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Inventário Florestal Nacional
Inventário Florestal Nacional lança dados abertos das espécies do Cerrado
Os dados abertos do Inventário Florestal Nacional (IFN) para o bioma Cerrado foram disponibilizados, nesta sexta-feira (15/08), no X Encontro e feira dos povos do Cerrado, durante a oficina sobre informação florestal realizada pelo SFB em parceria com o Projeto FIP (Forest Investment Program).
A publicação do IFN Cerrado traz informações como a identificação botânica das árvores medidas, diâmetro à altura do peito (DAP), altura e sanidade das árvores amostradas. Foram lançados também os dados abertos sobre o uso das espécies, provenientes do levantamento socioambiental. Nele, os profissionais de levantamento de campo entrevistam os moradores do entorno dos pontos amostrais para entender a influência da floresta e seus recursos no modo de vida dessa população. Estão disponíveis para acesso informações oriundas de mais de 12 mil entrevistas.
Na oficina, a coordenadora do Sistema Nacional de Informações Florestais, Raquel Leão, e a analista ambiental, Graciema Pinagé, apresentaram os dados lançados com enfoque no levantamento socioambiental, com a espacialização das 16 espécies mais utilizadas pelos entrevistados. O público pôde trocar experiências e apresentar demandas de informações para enriquecimento da metodologia de coleta e de publicação das informações geradas pelo inventário.
Um dos participantes da oficina, João Lucas Owau, indígena do povo Xavante, enfatizou a importância da articulação para avanço do IFN dentro das terras indígenas. João é morador da Aldeia Abelhinha, localizada nas Terras Indígenas Sangradouro e Volta Grande, no Mato Grosso.
“É importante registrar a biodiversidade também dentro da Terra Indígena, e mostrar como nós trabalhamos para preservar a vida dos animais e das árvores. Hoje há pressão para construção de hidrelétricas no Rio das Mortes, que corta o nosso território. Realizar o inventário mostraria a enorme riqueza das espécies que dependem do rio e da mata ciliar.” João destacou o uso de pequi e mangaba pelos habitantes das terras indígenas Sangradouro e Volta Grande. Pelo levantamento do IFN, ambas as espécies constam na relação das mais utilizadas pelos entrevistados.
O diretor de fomento florestal do SFB, André Aquino, falou sobre a disponibilização dos dados do IFN. Para ele, é importante destacar toda a cadeia de trabalho necessária para que esses dados estejam à disposição da sociedade, desde o esforço de coleta de dados em campo, a identificação botânica, ao trabalho em parceria com herbários e a atuação de diversos especialistas para o tratamento adequado das informações. Ele falou também da relevância dos dados disponibilizados.
“Essas informações podem mostrar o desenho e implementação de políticas públicas para a restauração da floresta e fomento à bioeconomia. O IFN permite conhecer as espécies presentes próximas às áreas a serem restauradas, além de mapear árvores que podem servir de sementeiras, ou seja, fornecer sementes para os esforços de recuperar a floresta. Os dados disponibilizados contêm a identificação de todas as espécies vegetais levantadas pelo IFN. Estamos trabalhando para aumentar a acessibilidade de todos os dados do IFN”, disse o diretor.
Inventário Florestal Nacional
O Inventário Florestal Nacional já iniciou a coleta em todos os estados brasileiros, e possui a coleta concluída em 18 unidades da federação. Está com a coleta em andamento na caatinga da Bahia e do Piauí, como parte do projeto “Informações sobre manejo florestal para a conservação e valorização dos recursos florestais no Brasil”, que é executado em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), e financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) por meio do Programa de Investimentos Florestais (FIP). O projeto prevê a finalização de coleta e disponibilização dos dados de todos os biomas, com exceção da Amazônia, até 2026.
Acesse aqui os dados abertos do IFN no Cerrado.