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CLIMA
Secretário de Política Econômica participa de evento internacional sobre transição climática
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, ressaltou a necessidade urgente de fortalecer os mecanismos de planejamento e previsão dos efeitos das mudanças climáticas. Ele participou do evento Navigating the Climate Just Transition in a Low Growth Macroeconomic Context: The Critical Role of Ministries of Finance", promovido pela SPE em parceria com o Banco Mundial, pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e pela Coalizão para Capacidade de Ação Climática (C3A). O seminário reuniu, em Brasília nesta segunda-feira (10/6), especialistas de diversas áreas para discutir estratégias de transição climática em um contexto de baixo crescimento econômico.
Durante sua participação no painel inicial do evento, Mello enfatizou a tragédia recente no Rio Grande do Sul como um exemplo claro das consequências da mudança climática e da importância de uma infraestrutura resiliente. "A tragédia do Rio Grande do Sul nos leva a refletir sobre a necessidade urgente de fortalecer os nossos mecanismos de planejamento, os nossos mecanismos de prognósticos sobre os efeitos da mudança climática", afirmou. Esse evento extremo, que resultou em milhares de famílias desabrigadas e danos ainda incalculáveis, evidenciou a falta de preparação da infraestrutura local, que não recebeu os investimentos necessários para evitar tais desastres.
Mello destacou que o Plano de Transformação Ecológica (PTE) do Ministério da Fazenda, especialmente o eixo que trata de Infraestrutura e Adaptação à Mudança do Clima, é uma resposta estratégica para enfrentar esses desafios. O Plano visa a construção de uma infraestrutura resiliente e a prevenção de desastres por meio de investimentos em obras e equipamentos, como contenção de encostas, estruturas de drenagem e sistemas de monitoramento e alerta.
O secretário ressaltou que, conforme apontado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), mesmo com altos níveis de engajamento e ações efetivas para mitigar o aquecimento global, parte dos efeitos das mudanças climáticas já é inevitável. Dessa forma, é essencial que a infraestrutura dos países seja adaptada para enfrentar tanto o cenário atual quanto o futuro. A gestão adequada dos riscos climáticos, além de mitigar danos à vida humana e à economia, abre novas oportunidades para a melhoria da qualidade do ar, da saúde e a geração de novas demandas e soluções, principalmente nos setores da construção civil e do redesenho urbanístico.
Esses desafios exigem um planejamento integrado e o uso de ferramentas avançadas para antecipar impactos e permitir um planejamento eficaz. "Precisamos de um aparato instrumental capaz de antecipar esses impactos e, ao mesmo tempo, permitir o planejamento dos ministérios da área econômica para que seja capaz de lidar com os melhores instrumentos para enfrentar os impactos das mudanças climáticas, tanto na mitigação quanto na adaptação", disse.
Para viabilizar os investimentos necessários, o Plano de Transformação Ecológica prevê a mobilização de novas formas de financiamento, por meio de parcerias entre os setores público e privado, captações internacionais e parcerias interfederativas. O objetivo é ampliar a resiliência e promover a adaptação climática de forma sustentável e integrada. "A incorporação da mudança climática na formulação da política econômica e nas projeções macroeconômicas é um trabalho difícil, que exige a inter-relação entre muitos setores. Já temos incertezas suficientes do ponto de vista macroeconômico para projetar variáveis como crescimento, inflação e desigualdade. Quando incorporamos as mudanças climáticas, essas incertezas aumentam sobremaneira", afirmou Mello.
A tragédia no Rio Grande do Sul, nas palavras de Mello, serve como um alerta e uma confirmação de que as mudanças climáticas estão presentes no nosso dia a dia e vão afetar a trajetória da economia. "Mais do que uma catástrofe climática, a tragédia nos chama a atenção para a urgência de repensar o planejamento e garantir os investimentos na adaptação das nossas cidades e na mitigação dos efeitos da mudança climática", disse.
"Ao trazer o tema da transformação ecológica para o centro da estratégia econômica do país, estamos não apenas respondendo às emergências climáticas, mas também promovendo a inovação, a criação de empregos, o aumento da produtividade e a construção de um futuro econômico mais resiliente e sustentável", concluiu o secretário.