando uma coisa, o Ministério da área econômica pensando outra, com ideias diferentes, a Agricultura aqui, a Ciência e Tecnologia ali. Isso foi superado. Agora trabalhamos em equipe, e é por isso, em parte, que estamos tão confiantes de que podemos avançar.
A estratégia que estamos adotando nesta abertura da economia brasileira, no dinamismo de comércio e investimento, está funcionando. Estamos convencidos de que a expansão do nosso comércio e a nova conexão com grandes economias são responsáveis por um novo Brasil, por um novo papel para o Brasil nas relações econômicas internacionais. Um sinal disso é o fato de que, no ano passado, 2019, atingimos a quarta posição entre os maiores receptores de investimento estrangeiro direto.
Estamos ampliando os horizontes para a nossa produção, para os nossos serviços. Queremos estar no centro da Quarta Revolução Industrial. Também estamos ampliando os horizontes para o agronegócio, para todos os setores da economia.
Em todos esses setores, queremos caminhar juntamente com a Índia. O Brasil e a Índia, juntos, podem potencializar a capacidade de cada um de tornar-se uma economia líder, uma economia vibrante no mundo.
Eu acho que esta visita está mostrando que podemos fazer tudo isso enquanto permanecemos leais a nossos valores e a nossas identidades. Vimos isso de forma clara ontem na maravilhosa parada do Dia da República em Nova Delhi. Nós, do Brasil, vimos na Índia um país que é poderoso, orgulhoso de si mesmo, unido em sua diversidade e na profundidade de sua cultura, na felicidade do povo, na variedade infinita de suas cores e suas expressões culturais.
Um povo vigoroso; uma sociedade que, com a liderança do Primeiro-Ministro Modi, está modernizando-se sem desistir de suas traduções, que está construindo-se a partir de suas raízes, de sua essência, e não dos dogmas frios daqueles que pregam o mundo pós--nacionalista ou antinacionalista, daqueles que dizem que as nações deveriam renunciar a seus sentimentos e a suas identidades para progredir e competir. Eu acho que é exatamente o oposto.
Apenas nações que vivem e se reconhecem como nações podem aspirar a ser algo no mundo. Eu acho que essa é a lição da Índia; e essa também é a lição que o Brasil está tentando ensinar ao mundo. Esse é um dos nossos principais, talvez o principal ponto de convergência que encontramos.
E é por causa dessa convergência de ideias, de visões de mundo, que pudemos assinar esse número sem precedentes de acordos, que acreditamos ser apenas o começo, mas já é um começo bastante substancial: quinze acordos e memorandos assinados anteontem entre os dois países.
Já estamos trabalhando, e este evento aqui é o começo desse caminho muito difícil, mas muito promissor. Estamos começando a identificar barreiras ao comércio, a trabalhar para remover tais barreiras, a identificar assuntos regulatórios que precisamos mudar para fomentar o investimento e abrir novos mercados.
Já temos os instrumentos para isso, mas o principal instrumento é o contato de pessoa a pessoa, contatos empresariais, para trazer – digamos – a determinação política para a construção dessa nova relação para a realidade de contratos específicos, de iniciativas específicas. Para ver e identificar o que funciona e o que não funciona em aspectos regulatórios, em aspectos comerciais.
Apenas para dar um exemplo do caminho que estamos projetando, o acordo de cooperação e facilitação de investimentos dará novas orientações e abrirá novas oportunidades de diálogo nessa área importante de investimento. Empresas indianas já acumulam 6 bilhões de dólares em investimentos no Brasil – em áreas como energia, química, automóveis –, enquanto os investimentos brasileiros na Índia já somam 1 bilhão de dólares. Mas esse é claramente apenas o começo; assim como podemos fazer com o comércio, podemos multiplicar esses fluxos de investimento em muitas, muitas vezes.
Temos oportunidades que serão discutidas aqui hoje. Não quero entrar em muitos detalhes sobre tudo o que podemos fazer em ciência, tecnologia e inovação; energia; agricultura e agronegócio. Gostaria apenas de mencionar que, entre essas áreas, um setor muito importante, do meu ponto de vista, é o de etanol e biocombustíveis. Identificamos que temos um conjunto de interesses totalmente convergentes na área de etanol, entre outras áreas muito promissoras. É um setor em que certamente podemos trabalhar juntos a partir de nossas respectivas políticas e de nossos respectivos interesses.
O conjunto de acordos que assinamos, e outros acordos que pretendemos assinar, as negociações que desejamos estabelecer no comércio – e é por isso que é tão importante ter aqui o Ministro Goyal, para testemunhar o enorme dinamismo e interesse da comunidade empresarial –, para mim, tudo isso tem sido muito impressionante, porque uma coisa é saber das oportunidades dos mercados um do outro, e outra é ver o enorme engajamento dos empresários.
Isso é algo que gostaríamos de começar amanhã. Quando voltarmos para casa, começaremos a preparar nossas propostas para essas negociações, esses engajamentos, também no nível de relações exteriores como um todo. Já tive conversas muito promissoras e interessantes com o Ministro de Relações Exteriores Subrahmanyam Jaishankar, estamos procurando uma data nos próximos dois meses para nos encontrarmos em Brasília, para continuarmos dando forma a tudo que foi proposto durante esta visita.
O que eu gostaria de destacar, de forma muito especial, é que o que podemos fazer entre governos somente pode tornar-se uma realidade com o engajamento do setor privado. Estamos construindo uma estrada na qual os senhores transitarão. Os senhores transformarão essa nova era das relações entre Brasil e Índia em realidade.
Nesse sentido, elogiamos enormemente a decisão anunciada pelo Dr. Hiranandani de abrir um escritório da ASSOCHAM no Brasil. Isso claramente será um pilar dessa nova fase de nossa relação.
Então, para concluir, eu gostaria apenas de destacar que o Ministério das Relações Exteriores e a Apex-Brasil, juntamente com todos os ministérios aqui representados e os outros que não estão representados aqui, estão completamente abertos – sob a liderança do Presidente Bolsonaro – a construir, juntamente com os senhores, juntamente com o setor privado, essa nova era da relação entre Brasil e Índia, que é uma parte essencial da nova era, a era transformacional que o Presidente Bolsonaro iniciou no Brasil.
Muito obrigado.
________________
* Fonte: Ministério das Relações Exteriores