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CENÁRIO ECONÔMICO
Nota da SPE aponta que retração da atividade no 4º trimestre afetou desempenho do PIB em 2022
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2,9% no ano passado, anunciado nesta quinta-feira (2/3), representa desaceleração no ritmo de recuperação econômica em relação ao crescimento de 5,0% em 2021, principalmente pela contração no último trimestre. Mas há vetores positivos para o crescimento nos próximos meses, aponta a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda.
A Nota informativa Resultado do PIB do 4T22 — Redução da Atividade no Trimestre elenca elementos que podem impulsionar a economia: produção recorde de grãos projetada para a safra em 2023; resiliência do mercado de trabalho; reajuste real do salário mínimo; e elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).
O crescimento do PIB em 2,9% em 2022, fechando o ano em R$ 9,9 trilhões, foi anunciado nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Houve crescimentos em Serviços (4,2%) e na Indústria (1,6%) e queda na Agropecuária (-1,7%).
A SPE alerta, entretanto, que houve perda de vigor da economia ao longo do ano, com forte recuo do nível de atividade no final de 2022. “No quarto trimestre de 2022, o PIB registrou queda de 0,2% na margem e desaceleração de 3,6% para 1,9% na comparação com mesmo trimestre do ano anterior. Com esse resultado, o PIB de 2022 variou 2,9%, arrefecendo em relação à alta de 5,0% em 2021”, cita a Nota Informativa.
Retração era esperada
Segundo o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, “a desaceleração do crescimento ao longo do ano e a retração no último trimestre de 2022 já era esperada devido ao cenário internacional de retração da liquidez e ao ciclo contracionista da política monetária no Brasil”. Em valores correntes, o PIB alcançou R$ 2,58 trilhões no quarto trimestre, acumulando R$ 9,92 trilhões no ano, com consequente carregamento estatístico para 2023 de 0,2%, informa a SPE.
“Na comparação com o último trimestre de 2021 e no ano, não houve aceleração no ritmo de atividade em nenhum dos setores produtivo”, cita a Nota Informativa. A atividade agropecuária registrou recuos significativos nessas duas bases de comparação. A Indústria desacelerou de maneira relevante, repercutindo o ciclo contracionista da política monetária e a dinâmica do mercado de crédito, dentre outros fatores. Em Serviços, também houve desaceleração, porém menos acentuada devido aos estímulos na demanda que impactam diretamente o setor, informa a SPE.
Dentre os países do G-20 que já divulgaram o resultado do PIB do quarto trimestre, o Brasil apresenta o segundo pior desempenho na comparação trimestral. Já na comparação interanual, o Brasil ocupou a sexta posição (atrás de Arábia Saudita, Indonésia, México, China e Canadá).
A Nota informativa alerta também para elementos que podem prejudicar o desempenho da atividade nacional em 2023. Os riscos envolvem o aumento da rigidez da política monetária a nível mundial, reduzindo o ritmo de crescimento da economia global e, consequentemente, a contribuição do setor externo para a atividade doméstica; além da piora das condições de crédito bancário e não-bancário decorrentes das altas taxas de juros domésticas, dificultando a rolagem de dívidas e o acesso a capital de giro pelas empresas.