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Serviço Florestal Brasileiro promoveu debate sobre a cadeia produtiva da castanha-do-brasil e do açaí
Imagem: Serviço Florestal Brasileiro.
O webinário “Bioeconomia da Floresta: Desafios e Oportunidades para o Desenvolvimento da Cadeia da Castanha e do Açaí nos estados do Pará, Amapá e Mato Grosso” aconteceu nesta quinta-feira (24). O encontro debateu desafios e oportunidades para a promoção da cadeia da castanha-do-brasil e do açaí, oportunidades de promoção e de crédito para a cadeia da sociobiodiversidade e oportunidades de compra e subvenção de produtos das cadeias da sociobiodiversidade.
O evento foi promovido pelo Serviço Florestal Brasileiro e contou com a participação de representantes da Embrapa, da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Banco da Amazônia e da Companhia de Abastecimento (Conab).
O diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Valdir Colatto, destacou que os produtos não madeireiros da floresta, oriundos da biodiversidade brasileira, produzem cerca de 700 mil toneladas de alimentos e arrecadam 1,2 bilhões de reais por ano. “Os principais produtos alimentícios da Amazônia sã o açaí e a castanha-do-brasil, respondendo por uma arrecadação anual de R$730 milhões”, disse Colatto.
“Os órgãos do Governo Federal precisam unir esforços, pesquisas e estudos para fortalecer a bioeconomia da floresta, desenvolvendo tecnologias para que as Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal recebam o cultivo de plantas que gerem emprego e renda para os produtores rurais, comunidades tradicionais e todos que vivem nas florestas. Esse é o caminho para proteger o meio ambiente com sustentabilidade”, afirmou Colatto.
Amazônia
O chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Adriano Venturieri, falou que é importante destacar as pautas positivas da Amazônia. “O açaí e a castanha são muito importantes para os estados do Pará, Amapá e Mato Grosso. A Embrapa, a partir de 2004, introduziu novas variedades de açaí no Pará, o que permitiu ao estado sair do perfil de ser exclusivamente extrativista para ser agricultor também”.
“A importância do cultivo do açaizeiro é tão significativa que durante a pandemia as batedoras de açaizeiro entraram no perfil de atividade essencial na Amazônia e não pararam com as suas atividades. O açaí é o sangue da Amazônia e corre na veia toda a região”, disse o chefe-geral.
Adriano Venturieri ressaltou ainda que “a Embrapa sempre estará ao lado da academia, da sociedade e do Serviço Florestal Brasileiro para que possamos desenvolver produtos, tecnologia para elevar a Amazônia ao nível de sustentabilidade que ela merece. Não podemos mudar nosso passado de ocupação, mas podemos fazer um futuro diferente e uma Amazônia mais sustentável”.
O diretor de pesquisa e Informação Florestal do SFB, Humberto Navarro, destacou que a produção de açaí no Brasil foi de 221.6 mil toneladas, sendo cerca de 92% produzido na região Norte.
“O estado do Pará produziu 67% do total nacional, sendo a região de Cametá responsável pela produção de 79 mil toneladas. Já a castanha-do-brasil teve uma produção de 32 mil toneladas na região Norte, sendo 7.7 mil, no estado do Pará, que chegou a uma arrecadação de R$36 milhões, segundo dados do IBGE em 2018”, informou Navarro.
Políticas públicas
O coordenador-Geral de Extrativismo do Mapa, Marco Aurélio Pavarino, explicou o Programa Bioeconomia Brasil Sociobiodiversidade, que tem por objetivo o uso sustentável dos recursos naturais, estruturação produtiva, agregação de valor e acesso ao mercado, além da geração de renda e melhoria da qualidade de vida dos extrativistas.
Segundo Pavarino, “o Bioeconomia Brasil Sociobiodiversidade, especialmente na Amazônia, pretende fortalecer a cadeia produtiva da castanha-do-brasil, do pirarucu selvagem e do guaraná nativo, para a promoção da bioeconomia, fomento aos arranjos produtivos e comercialização das cadeias de suprimentos dos produtos da sociobiodiversidade”.
“O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é uma porta de entrada para incremento das cadeias produtivas da sociobiodiversidade e as organizações da agricultura familiar tem buscado um aporte e uma saída para o mercado institucional”, afirmou o Gerente de Negócios e Comercialização da Agricultura Familiar da Conab, Marisson de Melo Marinho.
O gerente informou que “o PAA comprou, em 2020, R$216,5 milhões da agricultura familiar, incluindo 311 tipos de produtos diferentes, uma vez que o programa compra aquilo que a comunidade oferece, respeitando os hábitos alimentares, no âmbito da oferta local”. As operações do PAA, de 2009 a 2020, tiveram um aporte de R$12.9 milhões para o açaí e de R$9.4 milhões para a castanha, considerando os estados do Amapá, Mato Grosso e Pará.
A Gerente de Produtos da Sociobiodiversidade da Conab, Ianelli Loureiro, explicou como funciona a Política de Garantia de Preços Mínimos para produtos da sociobiodiversidade, específico para extrativistas. “É uma política antiga que tem o objetivo de pagar a diferença direto na conta corrente do produtor sempre que o preço de venda cair abaixo do preço mínimo. Somente entre 2016 a 2020, foram subvencionadas 1,6 mil toneladas de açaí e a Conab adquiriu R$990 mil de 684 extrativistas dos estados do Amapá, Pará, Amazonas e Acre”, informou a gerente.
Webinários
O seminário “Bioeconomia da Floresta: Desafios e Oportunidades para o Desenvolvimento da Cadeia da Castanha e do Açaí nos estados do Pará, Amapá e Mato Grosso” foi o sexto de uma série com 7 encontros virtuais, que visam estimular a atuação dos gestores dos municípios para promoção da bioeconomia da floresta, com o foco no fomento e no desenvolvimento da cadeia do produto nos estados produtores.
Os webinários têm como público alvo secretários municipais de Agricultura e de Meio Ambiente, prefeitos, técnicos extensionistas da Emater e de cooperativas e de consórcios públicos, pesquisadores, estudantes e público em geral. Todas as edições serão transmitidas pelo Serviço Florestal Brasileiro em seu canal do Youtube.
Programação:
Cadeia do açaí e castanha (Amazônia): 30/09 - 14h30
Canal: Youtube.com/SFBflorestal