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Serviço Florestal Brasileiro participa de guia da Rede Global de Rastreamento de Madeira
Foto: Serviço Florestal Brasileiro.
A Rede Global de Rastreamento de Madeira (GTTN, da sigla em inglês) publicou neste mês de junho um guia contendo vários estudos sobre os temas “Visão geral das práticas atuais em análise de dados para identificação de madeira” e “Métodos científicos para identificação taxonômica e de origem da madeira”. Os documentos destinam-se a pesquisadores que trabalham na identificação de madeira e visam apoiar medidas de aplicação da lei, iniciativas para cadeias de suprimentos transparentes e pesquisa científica continuada.
O Laboratório de Produtos Florestais (LPF) do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) está duplamente representado neste guia por meio da metodologia NIRS desenvolvida em seus laboratórios, selecionada entre as práticas adotadas para identificação de madeira, e pela presença da pesquisadora e servidora, Tereza Cristina M. Pastore, além de outros colaboradores, como coautores das publicações.
A GTTN é uma rede global ou uma aliança aberta de cooperação ao longo de uma visão conjunta e as atividades da rede são financiadas por múltiplos doadores. O objetivo da Rede Global é promover a operacionalização de ferramentas inovadoras para identificação e determinação de origem da madeira para verificar reivindicações comerciais, ajudar na luta contra a exploração ilegal de madeira e comércio em todo o mundo.
A entidade apoia pesquisadores que desenvolvem ferramentas inovadoras, indústrias florestais e madeireiras, que exercem a devida diligência, e agências policiais, auxiliando na luta contra a extração ilegal de madeira e a sua comercialização. Nesta 2 fase, que está terminando, teve o financiamento do Ministério Federal da Alimentação e Agricultura da Alemanha (BMEL).
Os estudos que compõem o guia GTTN estão sendo publicados desde fevereiro de 2019. O primeiro foi o “Guia Geral de Amostragem”, que descreve como coletar amostras de referência para cada um dos métodos de identificação de madeira. Em seguida, foi publicado o “Infográfico Ferramenta de Rastreamento de Madeira”, que mostra as capacidades atuais em identificação de madeira nas diferentes ferramentas de rastreamento.
NIR Spectroscopy
Segundo a pesquisadora Tereza Pastore, o LPF participou da elaboração do capítulo 5 do guia: NIR spectroscopy. Esse capítulo foi construído com estudos de pesquisadores do Brasil e da França. Apenas os pesquisadores do LPF e da Universidade de Brasília (UnB) trabalharam nesse estudo, representando o país. A pesquisadora considera que há poucos profissionais na área especialistas no tema.
“Existem poucos grupos de pesquisa que trabalham com a dupla madeira-NIRS, além do mais, compomos um trabalho voluntário não-remunerado. Adicionalmente, o assunto madeira ilegal é bastante complexo, restringindo a abrangência à pesquisadores que atuam na esfera governamental. Nossa equipe permanente, composta de pesquisadores do LPF e da UnB, trabalha com espectroscopia NIR para identificar madeiras nativas e exóticas há quase 15 anos”, disse Tereza Pastore.
A pesquisadora afirma que o Guia da GTTN é o primeiro passo para a harmonização de dados e procedimentos de análise e visa fornecer uma visão geral das melhores práticas atuais para rastreamento de madeira. Hoje, há cinco tipos de ferramentas disponíveis: anatomia de madeira, espectroscopia de massa (DART-TOF-MS), genética, espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS) e isótopos estáveis. Cada uma delas tem seu ponto forte e limitações, porém juntas oferecem uma gama de métodos que podem ajudar a identificar tanto a origem botânica como a origem geográfica (proveniência) da maioria das amostras de madeira.
A aproximação entre a GTTN e o Serviço Florestal Brasileiro iniciou em 2013, no encontro “Regional Workshop for Americas”, sediado pela Embrapa. A pesquisadora Vera Coradin, atualmente pesquisadora associada do LPF, participou em uma das publicações que compuseram Programa do GTTN e a servidora Tereza Pastore, representando o LPF, participou de todas as publicações.
LPF
Para Tereza Pastore, “o LPF tem grande potencial de se tornar um laboratório de referência da América do Sul em identificação de madeira. Recentemente, temos avançado bastante neste sentido”. O Laboratório de Produtos Florestais tem, em seu quadro funcional, vários técnicos especializados em anatomia de madeira, além de possuir uma coleção de madeira (xiloteca) com mais de 3000 espécies armazenadas.
Em 2019, a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), por meio do Projeto Bioamazônia executado pelo IBAMA, doou vários equipamentos ao LPF, dentre eles o microscópio eletrônico de varredura e o microscópio com fluorescência. Essa parceria permitirá ao LPF estudar o processo de identificação da madeira sob diversas metodologias.
O Laboratório de Produtos Florestais foi criado em 1973 e, desde então, atua na área de tecnologia de madeira e outros produtos florestais, gerando, difundindo e transferindo conhecimento para contribuir com o desenvolvimento sustentável no setor florestal. Assim, contribui para o atendimento da crescente demanda pela utilização dos recursos naturais, em consequência da política implementada pelo Serviço Florestal Brasileiro, ao qual se vincula como Centro Especializado.