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IGUALDADE DE GÊNERO
Selo do PNUD é jornada de autoconhecimento, diz secretária-adjunta do Tesouro Nacional
A secretária-adjunta do Tesouro Nacional, Viviane Varga, fez nesta sexta-feira (8/3) um balanço dos primeiros meses após a adesão ao Selo PNUD de Igualdade de Gênero para Instituições Públicas. Segundo ela, a trilha de reforma institucional de cerca de dois anos para que as questões de equidade de gênero sejam integradas à rotina da instituição é um processo de autoconhecimento. A palestra da secretária aconteceu no último dia da Semana Especial da Mulher, no Ministério da Fazenda.
A iniciativa, segundo Viviane, indica um compromisso sério com a promoção da igualdade no ambiente de trabalho, focando em mudanças estruturais e culturais que permitam que tais práticas se tornem parte integrante da rotina da instituição. Este processo inclui tanto a revisão das políticas internas quanto a educação e sensibilização dos funcionários sobre a importância da igualdade de gênero.
De acordo com a secretária-adjunta esta iniciativa vem amadurecendo desde 2017. Na época, recorda Viviane, foi feito um levantamento que constatou que as mulheres eram minoritárias dentro dos cargos de alta gestão no órgão. “Quando olhávamos naquele momento pros cargos de gestão, apesar de termos uma secretária [na época Ana Vescovi era a secretária do órgão], nós éramos apenas 17% dos cargos de mais alta gestão”, relembrou Viviane.
Para ela, este levantamento foi um marco de mudança de postura que culminou com a assinatura da adesão ao selo no final do ano passado. O Tesouro Nacional foi o primeiro órgão público no Brasil a se comprometer com as Nações Unidas em reformar a carreira em prol da equidade. “Desde o convite que eu recebi para assumir essa função como secretária-adjunta eu deixei muito claro que a questão da igualdade de gênero e do desenvolvimento das lideranças femininas eram meu propósito”, afirmou a servidora.
Antes mesmo de buscar a certificação PNUD, em março de 2023, o órgão colocou em prática instrumentos para fortalecer a presença feminina em postos de alto escalão e de poder decisório. Foi lançada uma portaria que implementou uma pontuação diferenciada para mulheres nos processos seletivos do Tesouro Nacional. Além disso, disse Viviane, foi colocado em prática o projeto de aceleração de experiência executiva para mulheres no Tesouro Nacional.
“Isso mudou a composição e aumentou o percentual de mulheres aprovadas nos processos seletivos que saiu de uma média de 24% para 44%. [...] Aquelas mulheres ali selecionadas [no processo de experiência executiva], têm uma trilha de capacitação em soft skills, liderança feminina, em como se posicionar”, explica a secretária-adjunta.
O selo
O processo metodológico para obtenção da certificação se desdobra em cinco fases distintas: inicialmente, ocorre o engajamento, seguido pelo diagnóstico e a criação de um plano de ação. Posteriormente, este plano é colocado em prática, após o qual se realiza uma avaliação e, finalmente, a certificação.
Durante esse ciclo, 40 critérios são utilizados para uma análise abrangente da performance institucional, cobrindo aspectos que incluem o clima organizacional, competências em promover a equidade de gênero, colaborações estratégicas, além dos efeitos e contribuições em iniciativas de políticas públicas.
“A grande importância desse projeto não é receber o selo apenas, mas é essa jornada que vai construir as estruturas e desenvolver a cultura dentro do nosso órgão para que, no final do processo, independente do selo do carimbo que a gente receba, tenhamos de fato evoluído e isso é muito importante”, afirmou Viviane.
Os próximos passos na jornada até a certificação, segundo a secretária-adjunta, envolvem a criação de um comitê formado por mulheres que fará um diagnóstico sobre a atual situação de gênero dentro do Tesouro Nacional e ao longo dos próximos 18 meses será feita uma assessoria pelo PNUD para que o órgão se adeque aos padrões estipulados. “Nós esperamos que ao final desse processo tenhamos um Tesouro transformado”, disse.
Essa iniciativa não apenas visa alterar percepções arraigadas, explica Viviane, mas também estabelece uma transformação duradoura também para os homens. Segundo a secretária, a jornada vai ajudar os servidores a mudar a mentalidade. “Para eles perceberem que as mulheres também podem estar ali, podem desempenhar tão bem quanto eles, ou até melhor. Trata-se de um projeto que tem começo, meio e fim, mas aquilo que ele vai construir é perene”, afirmou Viviane.