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Concessão florestal muda a vida de cinco amigos madeireiros
Foto: Serviço Florestal Brasileiro.
A Patauá Florestal é um case de sucesso dentro da concessão de florestas públicas federais. A empresa faz o manejo florestal numa área total de quase 210 mil hectares, dentro da Floresta Nacional de Altamira (Pará), desde 2015.
A organização é uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), formada exclusivamente para o contrato de concessão Florestal com o Serviço Florestal Brasileiro – órgão do Governo Federal responsável por essa gestão. A sociedade reúne cinco sócios, todos madeireiros que saíram do Rio Grande do Sul, se instalaram no Mato Grosso e há 20 anos estão no distrito de Moraes Almeira, vinculado ao município de Itaituba (PA), desenvolvendo atividades madeireiras.
Cansados da vida dura que a atividade madeireira impõe aos empresários que exploram áreas particulares, legalizadas ou não, resolveram unir forças, experiências e ambições para entrar no mundo das concessões florestais federais.
Foi assim que, em 2014, Oberdan Perondi, Onésio da Silva, Alcindo Francio, Rubens Zélio e Diego Bioshi resolveram participar do processo licitatório de concessão da Flona de Altamira. Após vencerem a concorrência para o manejo nas Unidades de Manejo Florestal (UMFs) III e IV, os amigos e compadres juntaram seus saldos e economias para o pagamento de R$ 209 mil referentes às cauções de Garantia Financeira das Propostas. Oberdan Perondi relata que após o pagamento da GRU, o grupo ficou totalmente descapitalizado.
“Nós juntamos o dinheiro da garantia pedindo emprestado para uma pessoa aqui, outra ali, vendendo móveis e conseguiu o valor todo quase no final do segundo tempo. Quando recebemos o dinheiro de volta, soubemos que tínhamos de investir ele todo na construção do alojamento. Foi um sufoco, mas conseguimos. Foi uma vitória”, conta Perondi.
Superação
Valeu a pena o esforço coletivo. O sócio mais experiente do grupo, Rubens Zélio, relata que a vida deles mudou muito depois que começaram a explorar madeira conservando a floresta. “É difícil mudar essa imagem que adquirimos lá atrás”, disse.
“Tem um episódio que aconteceu comigo e com o pai do Oberdan, em 2001. Estávamos muito sem dinheiro e fui até o Banco da Amazônia pedir para abrir uma conta. O gerente disse na minha cara: não estamos abrindo conta para madeireiro. Depois desse episódio eu comecei a ficar sem jeito de dizer o que eu fazia”, relata Rubens.
No entanto, atualmente, os sócios da Patauá movimentam contas bancárias e financiamentos, não só no Banco da Amazônia (Basa), como no Banco do Brasil. “Houve uma mudança de posicionamento do Basa depois que entramos na concessão. Eles financiaram a nossa termelétrica e, também, vários equipamentos como tratores, empilhadeiras”, contou Oberdan.
A Patauá Florestal é a maior concessionária da Flona de Altamira. Emprega 150 pessoas, no entanto, impacta em 500 empregos diretos e 2500 empregos indiretos, somente na atividade florestal madeireira. Esse número representa 25% dos moradores de Moraes Almeida.
O diretor administrativo, Onésio da Silva, afirma que a perspectiva é ampliar ainda mais a produção da empresa, uma vez que os investimentos necessários para otimizar os custos foram e estão sendo feitos até o momento. A partir de pouco tempo haverá a colheita do esforço coletivo e o grupo pretende investir na comunidade.
“Ter um resultado melhor e poder contribuir com a comunidade onde você está inserido é gratificante. Ganhar sozinho é chato, não é o que a Patauá deseja. Queremos participar mais, não só no setor madeireiro. Queremos que o conhecimento e a renda alcancem gerações futuras. Quando começamos, não queríamos essa profissão sofrida para os nossos filhos. A concessão florestal mudou isso, queremos a família nos ajudando, a comunidade nos ajudando e crescendo com a gente, entendendo que a floresta em pé é o nosso patrimônio”, destacou Onésio.
Projetos
Os projetos da Patauá são ambiciosos. Querem ampliar a produção madeireira, estão planejando o manejo de produtos florestais não madeireiros, que vai empregar centenas de pessoas da comunidade; vão fortalecer o Projeto Floresta Viva, que visa ensinar os jovens as técnicas de manejo florestal sustentável e o sentimento de proteção da floresta. Além disso, os empresários estão investindo na construção de uma termelétrica usando os resíduos da madeira, com potencial de produção de 3 megawatts/mês.
Os contratos de concessão florestal têm uma vigência entre 30 a 40 anos. Esse prazo permite aos concessionários fazerem planejamentos de longo prazo, envolvendo toda a comunidade local. “Com a concessão florestal, aprendemos a pensar a atividade de forma contínua impactando as pessoas da comunidade local hoje e as gerações futuras”, finalizou Oberdan.