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III Prêmio SFB: A Juçara é o Açaí da Mata Atlântica
Foto: Serviço Florestal Brasileiro.
João Carlos de Pádua Andrade, professor de Economia, é um apaixonado pela Juçara, uma palmeira típica da Mata Atlântica, que está na lista de espécies ameaçadas de extinção por causa da extração de seu palmito, cuja comercialização está proibida.
O palmito que você encontra nos supermercados é proveniente, normalmente, da pupunha, uma outra palmeira, que dá brotos, ao contrário da Juçara. Para extrair o palmito da Juçara, é preciso matar a árvore.
Mas uma coisa que pouca gente sabe é que os frutos da Juçara são muito parecidos, em forma, cor e sabor, com o conhecidíssimo Açaí. Tanto que alguns produtores já usam a polpa da Juçara misturada à do Açaí.
“A Juçara e o Açaí são parecidos e usados juntos na preparação e os sabores seriam dificilmente diferidos entre um e outro. Tem que ser um bom conhecedor de um, para diferenciá-lo do outro”, explica Pádua. O problema é que, como a Juçara está na lista de espécies ameaçadas de extinção, a polpa não pode ser comercializada.
III Prêmio
A convite do Governo do Espírito Santo, João Carlos está conduzindo um trabalho que tem por objetivo mostrar a viabilidade sustentável da exploração do fruto da Juçara. Ele concorreu e foi laureado com o 3º Lugar da Categoria Profissionais do III Prêmio Serviço Florestal Brasileiro de Economia e Mercado Florestal com o trabalho “Manejo Florestal no Estado do Espírito Santo: o Cultivo da Palmeira Juçara (Euterpe edulis) como Alternativa Econômica e Ambiental”.
Trata-se de um plano de negócios para analisar a viabilidade econômica da exploração do fruto da palmeira, na tentativa de introduzi-la como uma matriz produtiva. A ideia é induzir a exploração do fruto da Juçara de maneira sustentável.
Comunidade Juçara
João Carlos conta que esta iniciativa já vem sendo desenvolvida em São Paulo, Rio de Janeiro Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Nestes estados já há extração dos frutos, o que envolve uma rede de atores – a Comunidade Juçara, um grupo de agricultores que trabalha dentro das unidades de conservação com a anuência de gestores estaduais e do ICMBio para o manejo da coleta de frutos.
O passo mais importante, agora, é a legalização da comercialização da polpa da Juçara. “Seria viável, se o Estado, a União, o Serviço Florestal, o Ibama, puxassem esta pauta para legalização da extração do fruto, mantendo proibida a extração e comercialização do palmito”, avalia João.
Ele acredita que se o estado usasse este instrumento para disciplinar o cultivo da planta, poderia incentivar para que ela até saísse da lista de extinção, já que as sementes remanescentes da extração da polpa podem ser disseminadas na mata.
Maior lucratividade
O estudo defende que a comercialização da polpa é mais interessante, do ponto de vista econômico, do que a do palmito. Um caule extraído para o palmito de um metro, vendido in natura, rende R$ 2,00, enquanto a polpa extraída de apenas um cacho, rende entre R$ 10,00 e R$ 12.
“Estamos fazendo um trabalho de formiguinha para mostrar que a extração e comercialização da polpa são sustentáveis. Agora, o trabalho parte para uma esfera maior, para disciplinar a sua comercialização. E para isso serão necessários planos de manejo, com órgãos de fiscalização verificando se o produtor está seguindo as exigências como deixar, pelo menos dois cachos no pé, disseminar as sementes, etc. Eu defendo esta palmeira porque ela é um símbolo da mata atlântica”, conclui João Carlos.
Conheça aqui o trabalho na íntegra e os demais ganhadores do III Prêmio Serviço Florestal Brasileiro em Estudos de Economia e Mercado Florestal.