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Dívida Pública Federal encerra junho em R$ 7,067 trilhões, aponta Tesouro Nacional
O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) encerrou o mês de junho em R$ 7,067 trilhões, representando alta de R$ 155,81 bilhões em relação a maio, ou seja, elevação de 2,25% em termos nominais. Esse resultado foi impulsionado, principalmente, pela alta de 1,93% da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi), que passou de R$ 6,626 trilhões, em maio; para R$ 6,754 trilhões, em junho. Essa movimentação ocorreu devido à emissão líquida, em R$ 72,36 bilhões, e à apropriação positiva de juros, em R$ 55,51 bilhões, detalha o Tesouro. O estoque da Dívida Pública Federal externa (DPFe) subiu 9,86% (termos nominais) no período, encerrando junho em R$ 313,61 bilhões (US$ 56,42 bilhões).
As informações constam do Relatório Mensal da Dívida (RMD) referente a junho de 2024, produzido pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). O material foi divulgado nesta segunda-feira (29/7) em coletiva de imprensa virtual, transmitida ao vivo pelo canal do Tesouro Nacional no YouTube. Participaram da entrevista o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Helano Borges; o coordenador-geral de Controle e Pagamento da Dívida Pública substituto, Daniel de Paula; o coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Luiz Fernando Alves; e o gerente de Controle e Pagamento do Tesouro Direto, Lucas Gurgel Leite.
Conjuntura
Em análise de conjuntura, indicando os principais fatores que impactaram na gestão da dívida no período, o relatório destaca que em junho, a comunicação do FED [Federal Reserve, o Banco Central norte-americano] reduziu as expectativas de mais cortes nos juros. Ainda assim, as Treasuries (títulos de dívida emitidos pelo governo dos Estados Unidos) recuaram com sinais de controle da inflação e as bolsas marcaram novos recordes. No entanto houve aumento de aversão ao risco em relação aos países da América Latina.
No mês passado, os juros locais subiram, com destaque para os vértices intermediários, aponta o Tesouro. O CDS Brasil [Credit Default Swap, indicador que reflete o risco-país] alcançou 170 pontos-base em junho (ante 142 pontos em maio).
“Em particular, a comunicação do Federal Reserve reduziu um pouco as expectativas de uma flexibilização mais intensa da política monetária dos Estados Unidos. Ainda assim, as taxas de juros das Treasuries recuaram, com sinal de controle, e as bolsas acabaram registrando recordes. Mas na América Latina, em função das eleições no México, houve uma deterioração da percepção de risco da região”, explicou Helano Borges.
Acesse o Relatório Mensal da Dívida referente a junho de 2024
Emissões e resgates
Em junho, o governo emitiu R$ 94,540 bilhões em títulos da Dívida Pública Federal (DPF) e resgatou R$ 12,337 bilhões. Essa movimentação resultou em emissão líquida de R$ 82,204 bilhões no mês, sendo R$ 72,359 bilhões da DPMFi e R$ 9,844 bilhões da DPFe.
Do total das emissões da DPMFi em junho, parcela de R$ 49,646 bilhões refere-se a títulos flutuantes; R$ 21,437 bilhões a títulos prefixados e R$ 12,120 bilhões a papeis vinculados a índices de preços. Em junho, apesar de todos os grupos aumentarem seus estoques, apenas o grupo Câmbio ampliou sua participação na DPF, para 4,42%.
Helano Borges destacou que o mês passado foi marcado pela segunda emissão de um título soberano sustentável por parte do Tesouro Nacional, em operação de R$ 11,01 bilhões (US$ 2,00 bilhões) do Global 2032, realizada em 20 de junho. O Global 2032 é um novo benchmark de sete anos, com vencimento em 2032, emitido em dólares, no mercado norte-americano. O spread da operação ficou em 212.80 pontos-base acima da Treasury (título do tesouro norte-americano) de referência.
As Instituições Financeiras permanecem sendo os principais detentores dos títulos da dívida, com participação de 30,70 % na DPMFi, seguidas por Previdência (23,07%), Fundos de Investimento (21,99%) e Não-residentes (10,03%).
Mas há um destaque em relação à participação de Não-Residentes, que já apresenta fluxo de R$ 83,5 bilhões em 2024, aponta o RMD. “O fluxo já superou a marca de todo o ano de 2023, o que denota percepção positiva dos não-residentes”, afirmou Borges. Em todo o ano passado, o fluxo de não-residentes alcançou R$ 60,7 bilhões.
O grupo de Instituições Financeiras aumentou sua participação no estoque de DPMFi, saltando de R$ 2,015 trilhões, em maio, para R$ 2,074 trilhões, em junho. O segmento de Previdência ampliou sua fatia, indo de R$ 1,518 trilhão para R$ 1,558 trilhão. Os fundos de investimento recuaram de R$ 1,506 trilhão (maio) para R$ 1,486 trilhão (junho). Já os Não-residentes ampliaram participação, indo de R$ 647,08 bilhões, em maio, para R$ 677,72 bilhões, no mês passado.
Custo médio
O custo médio do estoque da DPF acumulado em 12 meses subiu de 10,56% ao ano, em maio, para 11,10% anual, em junho. No mesmo período, o prazo médio da DPF apresentou retração de 4,08 anos para 4,02 anos.
“Em relação ao perfil da DPF, houve uma pequena redução do percentual vincendo em 12 meses, que passou de 20,8% para 20,7%. Isso se deve ao baixo volume que temos feito de emissões mais curtas. Destaque também para o aumento da participação do percentual vincendo acima de cinco anos, que passou de 24,1% para 24,5%”, ressaltou Borges. “Os indicadores se encontram dentro da baliza para o PAF [Plano Anual de Financiamento], tanto para o percentual vincendo em 12 meses como para o prazo médio”, completou.
O custo médio do estoque da DPMFi acumulado em 12 meses também apresentou alta, saindo de 10,63% ao ano (maio) para 10,66% anual (junho). O custo médio das emissões em oferta pública da DPMFi caiu de 11,10% ao ano, em maio, para 11,00% anual, no mês passado. “Há uma estabilidade do custo médio, isso decorre da diversificação da composição da dívida”, comentou o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro.
Foi verificada alta no custo médio do estoque da DPFe acumulado em 12 meses, que subiu de 8,86% ao ano, em maio, para 21,53% anual, em junho. Isso ocorreu, principalmente, devido à apreciação de 6,05%, do dólar em relação ao real no mês passado, ante depreciação de 5,43% verificada em igual período de 2023.
Colchão de liquidez
A reserva de liquidez (colchão) apresentou elevação, em termos nominais, de 7,05%, passando de R$ 1,032 trilhão, em maio, para R$ 1,105 trilhão, em junho. Em relação ao mesmo mês do ano anterior (R$ 1,118 trilhão), houve queda, em termos nominais, de 1,23%.
O índice de liquidez registrado em junho garante pagamentos de 8,20 meses de vencimentos futuros. Está garantida, portanto, a manutenção do caixa prudencial acima de três meses de vencimentos à frente. O Tesouro destaca que os meses de julho, agosto e setembro de 2024 e janeiro de 2025 concentrarão vencimentos estimados em R$ 933,91 bilhões.
“Dentro da programação, se prevê uma redução da reserva de liquidez, o nosso colchão da dívida, pois nos próximos meses temos valores expressivos de vencimentos e nos preparamos para esse momento”, afirmou Helano Borges, apontando que no final do ano haverá novo reforço do colchão de liquidez, devido ao baixo volume de vencimentos no quarto trimestre do ano.
Tesouro Direto
O Tesouro Direto (TD) contabilizou vendas de R$ 5,68 bilhões e resgates de R$ 3,27 bilhões em junho, resultando em emissão líquida de R$ 2,41 bilhões no período. O gerente de Controle e Pagamento do Tesouro Direto destacou que essa foi a maior emissão líquida do programa. O título mais demandado foi o Tesouro IPCA+ (40,28%).
O estoque do TD alcançou R$ 143,19 bilhões em junho, alta de 2,55% em relação a maio. Os títulos indexados à inflação representaram 50,38% do total. As operações até R$ 5 mil responderam por 79,34% das compras no Tesouro Direto no mês passado.
“Tivemos um número histórico de vendas no Tesouro Direto. Foram mais de 760 mil operações de venda, dos quais praticamente 80% com menos de R$ 5 mil ”, disse Lucas Gurgel Leite.
O Tesouro Direto registrou 2,66 milhões de investidores ativos em junho, o que representa alta de 18,53% nos últimos 12 meses. O número total de investidores cadastrados alcançou a marca de 28,96 milhões (alta de 17,41% nos últimos 12 meses, com 295.379 novos investidores cadastrados durante o mês passado).
Julho
O Tesouro Nacional destaca que os indicadores mistos de inflação e emprego nos EUA observados em julho aumentaram as expectativas por cortes de juros pelo FED em setembro. As Treasuries recuaram e os prêmios de risco de emergentes passaram por uma correção das altas do mês anterior.
Além disso, o RMD ressalta que, em julho, a curva de juros devolveu parte da alta do mês passado, frente à desaceleração da inflação e o cenário de juros externos mais benigno.
“Em julho observamos devolução de parte do aumento de aversão ao risco. Tivemos uma melhora da percepção de risco dos investidores em relação aos países da América Latina”, apontou Helano Borges. O cenário, portanto, tornou-se mais confortável para a gestão da dívida. “Passamos a emitir em volumes maiores. Amanhã, temos o último leilão do mês e, provavelmente, vamos caminhar mais na direção das emissões que temos feito no ano, tendo em vista que no mês anterior emitimos abaixo dessa média”, concluiu o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública.
Assista à entrevista coletiva sobre o Relatório Mensal da Dívida de junho de 2024