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TRANSFORMAÇÃO ECOLÓGICA
Plano de Transformação Ecológica trará desenvolvimento econômico e social, aponta Ministério da Fazenda
O Brasil está colocando em prática um Plano de Transformação Ecológica que vai muito além dos cuidados com o meio ambiente. Um plano complexo de desenvolvimento econômico e social, com componentes muito fortes de preservação ambiental e de tecnologia. Esse posicionamento foi apresentado pelo assessor especial do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, nesta segunda-feira (4/9) na 12ª edição do Fórum Nordeste, realizado em Recife. O evento debateu desafios e oportunidades em biocombustíveis, etanol e energias limpas.
O plano brasileiro de transformação ecológica não pode ser igual ao da Europa, alertou Dubeux, ressaltando que os desafios do país são diferentes e únicos. O assessor especial realizou palestra sobre o tema “Plano de transformação ecológica: desenvolvimento inclusivo e sustentável para lidar com a crise climática”.
A apresentação de Dubeux divulgou informações sobre a situação do clima no planeta, os motivos pelos quais o Brasil precisa de um plano para a transformação ecológica e detalhes do projeto que começa a ser estruturado e colocado em prática. Ele explicou que pela emissão mundial de gases de efeito estufa já realizada até agora, é certo que haverá aumento de temperatura, em escala global.
“O desafio para o planeta não é diminuir a quantidade de gases de efeito estufa, é parar de aumentar”, afirmou, lembrando que o aumento de temperatura leva a fenômenos climáticos extremos — mais secas e mais inundações — que afetam a agricultura, as populações, a produção em geral. Diante desse cenário, torna-se essencial a mudança no padrão produtivo e, por isso, a importância do plano de transformação ecológica.
Dubeaux apontou que, diante do desafio de reduzir a emissão de gases de efeito estufa, as fontes alternativas de geração de energia (como eólica e solar) ganharam importância e estão recebendo mais investimentos que as fontes tradicionais (óleo e gás). E o Brasil tem posição única, alertou o assessor especial. “O Nordeste tem potencial imenso para energia eólica e solar e isso deve ser instrumento de desenvolvimento regional”, afirmou.
“O mundo inteiro está em redirecionamento para a economia verde, mudanças já estão sendo feitas. O Brasil não pode ficar como ator passivo para depois simplesmente comprar tecnologias, bens e serviços de outros países”, disse o assessor especial. Ele destacou que o país conta com um ativo extraordinário: mão de obra qualificada e produção científica robusta, em patamar semelhante à Coreia do Sul. Conforme apontou Dubeux, o Brasil tem o desafio de transformar tudo isso em produtos e serviços novos, focados na economia verde.
Ao reforçar que o plano brasileiro de transição ecológica precisa ir além da preservação do meio ambiente, promovendo também efeitos positivos de aspecto social e de desenvolvimento, o porta-voz falou sobre a estratégia de preservação da Amazônia, reduzindo o desmatamento. Segundo apontou, o Brasil precisa de uma solução econômica para que as pessoas que vivem na floresta tenham perspectiva de renda e de ascensão social com as matas preservadas e o uso da biotecnologia. O assessor também apontou oportunidades que o Brasil tem na produção de diesel verde (que é diferente do biodiesel e pode ser utilizado de forma pura, sem a necessidade de ser misturado ao diesel comum) e na área de hidrogênio verde.
“Qual é o desafio que está colocado para o Brasil em energia eólica, solar, diesel verde, hidrogênio verde? É não repetir mais um ciclo de país exportador de commodities. Para conseguirmos ir além de trazer um painel solar importado, um eletrolisador importado, pegar o hidrogênio e embarcar em um navio importado para que ele transporte o hidrogênio”, disse Dubeux. Ele defendeu uma política para essa nova matriz que assegure que pelo menos parte dos equipamentos, incluindo os navios, seja produzida no Brasil, além de que a energia verde seja utilizada para a produção doméstica de produtos sustentavelmente corretos, com maior valor agregado. Ele destacou também a importância do programa brasileiro de produção de etanol, nas soluções verdes que atualmente estão sendo exigidas pelo mercado mundial.
Antes de falar sobre os desafios do plano de transição ecológica, Rafael Dubeux destacou a melhora da economia nacional ao longo dos últimos meses. No início do ano, relembrou, a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 era de 0,7%, no início do ano. “Na sexta-feira saíram os dados mais recentes do IBGE. E se a gente não crescer mais nada até o final do ano, se o PIB ficar estagnado, ainda assim teremos crescimento de 3%. A inflação está convergindo para a meta, as taxas de juros estão caindo”, ressaltou. Dubeux disse que esses bons resultados refletem mudanças estruturantes, como a aprovação do novo arcabouço fiscal e os avanços nas discussões sobre a reforma tributária.
Os mediadores do debate realizado após a apresentação de Rafael Dubeux foram o presidente da Bioenergia Brasil e da Siamig (entidade que representa 34 associados produtores de açúcar, etanol e bioeletricidade do estado de Minas Gerais), Mário Campos Filho; o diretor de transição Energética e Sustentabilidade da Câmara de Comércio Brasil/Alemanha no Rio de Janeiro, Ansgar Pinkowski; e o presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado da Paraíba (Sindalcool-PB), Edmundo Coelho Barbosa.
Confira a apresentação do assessor especial do Ministério da Fazenda Rafael Dubeux no Fórum Nordeste