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Grupo de Trabalho de Economia Global debate perspectivas sobre contas nacionais distributivas
Tendo como objetivo o compartilhamento de experiências, o Grupo de Economia Global, parte da Trilha de Finanças do G20, realizou, nesta segunda-feira (16) o simpósio virtual “Distributional Accounts: Challenges, Progress, and the Way Forward” [Contas Distributivas: Desafios, Progressos e o Caminho a Seguir, em tradução livre].
O evento contou com a participação de representantes dos membros do G20 e convidados, bem como de técnicos de órgãos estatísticos nacionais, incluindo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Este simpósio é uma oportunidade, primeiramente, para valorizar a importância das contas nacionais como ferramenta importante para subsidiar políticas econômicas e, em segundo lugar, para discutir mais a fundo melhorias nos aspectos distributivos dessas contas, além da ampla distribuição funcional entre renda do trabalho e remunerações do capital, como dividendos e ganhos com juros”, disse Julia Braga, subsecretária de Acompanhamento Macroeconômico da Fazenda e coordenadora do GT. “A renda per capita, embora seja um bom indicador de desigualdade entre países, não captura a desigualdade dentro dos países”, exemplificou.
As contas nacionais tradicionais trabalham com dados altamente agregados, como renda do capital e renda do trabalho. Já os modelos distributivos, buscam detalhar esses elementos.
Henning Ahnert, do Banco Central Europeu, elogiou a iniciativa do debate. “Esse simpósio é bem-vindo e o apoiamos. Dados comparáveis internacionalmente sobre a distribuição de renda e consumo são frequentemente incompletos, e o desenvolvimento de contas distributivas sobre a riqueza está apenas começando. Espero que os esforços internacionais avancem no sentido de uma maior disponibilidade de dados e métodos mais uniformes”, disse.
Por outro lado, Henning destacou que, embora mais debates teóricos e metodológicos sejam realmente necessários nesta área, a adoção de contas distributivas requer uma boa base estatística que cubra dados micro e macro sobre os domicílios: “Os estatísticos precisam de apoio para isso, de modo que recursos adequados e bases legais permitam o desenvolvimento dessas importantes e novas estatísticas.”
Xavier Mancero, da Cepal, lembrou que a questão da subestimação da distribuição de renda não é nova. “Pesquisas domiciliares são a principal fonte de dados sobre distribuição de renda, mas estas pesquisas não capturam toda a renda familiar de um país, fornecendo um quadro incompleto”, sintetizou.
Braga também ressaltou a importância política das contas de novo tipo, que devem servir de fundamento para políticas econômicas não só eficientes, mas também equitativas. “Além das discussões metodológicas, é essencial não perder de vista o objetivo das contas nacionais distributivas”, pontuou.