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Financiamento climático em moedas locais e para ODS nas cidades são destaques em evento paralelo do GT de Finanças Sustentáveis
Convidados discutiram soluções e iniciativas que transformem a paisagem urbana a partir de modelos de sustentabilidade e resiliência
O Grupo de Trabalho de Finanças Sustentáveis (SFWG, na sigla em inglês) do G20 realizou nesta quarta-feira (3/4) dois eventos paralelos em Brasília (DF). Um dia após o encerramento das reuniões do GT, especialistas e representantes de instituições nacionais e internacionais discutiram soluções para alavancar iniciativas que incluam o financiamento privado e a importância de adotar financiamento em moedas locais, uma vez que o custo de capital tende a ser mais alto para economias emergentes.Pela manhã, os presentes puderam acompanhar debates sobre financiamento para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas cidades.
Lívia Oliveira, coordenadora-geral de Finanças Sustentáveis do Ministério da Fazenda, abriu os trabalhos apontando que os esforços internacionais em relação ao tema do financiamento dos ODS devem ser intensificados para que seja possível alcançar as demandas atuais. Além disso, ela destacou que a discussão era uma continuidade daquelas promovidas pela presidência indiana do G20.
“O Brasil está comprometido a avançar na discussão deste tema. A demanda global para infraestrutura urbana supera 4 trilhões de dólares. Temos de transformar a paisagem urbana para que tenhamos modelos de sustentabilidade e resiliência”, avaliou.
A perspectiva que a presidência brasileira tem endossado, acrescentou Oliveira, busca a justiça social como parâmetro. “Devemos construir um futuro no qual as cidades não sejam apenas centros econômicos e culturais, mas polos de sustentabilidade e inclusão”, ressaltou.
A necessidade de que os investimentos levem em conta o combate às disparidades foi endossado por Katia Fenyves, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A especialista em mudanças climáticas e sustentabilidade defendeu “criatividade, flexibilidade e organicidade” na busca por soluções, destacando a conexão entre a emergência climática e a temática urbana.
“Temos que reconhecer que os dois elementos estão intimamente ligados e isso demanda uma abordagem holística. Em nossa busca por financiamento, precisamos assegurar que os recursos cheguem àqueles que mais precisam, os que mais sofrem os efeitos da crise climática”, defendeu.
Moeda local
Pela tarde, as apresentações se dividiram em dois painéis e versaram sobre financiamento climático em moedas locais. Atualmente, uma parte considerável do dinheiro obtido por países via fundos climáticos multilaterais se dá em moeda estrangeira. Isso impacta, principalmente, os termos de negociação de países de baixa renda, consequência das questões cambiais.
"São questões importantes e desafiadoras. Temos o potencial de aprender muito durante a presidência do Brasil, disse o moderador do primeiro painel, Adam Wang-Levine, deputy assistant secretary do Departamento do Tesouro estadunidense.
Josué Tanaka, pesquisador no Grantham Research Institute da LSE e moderador do segundo momento da programação vespertina destacou a importância crescente do tema. “No passado, quando falávamos de financiamento climático, estávamos falando de financiamento externo. Nos últimos dois ou três anos cresceu a percepção de que o financiamento em moeda local é importante”, afirmou.
Foto: Divulgação Ascom/GM