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Artigo do Ministro Ernesto Araújo publicado no jornal cabo-verdiano Expresso das Ilhas
O futuro das relações Cabo Verde-Brasil (Expresso das Ilhas, Cabo Verde, 08/12/2019)*
Ministro das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Araújo
Antes mesmo de nossa formação como nação, Cabo Verde esteve presente em nossa história. Foi a 370 léguas, a Oeste da Ilha de Santo Antão, que se traçou a linha de Tordesilhas. Temos fortes vínculos com este país, do que é simbólica a história de Simão Salvador, marinheiro santantonense, cujo ato heroico, não por acaso, estampa-se à entrada da embaixada brasileira em Praia.
O Brasil reconheceu de imediato a independência de Cabo Verde, e, em 1981, abriu representação diplomática residente. Como não poderia deixar de ser, fez-se presente, desde então, nas mais diversas áreas. No âmbito da cooperação educacional e técnica, por exemplo, são mais de quarenta anos de formação, no Brasil, de cerca de cinco mil estudantes cabo-verdianos, em programas de convênio; são, ademais, muitas as ações e projetos, com notável vocação estruturante, nas áreas de saúde, educação, habitação, entre outras.
Irmanados pelo Atlântico, ambos os países têm colaborado ativamente nas ações de defesa e combate a ilícitos internacionais. Desde 2013, o Brasil mantém missão naval junto à Guarda Costeira de Cabo Verde, contribuindo para a preparação e desenvolvimento de suas ações, em coordenação com a Adidância de Defesa e Naval brasileira, inaugurada em 2014.
O Centro Cultural Brasil-Cabo Verde, instalado em Praia em 2008, mantém estreita coordenação com as instâncias culturais cabo-verdianas, levando a termo projetos diversos e cursos de língua portuguesa voltados principalmente a jovens e crianças. São políticas que atestam a relevância e o alcance de nossas ações conjuntas.
Ambicionamos implementar ainda mais iniciativas comuns. Vamos trabalhar para ampliar nosso relacionamento econômico, reforçar os laços culturais que mantemos e aperfeiçoar a tão profícua cooperação técnica. O Brasil está atento à intenção do governo cabo-verdiano de materializar uma política de desenvolvimento sustentável em bases autônomas, para o que a participação de investimentos privados constitui um pilar fundamental.
Permaneceremos unidos e seguiremos adiante, com otimismo e certeza de um futuro cada vez mais promissor para o desenvolvimento de nossas nações e o bem-estar de nossos povos.
País escolhido como etapa inicial de minha primeira visita à África, Cabo Verde, com seu extenso patrimônio cultural e sua morabeza, afigura-se, por todos os motivos, como a porta de entrada do Brasil no continente africano.
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