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SPE atualiza para 2,3% a perspectiva de crescimento do PIB brasileiro em 2025
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda apresentou, nesta quinta-feira (13/02), o documento “2024 em retrospectiva e o que esperar para 2025”. O material apresenta análises detalhadas sobre o comportamento da economia no ano passado, nos cenários externo e interno, e os fatores que levaram aos resultados, com destaque para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) que superou as expectativas de mercado. A SPE estimou alta de 3,5% do PIB para o ano passado.
Considerando o cenário para 2025, a SPE apresentou novos indicadores oficiais de comportamento da inflação e da perspectiva de crescimento para o ano. A nova estimativa aponta para crescimento de 2,3% do PIB este ano, impulsionada principalmente pelo setor agropecuário, embora repercuta o patamar contracionista da política monetária.
Projeções SPE — 2025 |
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Atuais |
Anteriores |
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PIB (total) |
2,3% |
2,5% |
Agropecuária |
6,0% |
6,0% |
Indústria |
2,2% |
2,5% |
Serviços |
1,9% |
2,1% |
Inflação (IPCA) |
4,8% |
3,6% |
O material foi apresentado em entrevista coletiva realizada no edifício-sede do Ministério da Fazenda em Brasília. Os dados foram apresentados pelo secretário de Política Econômica, Guilherme Mello; pela subsecretária de Política Macroeconômica, Raquel Nadal; e pela subsecretária de Política Fiscal, Débora Freire Cardoso. A entrevista contou com transmissão ao vivo pelo canal do Ministério da Fazenda no YouTube.
Conforme apontou Guilherme Mello, a nova perspectiva de alta do PIB “mantém o dinamismo da economia brasileira”. Ele explicou que o país está atravessando um ciclo de aumento dos juros e que isso gera impactos no ritmo da atividade econômica.
Acesse aqui o relatório SPE — 2024 em retrospectiva e cenário para 2025
Acesse também a apresentação
Cenário 2025
Em relação ao cenário para 2025, a SPE destaca que indicadores coincidentes já apontam para desaceleração no mercado de trabalho e em serviços. Ou seja, haverá crescimento do PIB, mas em patamar um pouco menor em relação ao de 2024, próximo ao potencial. A safra recorde e a produção extrativa devem compensar parcialmente a desaceleração de atividades cíclicas; já pela demanda, o cenário é positivo para o setor externo, de acordo com o material.
Já a inflação deve terminar 2025 em patamar similar ao observado em 2024 (4,8%), pressionada pela inércia e efeitos defasados da depreciação cambial. Mas a SPE aponta que há estimativa de enfraquecimento da inflação sobre alimentos, devido, principalmente, aos bons resultados previstos para a agropecuária.
Segundo o documento, “a inflação de alimentação deve cair em 2025. Os preços de carnes tendem a desacelerar até o final do ano, menos impactados pela reversão no ciclo de abate do gado e pelo avanço das exportações. O cenário também deverá ser mais favorável para o arroz, feijão, alimentos in natura e derivados de soja e leite, refletindo as boas perspectivas para o clima e para a produção agrícola em 2025. Em contrapartida, os preços de trigo e derivados tendem a subir, impactados pela baixa colheita em 2024”.
“Teremos um cenário muito positivo para a agropecuária, muito concentrado no primeiro trimestre do ano. A safra brasileira de grãos deve ser uma safra recorde. A expectativa está em 325 milhões de toneladas”, disse O secretário de Política Econômica.
A Secretaria de Política Econômica ressalta ainda que, diante da apreciação recente do câmbio em relação ao cenário-base (que foi de R$ 6 por dólar), há espaço para menor inflação. Ou seja, a manutenção do cenário de valorização do real frente à moeda norte-americana, verificado recentemente, pode ajudar a conter os aumentos de preços. “Câmbio mais apreciado terá impacto no nosso cenário inflacionário”, comentou Guilherme Mello.
Sobre perspectivas fiscais, o material da SPE reforça que a estratégia de política fiscal para 2025 está direcionada para a continuidade do processo de busca por sustentabilidade fiscal, com foco no alcance da meta de resultado primário, na implementação das medidas de fortalecimento do arcabouço fiscal e no reforço das condições para a estabilização do crescimento do endividamento.
Resumo 2024
Ao apresentar a leitura resumida do que ocorreu no ano passado no panorama doméstico, a SPE destacou ritmo de crescimento acima das expectativas; inflação afetada por choques cambiais e climáticos e meta de superávit fiscal cumprida. “No Brasil, impulsos vindos do mercado de crédito e trabalho em 2024 garantiram a recuperação dos investimentos e a manutenção de um forte ritmo de expansão do consumo, levando a crescimento econômico acima do esperado”.
O documento ressalta que houve surpresas positivas no ritmo de crescimento, refletindo expansão da indústria e dos serviços pelo lado da oferta e do consumo e investimento pelo lado da demanda. Outro destaque foi o crescimento da absorção doméstica, refletindo impulsos vindos do mercado de trabalho e crédito.
O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, destacou que foi marcado pelo crescimento do mercado de crédito, aumento da oferta de emprego (com queda da taxa de desocupação a patamares históricos). Ele destacou, ainda, que a arrecadação federal apresentou crescimento expressivo ao longo de 2024, recuperando o patamar das receitas do governo central, após deterioração da base arrecadatória por medidas tomadas no ano de 2022 e refletidas na arrecadação de 2023.
A SPE reforçou que, se a desoneração da folha de pagamentos tivesse sido encerrada e o Perse revogado em 2024, conforme estratégia proposta pelo Governo Federal, a receita líquida do ano teria observado aumento de pelo menos 0,3 ponto porcentual do PIB. Além disso, no ano passado, a despesa primária registrou redução real de 0,7% em 2024, situando-se no patamar de 18,7% do PIB, ou seja, 0,8 ponto porcentual abaixo do patamar de 2023 (19,5%).
Ainda sobre os resultados de 2024, a SPE lembra que o Governo Central registrou déficit de R$ 43 bilhões (0,36% do PIB), considerando os créditos extraordinários que não são computados para fins de cumprimento da meta, e de R$ 11 bilhões, ou 0,1% do PIB, quando se desconta esses créditos. Na prática, isso significa que a meta fiscal foi cumprida.
“Se, em 2024, a desoneração da folha de pagamentos tivesse sido encerrada e o Perse revogado, conforme estratégia proposta pelo Governo Federal, o resultado primário do ano para fins de cumprimento da meta, ou seja, descontando os créditos extraordinários com o Rio Grande do Sul, seria de superávit de pelo menos R$ 22 bilhões ou 0,19% do PIB”, de acordo com o relatório da SPE.
O material assinala, ainda, que o endividamento público aumentou em 2024, tanto pela evolução do componente financeiro, quanto pelo déficit primário, ainda que tenha se reduzido fortemente em relação a 2023.
Panorama global
Sobre o cenário externo, o texto da Secretaria de Política Econômica cita que: “em 2024, a atividade seguiu resiliente e o processo de desinflação foi mais intenso em economias avançadas; para 2025, expectativa é de estabilidade no ritmo de crescimento e redução da inflação”. O material alerta, ainda, que riscos para esse cenário externo envolvem aumento do protecionismo nos Estados Unidos e desaceleração mais acentuada da economia chinesa.
Assista à íntegra da coletiva SPE sobre "2024 em retrospectiva e o que esperar para 2025”