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Proposta brasileira para tributação dos super-ricos recebe, nos EUA, apoio do senador Bernie Sanders
A tributação de super-ricos, proposta apresentada pela presidência brasileira na Trilha de Finanças do G20, obteve nesta quinta-feira (18/4) o apoio do senador norte-americano Bernie Sanders, que representa o estado de Vermont (EUA). O congressista, acompanhado pela deputada Ilhan Omar, recebeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Senado dos EUA para debater a proposta.
“Vivemos num mundo onde um número cada vez mais concentrado de pessoas tem muita riqueza. A distância entre os multibilionários e as pessoas trabalhadoras comuns está aumentando”, disse Sanders após a conversa com Haddad.
De acordo com Sanders, a proposta brasileira deve ser endossada devido à constante luta dos governos nacionais contra a evasão tributária, realizada por grandes corporações e indivíduos com grandes fortunas acumuladas: “Isso deve ser feito globalmente. Ao redor do mundo, os governos estão se esforçando para obter recursos. Não vai acontecer amanhã, mas tem que ocorrer o mais rapidamente possível”.
A deputada Ilhan Omar ressaltou a importância de que uma possível tributação internacional resulte em ganhos coletivos. “É muito importante encontrar caminhos. Não só fazer com que todos paguem sua justa contribuição, mas que os recursos sejam aplicados, por exemplo, em sistemas de saúde e no combate à mudança climática”, apontou a parlamentar.
As colocações de Sanders e Omar refletem a posição brasileira de que uma tributação dos super-ricos em âmbito internacional deve servir para o financiamento do combate à desigualdade e à crise climática.
O ministro Fernando Haddad destacou que o encontro permitiu o aprofundamento do debate a respeito da criação de um sistema tributário internacional. “Os impostos corporativos têm de ser internacionais. O pilar dois da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] já prevê isso, mas está sendo implementado com uma alíquota muito baixa. A proposta brasileira é que essa alíquota chegue a 20%”, afirmou o ministro da Fazenda. Ele explicou que, com essa diferença, seria possível estabelecer um fundo, a ser complementado com a taxação da riqueza dos super-ricos.
Conforme apontou o ministro, a combinação dessas duas propostas possibilitaria a criação de um fundo global com US$ 500 bilhões. “O que realmente traria uma situação de mais esperança para o mundo. Esses recursos seriam canalizados para projetos socioambientais, com o objetivo de combater dois grandes problemas que estão associados: a pobreza e a mudança climática”, completou Haddad.