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CENÁRIO
Nova grade de parâmetros macroeconômicos da SPE estima alta de 3% no PIB de 2023
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda divulgou nesta terça-feira (21/11) a edição de novembro do Boletim MacroFiscal, com nova grade de parâmetros macroeconômicos. A estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi revisada para 3,0% (ante 3,2%, no boletim de setembro). Para 2024, a projeção de alta do PIB agora é de 2,2% (frente 2,3%, no boletim anterior).
A previsão para a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou de 4,85% para 4,66% em 2023, ou seja, passa a estar dentro da meta para o ano (fixada entre 1,75% e 4,75% para 2023, com centro da meta em 3,25%). Para 2024, há estimativa de variação de 3,55% do IPCA (ante 3,40%, no boletim de setembro), índice ainda mais próximo do centro da meta, de 3%.
Também melhoraram as estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, o INPC (de 4,36%, em setembro, para 4,04%, em novembro) e para o Índice Geral de Preços — Disponibilidade Interna, o IGP-DI (de -3,00% para -3,30%). Os dados foram apresentados em coletiva de imprensa realizada no Ministério da Fazenda, em Brasília.
A SPE explica que a revisão da estimativa de crescimento do PIB para 3,0% em 2023 repercute a revisão na expectativa de crescimento para o terceiro trimestre (de 0,1%, no boletim anterior, para 0,0%), além de projeções menos otimistas para o setor de serviços até o restante do ano. Em contrapartida, há perspectiva de aceleração no ritmo da atividade no quarto trimestre, motivada pelo crescimento de alguns subsetores menos sensíveis ao ciclo e pela resiliência do consumo das famílias, em função do aumento da massa de renda real do trabalho e das melhores condições no mercado de crédito.
Já a revisão de crescimento do PIB de 2024 de 2,3% para 2,2% reflete o aumento das incertezas no ambiente externo, tanto do ponto de vista da política monetária dos países centrais, quanto da possibilidade de agravamento nos conflitos geopolíticos globais. A SPE aponta que a composição do crescimento brasileiro no próximo ano deverá ser bastante distinta da de 2023, com maior contribuição da absorção doméstica e de setores com maior participação na arrecadação.
Projeções |
2023 |
2024 |
PIB real |
3,0% |
2,2% |
PIB nominal |
R$ 10,7 bilhões |
R$ 11,4 bilhões |
IPCA acumulado |
4,66% |
3,55% |
INPC acumulado |
4,04% |
3,25% |
IGP-DI acumulado |
-3,30% |
4,00% |
O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, apresentou análises sobre os cenários internos e externo. “A conjuntura Internacional segue complexa. Temos tanto conflitos geopolíticos em andamento quanto incertezas acerca da trajetória de crescimento e inflação das economias centrais”, apontou Mello. Mas ele advertiu que, mesmo nesse cenário, o Brasil tem superado o atual momento de turbulência com alto grau de resiliência.
“Em geral, o Brasil foi menos afetado pelas incertezas no ambiente internacional que vários de seus pares. Figura como um dos países mais resilientes a essas turbulências externas”, afirmou Mello, ao explicar que isso foi possível porque o país está conseguindo dar andamento ao ritmo de crescimento econômico bastante razoável ao mesmo tempo que observa queda da inflação para dentro da meta.
Mello citou ainda ganhos na bolsa de valores, queda na curva de juros e nos prêmios de risco, além de volatilidade cambial bastante modesta na comparação com outros países. Segundo o secretário, esses resultados refletem os ajustes recentes realizados na economia, que geraram confiança no país e resultaram em maior estabilidade nos indicadores macroeconômicos.
As recentes melhoras no mercado de crédito doméstico foram relatadas pelo secretário, que destacou a importância do programa Desenrola Brasil para tal resultado. Ele explicou que, ao reduzir as taxas de inadimplência entre as pessoas físicas, consequentemente o programa diminui o comprometimento de renda das famílias com o pagamento de dívidas, potencializando o consumo interno. A equipe da SPE ressaltou também a manutenção da geração de empregos e de alta na massa salarial nos últimos meses.
Detalhamento
No ano, o menor crescimento esperado para o setor de serviços foi parcialmente compensado por um aumento na projeção de crescimento para a indústria. Para o setor agropecuário, a projeção de crescimento em 2023 permaneceu em 14,0%. Para a indústria, o crescimento esperado avançou de 1,5% para 1,9%. Para serviços, a projeção recuou de 2,5% para 2,2%.
A subsecretária de Política Macroeconômica, Raquel Nadal, apresentou análises sobre os indicadores econômicos para os dois últimos trimestres do ano. A estimativa de crescimento do terceiro trimestre foi revista pela SPE de 0,1% para 0,0%, na margem, explicou. “Em geral, esses indicadores apontaram por uma desaceleração acentuada da atividade na passagem do segundo para o terceiro trimestre, conforme já esperávamos desde o último boletim. Para o quarto trimestre, essa perspectiva se reverte”, afirmou.
Raquel Nadal reforçou a importância do programa Desenrola para a retomada do mercado de crédito. “Mais de 64% do total das dívidas negociadas foram pagas à vista até outubro, o que reduziu a inadimplência e o comprometimento de renda das famílias. Por isso, as concessões de crédito para pessoas físicas, que já voltaram a subir no terceiro trimestre, devem seguir em expansão”, apontou. Ela explicou que esse fôlego, impulsionado pela alta da massa de rendimentos e queda da inflação, deve estimular o consumo das famílias no quarto trimestre.
Prisma Fiscal
A SPE também apresentou o Prisma Fiscal de novembro, que apura expectativas de mercado em relação às principais variáveis fiscais brasileiras. No Prisma Fiscal de novembro, a projeção mediana para o déficit primário aumentou em relação à coleta anterior, mas ainda se manteve inferior à mediana das expectativas em janeiro.
De agosto a outubro, a mediana das projeções para o déficit primário de 2023 se manteve em torno de R$ 107 bilhões em média, avançando para cerca de R$ 113,5 bilhões em novembro. Em janeiro, no entanto, a estimativa era de cerca de R$ 126 bilhões. A melhora da perspectiva desde o início do ano reflete os diversos pacotes fiscais e econômicos entregues até o momento, além da expansão nas projeções para o crescimento.
A subsecretária de Política Fiscal, Débora Freire, destacou que houve pequena deterioração das expectativas de mercado em relação ao resultado primário, entre outubro e novembro. “Mas é importante comparar com as expectativas que tínhamos em janeiro, quando este governo começou, e as expectativas atuais”, advertiu. Entre janeiro e novembro de 2023, a previsão de déficit primário para o ano passou de R$ 125,99 bilhões para R$ 113,51 bilhões, apresentando queda de 9,9% entre as duas coletas. Essa estimativa reflete estabilidade da expectativa em relação às despesas totais ao longo do ano e melhora na expectativa de receita líquida. Com a expectativa do mercado para o PIB de 2023 em R$ 10,69 trilhões, a projeção mediana é de que o déficit primário no ano corresponda a 1,06% do PIB.
A SPE mostrou também que houve melhora na estimativa de Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) em relação ao PIB, com consecutivas projeções de queda deste indicador. Em janeiro de 2023, o mercado esperava que a DBGG do ano corresponderia a 79,1% do PIB. Já em novembro, a projeção caiu para 75,8%.
Assista à coletiva de apresentação do Boletim Macrofiscal - Novembro de 2023