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Declaração à imprensa do Ministro Ernesto Araújo por ocasião da visita ministro da Europa e dos Negócios Estrangeiros da República Francesa, Jean-Yves le Drian
Declaração à imprensa do ministro de Estado das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Araújo, por ocasião da visita ministro da Europa e dos Negócios Estrangeiros da República Francesa, Jean-Yves le Drian – Palácio Itamaraty (29/07/2019)*
Bom dia a todos!
Temos hoje a grande alegria e honra de receber aqui o ministro Jean-Yves Le Drian, ministro da Europa e dos Assuntos Estrangeiros da República Francesa. Nós já havíamos tido uma conversa muito produtiva em Paris, no final de maio, e hoje demos continuidade a uma conversação muito densa, muita ampla, sobre relação bilateral e vários temas da agenda internacional, e continuaremos ainda essa conversa com alguns temas agora, durante o almoço.
Falamos, antes de mais nada, sobre a importância recíproca que nós damos à parceria estratégica Brasil-França, uma parceria que se desdobra em praticamente todos os terrenos de atividade, e onde temos uma perspectiva de novas iniciativas para contribuir tanto com o processo de desenvolvimento brasileiro quanto com o crescimento econômico, com a cooperação em tantos domínios como, inclusive, luta contra a criminalidade, contra o crime organizado, e tantos outros aspectos.
Para citar alguns desses aspectos dos quais falamos, o terreno da defesa, onde a parceria com a França, no terreno das indústrias de defesa, é absolutamente essencial para as Forças Armadas brasileiras. Isso corre muito bem. Conversamos sobre alguns pontos que, evidentemente, em conjunto com o Ministério da Defesa e com as Forças Armadas, precisam ser aprofundados, alguns detalhes que sempre precisam ser aprofundados, mas com a perspectiva de uma continuação muito produtiva dessa relação.
Falamos de toda a dimensão econômica, evidentemente. O Brasil, procurei colocar um pouco isso, torna-se um país cada vez mais atrativo para investimentos franceses, de companhias francesas, tanto com a abertura econômica quanto com a estabilidade fiscal que, todos esperámos, virá com a reforma da Previdência, quanto com a criação de um clima de negócios muito mais favorável no Brasil.
Dentro desse aspecto, nós saudamos a conclusão recente das negociações do acordo MERCOSUL-União Europeia. É um acordo que abre perspectivas excelentes para o setor privado dos dois países, para os investidores, redução de custos, um acordo que nos permitirá, às nossas empresas, tanto aqui como na França, no caso, e países europeus, se posicionarem melhor nas cadeias globais de valor. Enfim, saudamos esses aspectos do acordo, sempre lembrando também que, como há interesses dos dois lados, implicou esforços negociadores grandes dos dois lados. Vamos continuar conversando sobre esses elementos. Temos que passar por todo o processo de aprovação legislativa do acordo tanto na França quanto nos outros países europeus, quanto no Brasil e nos outros países do MERCOSUL, mas tudo isso dentro de uma perspectiva de uma convicção sobre o interesse muito grande que existe nesse entendimento.
Fiquei muito feliz de ouvir do ministro Le Drian que a França mantém seu apoio integral à adesão do Brasil à OCDE. É uma adesão que precisa apenas de uma data para que o processo formal comece, mas no qual o Brasil já está se preparando, já está participando de praticamente todos os foros da OCDE. Temos certeza de que isso será favorável para os dois países; no nosso caso, muito certamente, para consolidar o processo de reformas e dar o selo de qualidade da economia brasileira.
Um terreno que nos interessa muito, aos dois países, que é o do meio ambiente, nós concordamos em estabelecer um grupo de trabalho informal, mas com muita atenção, para trocar de maneira mais sistemática e mais profunda informações sobre a temática ambiental, tanto sobre os compromissos dos dois países ao amparo do Acordo de Paris, tanto os compromissos do Brasil quanto os da França, quanto para trocar informações precisas, científicas, sobre todo o tema da proteção ambiental nos dois países e nas duas regiões.
Conversamos sobre a situação regional na América do Sul, na América Latina. Deixei clara a nossa percepção de que a América Latina tem um futuro brilhante pela frente – a América do Sul, sobretudo –, com uma integração baseada nos pilares da democracia e das economias abertas, e, ainda, com um obstáculo, que esperamos seja vencido brevemente, que é a questão da Venezuela. Compartilhamos, também, o nosso grande interesse, dos dois países, em contribuir para que, muito proximamente, tenhamos uma Venezuela novamente democrática. Reiteramos nosso apoio ao processo conduzido pelo governo interino do presidente Juan Guaidó e ficamos de continuar fazendo todo o esforço diplomático para contribuir a uma solução diplomática na Venezuela.
E, entre tantos temas, só para citar mais um, Brasil e França são países vizinhos, entre Guiana Francesa e Amapá, temos uma fronteira enorme e interesses compartilhados de grande monta. Então, nós saudamos resultados recentes de uma reunião de cooperação transfronteiriça, onde estamos avançando em temas como a questão de uma possível isenção de vistos; a integração física e tantos outros aspectos da integração entre Amapá e Guiana Francesa, que é parte fundamental da integração entre Brasil e França. Há vários desafios na região, inclusive de segurança, que precisam ser enfrentados em conjunto, e temos a convicção de que há um enorme interesse recíproco em desenvolver essa cooperação.
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* Vídeo disponível no canal do Itamaraty no YouTube.