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SEMANA DA MULHER 2023
Combate às desigualdades e à violência são temas destacados nas ações comemorativas ao Dia Internacional da Mulher
A mentora de mulheres, palestrante e fundadora do Projeto Mulheres Ativadas, Rowânia Araújo, começou sua palestra “Os Pilares da Autoestima – O milagre da decisão” nesta quarta-feira (8/3) dirigindo às participantes as seguintes perguntas: Qual é o seu maior sonho pessoal? O que está te impedindo de realizar esse sonho? Você tem medo de realizá-lo? Para ela, o maior medo de nós, seres humanos, é o medo do sucesso. “Não imaginamos que somos capazes de voar alto. Devemos colocar toda a nossa energia no que queremos, sonhamos e desejamos”, afirmou.
Garantia de direitos
As homenagens às mulheres seguiram na cerimônia de comemoração do Dia Internacional da Mulher, realizada no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, pontuou que depois de seis anos, o dia 8 de março voltou a ser celebrado. “As ações a serem anunciadas são resultado de um enorme esforço coletivo para que políticas públicas sejam implementadas no sentido de promover a saúde integral das mulheres, sua segurança e os seus direitos garantidos em todos os espaços”. Cida Gonçalves enfatizou a urgência do enfrentamento ao feminicídio e à misoginia e o papel do poder público no combate às violências contra a mulher: “Essa é uma pauta levada muito a sério pelo presidente Lula e este é um governo que respeita as mulheres”.
As ações a serem anunciadas são resultado de um enorme esforço coletivo para que políticas públicas sejam implementadas no sentido de promover a saúde integral das mulheres, sua segurança e os seus direitos garantidos em todos os espaços”, Cida Gonçalves
O presidente Lula destacou que houve um tempo em que o 8 de março era comemorado com distribuição de flores, enquanto os outros 364 dias eram marcados pelo machismo e violência contra a mulher. “Hoje estamos comemorando essa data com o respeito que as mulheres exigem, em todos os espaços que elas queiram ocupar. Respeito que lutamos para construir quando governamos esse país. Finalmente, o governo voltou para combater a discriminação, o assédio, os estupros, o feminicídio e todas as formas de violência contra as mulheres”, declarou.
“Quando permitimos que uma mulher ganhe menos do que o homem realizando a mesma função estamos perpetuando uma violência histórica contra as mulheres. Quando deixamos de construir creches para que as mães deixem seus filhos com segurança para irem trabalhar, estamos fechando os olhos para a violência contra as mulheres. Quando aceitamos que uma única mulher seja obrigada a enfrentar a fila do osso para alimentar a sua família, estamos reafirmando a violência contra as mulheres. São muitas as formas de violência e é dever do Estado e da sociedade enfrentar cada uma delas”, finalizou o presidente da República.
Confira as ações anunciadas pelo governo federal por ocasião do Dia Internacional da Mulher
Interseccionalidades, autoestima e imagem pessoal
“Falar sobre discriminação de gênero e de raça é quase falar da história da minha vida. Demorei muito tempo para entender e colocar em palavras tudo o que eu vivenciei. Discriminação só existe dentro das relações sociais e elas nos cercam em todos os lugares, na escola, na família, no trabalho. Naturalmente todas essas instituições reproduzem os padrões sociais discriminatórios”. Assim a procuradora da Fazenda Nacional e assessora especial do ministro da Fazenda, Fernanda Santiago, deu início à sua fala na palestra “Interseccionalidades, autoestima e imagem pessoal”.
Ela apontou que sua preocupação maior diz respeito às discriminações invisíveis, chamadas de estruturais, porque fazem tão parte da sociedade que não são consideradas um evento único. “O que me preocupa é naturalizar o fato de que a mulher negra não tem capacidade para fazer determinadas coisas. Nos negam a educação, depois negam o acesso ao trabalho, depois que conseguimos entrar no trabalho, negam a ascensão lá dentro, fica nesse ciclo sem fim e dizem que não temos capacidade e nem currículo. A gente sabe que somos capazes”, ressaltou.
Para Fernanda, é necessário estimular esse tipo de debate nas instituições, pois, somente a partir disso, será possível identificar padrões discriminatórios. “Demorei muito tempo a me enxergar como gente porque a discriminação retira os direitos das pessoas e isso atrapalhou meu desenvolvimento intelectual, profissional e isso é muito forte; a gente perceber como temos poucos instrumentos para validar o que a discriminação causa na gente e na nossa autoestima”.
“Imagem pessoal para mim hoje é olhar para mim e saber quem eu sou e o que eu quero, o que eu quero para o mundo, o que eu quero para o país, o que eu quero para todos os lugares, Fernanda Santiago
Fernanda Santiago salientou que quando pensa em imagem pessoal, pensa na consciência que as mulheres podem adquirir juntas e compartilhar entre si, em como se empoderar e contribuir para a inclusão. “Imagem pessoal para mim hoje é olhar para mim e saber quem eu sou e o que eu quero, o que eu quero para o mundo, o que eu quero para o país, o que eu quero para todos os lugares. Para a minha família, meu ambiente de amizade, o que eu quero no meu trabalho. Para mim, o empoderamento feminino necessariamente passa por isso, ter esse autoconhecimento e conseguir ter um propósito por conta desse autoconhecimento e a partir disso, conseguir influenciar os ambientes pelos quais a gente venha a passar”, concluiu.
A mulher no Orçamento
A Analista de Planejamento e Orçamento, Clara Marinho, tratou do tema “A Mulher no Orçamento: o relato de uma experiência técnica e pessoal” em sua palestra e esclareceu que, no universo de servidores públicos que trabalham diretamente nas áreas do Orçamento, o quantitativo de mulheres ainda é muito pequeno, já que o público feminino geralmente se volta às áreas do cuidado. “A desigualdade de gênero está presente no campo das finanças públicas desde a entrada das mulheres na carreira até a fatia do orçamento destinada ao público feminino”, analisou.
A desigualdade de gênero está presente no campo das finanças públicas desde a entrada das mulheres na carreira até a fatia do orçamento destinada ao público feminino”, Clara Marinho
Segundo ela, um dispositivo na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021 determinou a elaboração de relatório da execução orçamentária do Orçamento Mulher e a LDO 2023 mantém a previsão de elaboração de relatório para apuração de gastos com mulheres, que demonstre a relação dos gastos da União com a melhoria da condição de vida das mulheres.
Ao longo da elaboração desses documentos, Clara Marinho e a equipe do ministério se depararam com alguns aspectos sobre como o orçamento público se relaciona com gênero e raça; como o orçamento pode ser um instrumento de performance e informar a população sobre a materialidade das políticas públicas; como a mulher lá na ponta sente e enxerga as melhorias em suas vidas por conta do orçamento voltado às políticas públicas para o gênero feminino; e sobre a construção de um entendimento da dinâmica das desigualdades com as mulheres. “Os relatórios são ancorados na democracia brasileira, e mostram onde queremos estar e o que precisamos fazer para chegar lá”, analisou.