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Declaração à imprensa do Ministro Ernesto Araújo por ocasião de sua visita à Polônia – Varsóvia
Declaração à imprensa do ministro de Estado das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Araújo, por ocasião de sua visita à Polônia – Varsóvia (10/05/2019)*
Muito obrigado! Muito obrigado, chanceler Czaputowics!
É uma grande honra, uma grande alegria para mim ser recebido aqui pelo senhor, como dizia, já estamos nos encontrando pela terceira vez em apenas quatro meses. Isso é um sinal muito claro da alta prioridade que as nossas relações bilaterais têm para os nossos respectivos governos.
Estou muito feliz com o programa que estou cumprindo aqui em Varsóvia. Esta manhã estive no Instituto de Relações Exteriores e Comercio Internacional, com uma discussão sobre as ideias da nossa política externa. Tivemos uma excelente reunião agora com o ministro [Jacek] Czaputowics, e terei a honra de ser recebido por uma visita de cortesia pelo presidente [Andrzej] Duda, agora, esta tarde, trazendo uma mensagem de grande interesse, de grande amizade do presidente Jair Bolsonaro.
Terei a oportunidade também de visitar o museu do Levante de Varsóvia, do Warsaw Uprising, uma maneira de prestar minha homenagem, uma homenagem do povo brasileiro e nossa admiração pela Polônia como uma nação, como um povo que sempre lutou pela sua liberdade e que é um exemplo para todo o mundo, nesse sentido.
Reiterar, também, a grande importância da presença de comunidade de origem polonesa no Brasil. Isso é um laço extraordinário que nós temos com a Polônia e uma plataforma também de ação e de interação, inclusive no terreno cultural, que nós queremos muito desenvolver.
Hoje nos parece que a Polônia é um exemplo, é um país extremamente significativo dentro da agenda que nos temos na nova política externa brasileira. Uma agenda que procura unir o trabalho pelo crescimento econômico, pela abertura econômica, geração de empregos, geração de riquezas e, ao mesmo tempo, a defesa dos ideais e das aspirações do nosso povo.
A Polônia é, tenho certeza, um exemplo de grande sucesso nesse sentido: Um país que tem uma taxa de crescimento invejável, de 5% ao ano, como dizia o ministro, e, ao mesmo tempo, fiel à essência da sua nacionalidade. Isso é, basicamente, o que nós queremos fazer no Brasil, ou seja, conjugar os nossos interesses e os nossos valores.
Como uma prova disso, com base em um excelente entendimento entre nós, já estamos avançando em entendimentos muito concretos para o avanço das nossas relações. Também como mencionava o ministro, pretendemos criar uma comissão mista de comércio e investimentos para dar forma, estímulo ao extraordinário potencial de engajamento bilateral nessa área. Existe, já, um comércio importante, mas pode ser muito maior, e precisa de um estimulo por parte dos governos, e, sobretudo, uma plataforma de conexão com o setor privado dos dois países para gerar novas ideias e novos negócios nessa área.
Uma área de grande relevo também nessa relação é, e será, cada vez mais, a defesa, tanto a cooperação na área de defesa quanto a indústria de defesa. Temos, ambos os países, indústrias de defesa significativas, e a interação entre nós pode criar extraordinárias oportunidades para ambos. Então, já estamos, também como mencionava o ministro, programando uma primeira interação entre as nossas indústrias de defesa para muito breve, e haverá um campo enorme para trabalhar nessa área.
Conversamos um pouco sobre nossas visões do sistema multilateral. Comentei que o Brasil continua, como é sua tradição, muito engajado no sistema multilateral, tanto econômico quanto político, tanto no sistema das Nações Unidas quanto em outras iniciativas, com uma perspectiva de que o sistema multilateral deve servir aos interesses dos seus membros, dos seus países e, em alguns casos, precisa de reformas para ganhar mais eficiência e para que possa responder às expectativas dessa comunidade. O Brasil não tem absolutamente nenhum problema com o sistema multilateral; apenas, assim como outros países, achamos que tem que ser um sistema que trabalha a partir dos interesses dos seus membros e não, como as vezes é o caso, a partir de uma agenda criada de fora, criada por organizações não governamentais ou por outros atores.
Falamos de vários projetos onde o Brasil está engajado, e que também tem a participação da Polônia, como o interesse brasileiro de começar o mais breve possível o processo de adesão a OCDE. Esse processo já conta com apoio de todos os membros atuais. Nós precisamos apenas começar o processo, e será um grande estimulo para o processo de reformas domésticas da economia brasileira, cujo propósito é criar uma economia moderna, uma economia eficiente, muito mais aberta para o mundo, menos dependente do Estado, mais voltada para o setor privado e mais competitiva.
No mesmo sentido, também, um projeto da maior significação, tanto econômica quanto estratégica, será o acordo de livre comércio MERCOSUL-União Europeia, que já leva vinte anos de negociação e que, agora, com grande empenho deste governo brasileiro, está muito perto de sua conclusão. Precisamos de uma rodada final, onde precisamos ter concessões de parte a parte, mas acreditamos que estamos muito perto, e isso criará imensas oportunidades para os nossos produtos aqui no mercado polonês e também para os produtos poloneses no Brasil.
Além de reforçar o nosso processo de integração na América do Sul. O Brasil parte de uma renovação do processo de integração da América do Sul, tem já uma base sólida no MERCOSUL, outra base sólida na Aliança do Pacífico, mas acabamos de criar uma nova unidade que tenta consolidar esse processo, que é o PROSUL [Foro para o Progresso e Integração da América do Sul], um projeto de integração baseado na democracia, inequivocamente, e no livre mercado, sem nenhuma ambiguidade, como alguns projetos do passado, que eram, muitas vezes, demasiado tolerantes com regimes não democráticos.
O principal problema nesse sentido que nós enfrentamos hoje, e que é um problema não só da América do Sul, mas de toda comunidade internacional amante da democracia, é a Venezuela. A Venezuela tem hoje um regime que deixou seu país entrar em colapso, que deixou que se criasse uma crise humanitária de gigantescas proporções e que não tem nenhuma intenção de modificar essa situação. A única maneira é o fim desse regime, a única maneira de avançar é que esse regime abandone a Venezuela e deixe os venezuelanos escolherem seu destino através de uma eleição democrática. Claro, o Brasil é especialmente afetado por essa situação, como um país vizinho da Venezuela, com dois mil quilômetros de fronteira com a Venezuela, mas países de outras regiões, muito especialmente da Europa, países como a Polônia, amantes da liberdade, amantes da democracia, têm todo o interesse e disposição de colaborar, e agradecemos muito esse envolvimento da Polônia.
Uma área já mais distante para o Brasil e mais próxima para a Polônia é o Oriente Médio. Mas, embora geograficamente distante, é uma área da qual o Brasil se sente muito próximo e onde queremos continuar colaborando para a paz e o bom entendimento naquela região, com base nas excelentes relações que estamos desenvolvendo tanto com Israel quanto com os países árabes. Então, comentamos um pouco os resultados e o follow-up da reunião sobre paz e cooperação no Oriente Médio de fevereiro último, aqui em Varsóvia, da qual eu tive a alegria também de participar. E confirmei que o Brasil está muito interessado em continuar participando desse processo e contribuindo para a paz no Oriente Médio.
Todos esses projetos, todas essas iniciativas, nós temos certeza de que convergirão para um novo patamar no relacionamento Brasil-Polônia, e esperamos que isso seja consolidado por uma próxima visita do presidente Jair Bolsonaro à Polônia. Precisamos encontrar uma data, mas o presidente Bolsonaro quer muito efetuar essa visita à Polônia em breve.
Obrigado!
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* Vídeo disponível no canal do Itamaraty no YouTube.