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SPE atualiza grade de parâmetros e reforça perspectiva de alta do PIB em 2,2% em 2024
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda divulgou nesta quinta-feira (21/3) a edição de março do Boletim Macrofiscal, com a nova grade de parâmetros macroeconômicos. Em relação à grade anterior, de novembro do ano passado, foram mantidas as estimativas de crescimento de 2,2% para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 e variação de 3,25% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Por outro lado, houve redução das projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e do Índice Geral de Preços − Disponibilidade Interna (IGP-DI). A estimativa para o IPCA em 2024 foi reduzida de 3,55% (novembro/2023) para 3,50% (março/2024); já para o IGP-DI, a projeção foi realinhada de 4,0% para 3,5%.
Para 2025, foram mantidas as avaliações de crescimento de 2,8% do PIB e variação de 3,0% do INPC. Foram elevadas, no entanto, as estimativas de variação do IPCA (de 3,0% para 3,1%) e do IGP-DI (de 3,8% para 4,0%). Os dados foram apresentados em entrevista coletiva realizada no edifício-sede do Ministério da Fazenda, em Brasília, com as participações do secretário de Política Econômica, Guilherme Mello; a subsecretária de Política Macroeconômica, Raquel Nadal; e a subsecretária de Política Fiscal, Débora Freire.
O crescimento de 2,2% do PIB estimado pela SPE para 2024 considera altas de 2,5% na indústria e de 2,4% em serviços, com retração de 1,3% na agropecuária. Em novembro, a estimativa de alta do PIB em 2,2% considerava crescimentos de 2,4 na indústria, 2,2% em serviços e 0,5% na agropecuária. “Essa revisão reflete principalmente os prognósticos para a safra”, explicou Raquel Nadal. Essa mudança na composição da atividade está em linha com as projeções da SPE de um maior equilíbrio entre os setores no ano de 2024.
Projeções SPE – março/2024 |
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2024 |
2025 |
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PIB real |
2,2% |
2,8% |
IPCA |
3,5% |
3,1% |
INPC |
3,25% |
3% |
IGP-DI |
3,5% |
4% |
Guilherme Mello apresentou um panorama sobre os cenários internacional e doméstico, sobre os quais foram construídas as novas projeções da SPE. Internamente, ressaltou que desde o final do ano passado, as previsões de mercado para crescimento subiram, enquanto as estimativas para inflação e curva de juros caíram, em movimento impulsionado pelos bons dados divulgados sobre os níveis de atividade bem como novas políticas anunciadas ao longo do período.
“As expectativas já estão se movendo. Muitas casas já possuem projeções acima de 2% para o crescimento do PIB deste ano, algumas chegando próximo a 2,5%”, ressaltou o secretário. Ele lembrou que também há uma movimentação, para baixo, das expectativas de mercado para a inflação; o que reflete melhora da situação macroeconômica e financeira do país.
“Além disso, nosso mercado de trabalho segue resiliente, com geração expressiva de postos de trabalho com carteira assinada, segundo o Caged, e aumento da massa salarial, dos rendimentos do trabalho”, apontou Mello. “A outra boa notícia é que a força de trabalho tem crescido. Com a melhoria das condições do mercado de trabalho e dos rendimentos, as pessoas que haviam desistido estão voltando a procurar emprego, com a esperança de conseguir uma nova colocação e um melhor rendimento”, completou.
A SPE destacou que a dinâmica do mercado de crédito melhorou, sobretudo para pessoas físicas. “Desde meados do ano passado, a concessão de crédito livre tem se recuperado e crescido, depois de um final de 2022 e início de 2023 bastante difíceis”, relatou. “Junto com o aumento da concessão de crédito, vemos uma redução da inadimplência nos últimos meses”, disse Mello, ao destacar a importância do programa Desenrola, que está auxiliando as famílias a regularizar dívidas em atraso.
Em relação ao panorama externo, o titular da SPE destacou que há um movimento de desaceleração suave das principais economias do mundo, mas acompanhado por queda da inflação em muitos países, o que vem permitindo certo grau de flexibilização da política monetária. “Mas ainda temos alguma pressão nas cadeias de suprimento, devido ao encarecimento dos fretes, fato ligado aos conflitos geopolíticos, em especial no Mar Vermelho”, apontou.
A subsecretária de Política Macroeconômica apresentou dados sobre a evolução de indicadores de atividade. “Nos últimos meses houve aumento dos níveis de confiança, sobretudo nas sondagens da construção, da indústria e do comércio, sinalizando um aquecimento dessas atividades no primeiro trimestre”, apontou Raquel Nadal.
Conforme apontou a subsecretária de Política Fiscal, o Prisma Fiscal (produzido pela SPE a partir da coleta de perspectivas de mercado) trouxe boas notícias. “Vemos a consolidação do que o mercado vem prevendo para o resultado fiscal de 2024, com expectativas de redução do déficit primário este ano”, afirmou Débora Freire. Ela lembrou que em janeiro de 2023, o mercado projetava déficit de R$ 120 bilhões, estimativa que caiu para R$ 82,8 bilhões, em março de 2023. “Estamos falando de uma diferença de R$ 37 bilhões de queda da expectativa de déficit para o ano”, ressaltou a subsecretária. “Tivemos também revisão de R$ 130 bilhões a mais de receitas projetadas para 2024 pelos agentes de mercado”, reforçou.
Assista à entrevista coletiva de divulgação da edição de março do Boletim Macrofiscal: