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TRANSFORMAÇÃO ECOLÓGICA
Transição ecológica e reindustrialização verde são prioridades para o governo, ressalta secretária da Fazenda
A secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, ressaltou nesta segunda-feira (27/3) em Pequim, capital da China, que a transição ecológica e a reindustrialização verde são prioridades para o governo brasileiro. Ela participou da abertura do seminário Diálogo Brasil-China sobre Desenvolvimento Sustentável, realizado pelo Center for China and Globalization (CCG) e pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
“A transição ecológica e a reindustrialização verde são elementos fundamentais para o novo governo brasileiro e para a agenda de cooperação internacional do Brasil”, disse a secretária. “Sabemos também que as finanças verdes e sustentáveis desempenham papel importante para a concretização das transformações econômicas envolvidas”, acrescentou.
A transição ecológica e a reindustrialização verde são elementos fundamentais para o novo governo e para a agenda de cooperação internacional do Brasil
Tatiana Rosito
Tatiana Rosito destacou que a China já implementou e segue desenvolvendo políticas essenciais nessa área. E exemplificou com as taxonomias, mercado de carbono no setor elétrico e a utilização de um menu de taxas e de incentivos. “Muitos desses são instrumentos em análise e desenvolvimento pelo governo e a sociedade brasileira”, disse a secretária. “O Brasil tem interesse em acompanhar e trocar ideias com a China na área de finanças verdes e sustentáveis”.
Essa troca – pontuou Rosito – já ocorre nos mercados financeiros, em think thanks, “mas também na esfera multilateral, na trilha financeira do G20, que o Brasil presidirá a partir de dezembro de 2023 e ao longo de 2024”. A secretária disse que o governo brasileiro pretende avançar ainda mais nesse intercâmbio sobre políticas e instrumentos, um dos elementos presentes no Memorando de Entendimento entre os Ministérios da Fazenda do Brasil e das Finanças da China que deverá ser assinado em breve pelos dois ministros.
Bônus verdes
A secretária informou que o Brasil planeja lançar ainda em 2023 os primeiros bônus verdes ou sustentáveis soberanos, com base em moldura que deve ser anunciada pelo Tesouro brasileiro ainda no primeiro semestre, com foco em investimentos sociais e ambientais.
Ao salientar o potencial de cooperação entre economias “megabiodiversas como Brasil e China”, Tatiana Rosito enfatizou que a matriz energética brasileira é uma das mais limpas do mundo e que o país é detentor de minerais estratégicos, de importantes reservas de água e de biodiversidade que lhe permitem, “com base em programas e planos sólidos nas diversas áreas, realizar uma transição ecológica combinada à reindustrialização, à criação de empregos e à inclusão social”.
Segundo a secretária, as melhorias logísticas e de infraestrutura são componentes centrais dessa nova fase de desenvolvimento, havendo, nesse contexto, expressivo espaço para a ampliação da cooperação entre o Brasil e a China.
“Como atores fundamentais no comércio internacional de produtos do agronegócio e minerais, Brasil e China também podem aprofundar sua parceria para dar exemplos de novas atividades e regulamentações que promovam investimentos sustentáveis e combatam o protecionismo ambiental”, disse a secretária.
Parcerias
Tatiana Rosito lembrou que a China foi pioneira no uso de instrumentos e em investimentos para gerar transformações econômicas e tecnológicas com sólida base industrial. Mais recentemente – prosseguiu a secretária –, importantes arcabouços de política industrial e tecnológica foram lançados também pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
“O Brasil busca atualizar suas políticas e regulações para fazer parte das transformações das cadeias de produção em temas como hidrogênio verde, bioeconomia, veículos elétricos, renováveis, semicondutores, entre outras tecnologias”, afirmou. “Nesse sentido, esperamos que as parcerias com empresas chinesas possam facilitar a participação brasileira no maciço fluxo de investimentos na produção industrial e no desenvolvimento sustentável que ocorre no mundo”, completou.
Participaram da cerimônia de abertura do seminário, representando o governo chinês, a secretária-geral do CCG e do programa Global Young Leaders Dialogue (GYLD), Mabel Lu Miao, e o diretor-geral do Department of American and Oceanic Affairs, Shen Xin. Representaram o governo brasileiro o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e a assessora especial de Relações Internacionais da Presidência da República, Adriana Erthal Abdenur, além da secretária Tatiana Rosito. O embaixador Marcos Caramuru de Paiva, membro do Comitê Executivo do Cebri, também compôs a mesa da solenidade de abertura.