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Integrantes da Trilha de Finanças fazem balanço de primeira reunião presencial sobre Arquitetura Financeira Internacional
Os representantes do Ministério da Fazenda no Grupo de Trabalho de Arquitetura Financeira Internacional (IFA) da Trilha de Finanças do G20, Felipe Antunes, Ivan Oliveira e Ricardo Klinger, e do Banco Central do Brasil, Marcelo Aragão, fizeram um balanço da primeira reunião presencial sob coordenação brasileira no final da tarde desta terça-feira (26/3), segundo e último dia do encontro que se realizou em Brasília.
De acordo com Felipe Antunes, coordenador do GT pelo Ministério da Fazenda, os principais temas debatidos na reunião foram a rede de segurança financeira mundial; a questão das dívidas nacionais; pagamentos transfronteiriços; e os bancos multilaterais de desenvolvimento (MDBs).
“Terminamos a reunião bastante contentes. O IFA é um dos grupos de trabalho mais tradicionais do G20. Seu papel é estabelecer consensos, para fazer recomendações e sugestões”, explicou Antunes. Segundo esclareceu o coordenador, o GT não tem prerrogativa para estabelecer mudanças, mas as sínteses estabelecidas têm peso para impulsionar reformas nas organizações internacionais.
Antunes considera ainda que a reunião transcorreu muito bem e compartilhou que cerca de cem representantes de países compareceram pessoalmente e outros cem de maneira virtual. "E as propostas seguem sendo bem recebidas", ponderou.
“Na última recomposição de cotas do FMI, no final do ano passado, não houve mudanças no peso dos votos dos países. Isso vai contra a posição brasileira, já que essas quotas não mais representam a atual economia global. Foi prometido que a fórmula de cálculo irá mudar e o Brasil irá trabalhar para garantir que essa promessa seja cumprida”, acrescentou.
Ricardo Klinger, que acompanha os debates sobre o tema de dívidas pelo Ministério da Fazenda, lembrou que o G20 estabeleceu o chamado “common framework” há três anos –reunindo países credores e devedores. Segundo ele, há a intenção de avançar na formulação de propostas para a criação de alternativas que levem em conta o contexto pós-pandêmico e que permitam soluções de dívidas com efeitos duradouros.
“No G20, não debatemos casos de dívidas específicas. Nosso foco é o compartilhamento de informações e o estabelecimento de processos. O debate foi bem interessante e há um reconhecimento da necessidade de coordenação e de que os processos devem ser mais rápidos", esclareceu. De acordo com Klinger, a discussão também abordou o acúmulo dos últimos três anos e a presidência brasileira busca soluções estruturantes que envolvem os MDBs.
Em relação aos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento, Ivan Oliveira, subsecretário de Financiamento ao Desenvolvimento Sustentável do Ministério da Fazenda, reforçou a ideia brasileira de criar um guia para criar MDBs “mais fortes, resilientes e eficazes”. A ideia, de acordo com ele, é que se criem parâmetros que permitam uma evolução constante destas instituições.
“Pudemos falar da criação do guia e temos grande apoio para pensar um sistema que melhore ao longo do tempo com três pilares: capital, operações e avaliações de impacto”, esclareceu.
Marcelo Aragão, representante do Banco Central, abordou como foi tratada a questão dos pagamentos transfronteiriços, apontando a necessidade de harmonização jurídica entre os países, tecnológica e política para que seja possível avançar. “Precisamos entender a dinâmica dos pagamentos e pensar como reduzir os obstáculos para esse fluxo”, sintetizou.
Essa é a primeira reunião presencial do IFA. Mais dois encontros do grupo estão previstos até o fim da presidência brasileira do G20.