Notícias
Declaração à imprensa do Ministro Ernesto Araújo por ocasião da visita do Ministro das Relações Exteriores do Chile, Teodoro Ribera Neumann
Declaração à imprensa do ministro de Estado das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Araújo, por ocasião da visita do ministro das Relações Exteriores do Chile, Teodoro Ribera Neumann – Palácio Itamaraty (05/09/2019)*
Muito bom dia a todos!
Acabamos de sair de uma excelente e muito profícua reunião com o ministro das Relações Exteriores do Chile, querido amigo, o chanceler Teodoro Ribeira, cuja presença, antes de tudo, queria saudar, muito especialmente aqui em Brasília, sua primeira presença em Brasília durante a sua gestão à frente da chancelaria chilena.
Nós constatamos, antes de mais nada, o caráter muito especial da relação, hoje, entre Brasil e Chile. Falamos de assuntos de toda natureza, de maneira muito profunda. Nós temos uma afinidade de visões muito clara e uma convergência de interesses muito clara também. Temos uma relação muito densa, acho que como nunca tivemos, entre os dois países, e que está produzindo resultados e que, tenho certeza, produzirá muitos resultados muito rapidamente.
Para dar alguns exemplos de temas dos quais nós falamos, antes de mais nada, reiterei os agradecimentos do Brasil pela ajuda que o Chile está prestando no combate aos incêndios na Amazônia: quatro aviões chilenos já operando no território brasileiro. Já nos foi mencionado que é uma ajuda da maior utilidade por parte das pessoas que estão na operação de combate aos incêndios. O Brasil agradece muito, o presidente Bolsonaro agradece muito ao presidente Piñera por essa cooperação.
Falamos muito da necessidade de que, neste semestre, aproveitemos a presidência brasileira do MERCOSUL e a presidência chilena da Aliança do Pacífico para concretizar a aproximação entre os dois grupos. Já é algo que se fala há alguns anos, mas ainda carece de instrumentos mais concretos, e vamos fazer de tudo para que haja um instrumento concreto de aproximação e de concatenação entre os dois grupamentos ainda este ano, durante as duas presidências. Isso como um símbolo e um marco da enorme importância do todo o nosso relacionamento econômico, também bilateral, entre Brasil e Chile.
Falamos de um tema muito especial para nós, a cooperação antártica. A cooperação do Chile ao Brasil é fundamental para nossa presença na Antártida. O Brasil vai reinaugurar, como sabem, proximamente, sua base naquele continente, sua base na Antártida. A já tradicional cooperação que o Chile nos brinda, a cooperação que temos, em conjunto em temas científicos na Antártida e em torno de temas antárticos, é da maior importância para o Brasil e do maior significado.
Outro exemplo, ficamos de estabelecer um grupo entre as unidades de planejamento político das duas chancelarias para pensar o futuro da relação Brasil-Chile, da nossa inserção internacional, vamos ver exatamente como vamos formatar essa parceria, esse grupo específico, mas isso dá um sinal claro de que queremos ver a relação para além do dia de hoje, para além dos temas imediatos, com uma dimensão estratégica.
Em toda a parte de ciência e tecnologia, aliás, não só na pesquisa em relação à Antártida, nós queremos aprofundar muito e falamos muito na necessidade de que a cooperação científica seja focada em resultados que gerem produtos, gerem inovação, e que não fiquem simplesmente na dimensão científica. Essa é outra coincidência de visão que nós constamos entre nós.
Nós estamos muito perto de assinar um acordo de cooperação em cibersegurança. Isso vai ajudar na capacitação dos dois países nessa área fundamental da segurança hoje, que extrapola os temas clássicos de segurança, e cada vez é mais fundamental. Constatamos, também, muita convergência nessa dimensão.
Combate ao narcotráfico: isso é um desafio que identificamos em comum. É um grande desafio para a nossa região. Ficamos de aprofundar conversas, aprofundar instrumentos de cooperação para o combate ao narcotráfico. Somente um exemplo do aumento da prioridade brasileira nesse terreno, nós vimos que o Brasil, este ano, teve o recorde de apreensão de cocaína, por exemplo, chegando a uma apreensão de 60 mil toneladas em comparação com uma média de, acho, menos de 20 mil ao longo dos últimos anos. Isso certamente reflete um esforço acrescido do governo brasileiro no combate ao narcotráfico, e, portanto, uma área onde precisamos de mais cooperação com os países da região e com o Chile muito especialmente, nesse caso.
E para mencionar, também, um tema que é de grande prioridade para os dois países, o Chile vai sediar a COP-25, a Conferência do Clima, agora proximamente, em dezembro. O Brasil está pronto a contribuir para o bom resultado da conferência. Estamos prontos para levar para a COP-25, no Chile, algo que está muito presente hoje no noticiário, a realidade da Amazônia, a realidade dos esforços, das nossas políticas para a preservação da Amazônia, para o desenvolvimento sustentável, as realidades do caráter sustentável e respeitoso do meio ambiente da agricultura brasileira, então, tenho certeza de que essa contribuição, essa cara de um Brasil que protege seu meio ambiente e que, ao mesmo tempo, tenta assegurar o desenvolvimento sustentável da sua população, será uma contribuição que nós poderemos dar a essa importantíssima reunião no Chile.
Esses são alguns exemplos apenas do diálogo muito rico que nós tivemos, e quero realçar que temos mais do que simplesmente coincidência de visões específicas, acho que temos um sentimento comum a respeito de que como é essencial, para o futuro da nossa região, a amizade e a cooperação Brasil-Chile.
Muito obrigado!
________________
* Vídeo disponível no canal do Itamaraty no YouTube.