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Declaração à imprensa do Ministro Ernesto Araújo por ocasião da visita do Chanceler da Hungria, Péter Szijjártó
Declaração à imprensa do ministro de Estado das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Araújo, por ocasião da visita do chanceler da Hungria, Péter Szijjártó (08/10/2019)*
Boa tarde a todos!
Esse é um momento muito especial para mim, pessoalmente, muito especial para as relações Brasil-Hungria. Receber aqui a visita do ministro das Relações Exteriores da Hungria, meu amigo Péter Szijjártó, com a sua delegação, e com a presença, também, de três outros ministros do governo brasileiro.
Essa nova relação entre Brasil e Hungria começou no dia 1º de janeiro, com a posse do presidente Bolsonaro e a visita do primeiro-ministro Orbán, da Hungria, ao Brasil. Na verdade, começou antes. Nós já estávamos trabalhando, sabíamos da grande afinidade de ideias, da grande afinidade de propósitos, de programas, entre os dois governos, e estamos concretizando isso na prática.
Tive a honra de ser recebido pelo ministro Szijjártó, em Budapeste, em maio, e agora temos a alegria da retribuição da sua visita, em um momento que encerramos também a comissão mista econômica Brasil-Hungria, pela primeira vez em nível ministerial, seguindo uma proposta do ministro Szijjártó. Isso é uma concretização, o inicio da concretização de um imenso potencial nas relações, e também o símbolo de uma relação muito especial que nós queremos, estamos desenvolvendo entre os dois países.
Nós partimos de uma base comum na convicção de que o desenvolvimento, o crescimento econômico, a modernização da economia, deve dar-se, talvez somente possa dar-se com base em sociedades sólidas, em nações soberanas, povos que se sentem como povos, que sentem e vivem a sua identidade. E isso é algo que, nos dias de hoje, não é óbvio, e é algo que une muito profundamente Brasil e Hungria.
Nós temos a convicção de que essa base é o que está permitindo-nos explorar o potencial, que não era explorado, nas relações. Também em um momento em que o Brasil vive um programa de abertura econômica, de dinamização de toda atividade econômica, empresarial, investimentos.
Isso faz parte de um processo de reformas, também, que o Brasil está vivendo e que os nossos amigos húngaros percebem; em grande parte, um processo pelo qual eles já viveram com excelentes resultados. A Hungria, além de um excelente parceiro, é também uma fonte de inspiração para o Brasil. Uma fonte de inspiração porque, a partir dessa convicção, da sua identidade, da sua nacionalidade, criou um programa econômico eficiente que hoje lhes permite ter uma taxa de crescimento superior a 5% ao ano – uma das maiores taxas de crescimento da Europa, senão a maior –, provando que essas duas coisas, crescimento econômico e eficiência econômica e sentimento nacional, vão juntas e reforçam-se mutuamente.
Vimos aqui, já, resultados concretos dessa parceria nos vários atos que foram assinados hoje em áreas como tecnologia agrícola, cooperação espacial, cooperação na parte de recursos hídricos e várias outras. Temos um entusiasmo imenso pelo que vai acontecer, certamente, em termos de investimentos recíprocos, entre os dois países, em áreas de alta tecnologia, onde a Hungria tem um avanço extraordinário.
Áreas de educação, também, falamos muito disso, a cooperação educacional. A Hungria já recebe um número muito grande de estudantes brasileiros superiores, de curso superior; queremos também retribuir isso para estudantes húngaros no Brasil, contribuindo não só para a capacitação tecnológica, mas também para um maior conhecimento entre os dois países. Nós estamos convencidos de que quanto mais houver esse contato entre as duas sociedades, mais produtivo será o nosso relacionamento.
Nós temos uma convergência muito grande, também, de visões sobre o que acontece hoje no mundo, no sistema multilateral e nas respectivas regiões. Conversamos um pouco sobre isso na excelente conversa que tive com o ministro Szijjártó. Recentemente estivemos juntos, em Nova York, na sessão que nós dois copresidimos para o combate à perseguição aos cristãos ao redor do mundo, dentro da agenda de liberdade religiosa, que, para nós, é uma agenda prioritária. Orgulho-me muito de ter estado e de continuar ao lado do ministro da Hungria nessa tarefa de trabalhar também pela liberdade religiosa.
De modo que estamos juntos ao longo de todo espectro das nossas relações, da nossa atuação internacional. Somos muito gratos à Hungria pelo apoio que nos dá no processo que se iniciará em breve, esperamos, de ratificação do Acordo MERCOSUL-União Europeia, e no processo, também, de nossa entrada, do Brasil na OCDE. Coisas que consolidarão, certamente, ajudarão muito a consolidar essa nossa nova filosofia econômica de abertura e de eficiência com uma base nacional forte.
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* Vídeo disponível no canal do Itamaraty no YouTube.